Maracatus rurais (ou de baque solto) fazem a festa no Marco Zero, nessa terça-feira: despedida

Durante todos os dias do ano, eles vivem entre os canaviais da Zona da Mata de Pernambuco. Grande parte como trabalhadores rurais, cortando cana. Nas horas vagas, fazem ensaios e se dedicam a bordar as golas brilhantes de suas fantasias, marcadas pelo colorido e brilho das lantejoulas. Exclusivo de Pernambuco e tendo seus lanceiros – ou caboclos de lança – como figuras icônicas da cultura popular do Estado, o maracatu rural tem hoje seu grande dia no Marco Zero, principal foco da folia recifense, e que fica no Bairro do Recife, área tradicional da cidade.

Na segunda-feira, foi o dia deles no município de Nazaré da Mata, onde os grupos fazem cortejo pelas ruas da cidade, localizada a 65 quilômetros do Recife. Nazaré é considerada a capital do maracatu rural, e tem até parque em homenagem ao folguedo popular. Na segunda-feira, a Governadora Raquel Lyra (PSDB) e seus assessores e aliados marcaram presença no desfile dos grupos. Calcula-se que pernambuco possui mais de 115 maracatus rurais, tradição que vem sendo repassada às gerações mais novas. E até mesmo às mulheres, que vêm ocupando espaço antes ocupado no lugar dos lanceiros, papel antes só desempenhado pelos homens.

Nessa terça, dentro da programação Recife Matriz da Cultura Popular, os maracatus rurais ocupam a Praça do Marco Zero a partir das 16h, onde os lanceiros farão evoluções com suas lanças com fitas, agitam os chocalhos enquanto dançam e mostram o encanto e o brilho de uma manifestação da cultura popular que é exclusiva de Pernambuco. Muito bom, principalmente para turista ver. Mas a festa da última noite de carnaval não se limita aos lanceiros do maracatu rural. É que após o desfile de maracatus de baque solto, várias atrações se alternam no palco do Marco Zero.

E vem mais cultura popular por aí. Homenageada no carnaval do Recife, de Pernambuco e enredo de duas escolas de samba em 2024 (uma no Rio de Janeiro e outra em São Paulo), a cirandeira Lia assume o comando da festa às 19h. Ela se apresenta ao lado de vários convidados: Filhas de Baracho, Nega Duda, Daúde, Isaar e Dona Totinha. Depois, Samuel Rosa assume o palco às 20h40, passando o bastão para Lenine e Spok, às 22h20. Na virada da noite, 00h, Alceu Valença comanda a festa, com a energia de sempre. Com clássicos consagrados, Elba Ramalho sobe ao palco às 01h40. E para quem insiste em não querer se despedir, o Orquestrão toma a dianteira a partir das 03h20. O orquestrão é uma tradição de encerramento do carnaval do Recife, quando os músicos que trabalharam durante o carnaval realizam um cortejo movido aos metais do frevo pelas ruas do Recife Antigo.

Serviço
Programação do Marco Zero na terça-feira (13/02)
16h – Recife Matriz da Cultura Popular, com encontro de nações de Maracatu de Baque Solto
19h – Lia de Itamaracá com participação de Filhas de Baracho, Nega Duda, Daúde, Isaar e Dona Totinha
20h40 – Samuel Rosa
22h20 – Lenine e Spok
00h – Alceu Valença
01h40 – Elba Ramalho
03h20 – Orquestrão

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Hesíodo Gomes / Divulgação / Secom

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