Segunda-feira de chuva e sem o romantismo dos blocos líricos. Só saudade

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Normalmente, a segunda-feira de carnaval é um dia muito especial no Recife, principalmente para aqueles que gostam de curtir a festa como antigamente. É que à tarde, sempre acontece o Encontro de Blocos Líricos, os quais enchem o Bairro do Recife de encanto e nostalgia. Com a pandemia, nada acontecerá. Mas não custa nada lembrar que hoje seria dia de muito romantismo. E também nunca é demais refrescar a memória contando a origem dessas agremiações, que tanto emocionam velhos e até novos foliões.

Muita gente não sabe disso. Mas os blocos líricos tiveram início nas festas religiosas de final de ano, durante as apresentações de pastoris, que ocorriam em reuniões familiares, muitas vezes em jardins, quintais e até sítios, localizados em bairros como Madalena, Torre, Poço da Panela.  Passado o ciclo natalino, as pastoras se reuniam para a queima da Lapinha, quando eram feitas fogueiras com as palhas dos presépios.  A partir dali, as pastoras já esqueciam as músicas natalinas e começavam a cantar marchinhas carnavalescas, para anunciar a chegada de um outro ciclo de festas populares. No Recife, a tradição da queima da Lapinha ainda ocorre no dia 6 de janeiro, Dia de Reis, que encerra o ciclo natalino, cerimônia que ocorre com a presença de pastoris que cedem lugar aos blocos de pau e corda.

Blocos líricos despertam emoção em adultos e crianças, como o centenário Bloco das Flores, lindo, lindo, lindo!

Em 2021, a cerimônia foi virtual, devido à pandemia. E também não houve carnaval. Como todas as agremiações carnavalescas, os blocos líricos recolheram suas fantasias, brilhos, plumas e instrumentos como cavaquinho, violão e bandolins.  Vamos torcer, no entanto, que em 2022 eles retornem com sua magia e seus flabelos, fazendo evoluções nas nossas ruas. Geralmente, uma semana antes da festa, esses blocos de orquestra de pau e corda fazem uma concentração na Rua da Aurora, na chamada Aurora dos Carnavais, onde flabelos e flabelistas chegam de barco pelo Rio Capibaribe. O encontro ocorre no último domingo antes do carnaval.

Na segunda, ganham as ruas do Recife, fazendo uma linda festa. Eu, por exemplo, costumo ir à concentração do Bloco da Saudade, na Praça Maciel Pinheiro, para seguir o cortejo até o Bairro do Recife, onde já  há outros blocos desfilando.  Só que no meio do caminho, a gente termina sempre cruzando com Amantes de Glória, e aí acontece uma debandada entre os foliões. Depois, todo mundo sai correndo de volta, para seguir as orquestras dos blocos líricos. Alguns deles: Flor da Lira, Cordas e Retalhos, um Bloco em Poesia, Confete e Serpentina, Pierrot de São José, Bloco das Ilusões Bloco das Flores, Flor de Eucalipto, Flabelo Encantado, Flabelo do Amor, Damas e Valetes, Sempre Feliz, Batutas de São José, Com você no coração, Boêmios da Boa Vista, Eu quero mais, entre outros. Em 2021, com o carnaval da pandemia, ninguém pode brincar. Mas anotem esses nomes. E em 2022, escolha algum das agremiações  de pau e corda para dançar ao som de frevos de bloco e marchinhas.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos e vídeo: Letícia Lins / Acervo #OxeRecife e redes sociais

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