Gestão de águas: “parque alagável” (de João Campos) e “PlusGo”(de Raquel)

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No final de semana, tivemos duas iniciativas de destaque, quanto ao destino e utilização de água da chuva em Pernambuco. E nós muito precisamos delas. Não é segredo para ninguém que o Recife é muito desprotegido quanto a qualquer chuvisco e à ação das marés altas, assim como despreparado para os efeitos das mudanças climáticas. Afinal, a cidade está entre as 16 mais vulneráveis do mundo quanto às consequências do aquecimento global. Também não é novidade para ninguém que o desperdício de água é grande. Há pesquisas que mostram que Pernambuco perde por dia 1,25 bilhão de litros de água potável.  Pelo visto, não aproveita bem o que tem, e também não armazena como deveria a que vem da chuva.

Chove muito, mas ninguém armazena nada. Tem mais. Todo mundo sabe que torneira seca é um problema crônico em comunidades, bairros e até em algumas cidades pernambucanas. Moral da história: todas as iniciativas para reduzir os efeitos do excesso de água (inundações, marés cheias, temporais)  ou escassez são válidas. Válidas são, pois, as ações para aproveitar a água que a natureza generosamente nos dá e que termina se perdendo por evaporação ou falta de armazenamento. No Sertão, a realidade mudou muito depois que foi desencadeado o programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) cujo objetivo é armazenar água da chuva para as populações da caatinga, evitando que morram de sede nas estiagens. No Recife, vamos ver como se comporta a implantação de sistemas inovadores por parte do governo estadual e da Prefeitura.

Na sexta-feira, o Prefeito João Campos (PSB) entregou o primeiro parque alagável da cidade (foto abaixo),  com o objetivo de mitigar os problemas provocados com alagamentos do Rio Tejipió. No mesmo dia, a Governadora Raquel Lyra (PSDB, na foto acima) assinou ordem de serviço para instalar  sistema inovador de armazenamento de água de chuva, no Jardim Monte Verde, que fica no vizinho município de Jaboatão dos Guararapes. O local ficou marcado por grande tragédia de 2022, quando 21 pessoas morreram soterradas devido  a desabamentos provocados por temporal no Grande Recife. O objetivo é a segurança hídrica da comunidade, assim como evitar tanta pressão da água da chuva nas encostas, prevenindo deslizamentos de barreiras.

Parque alagável inaugurado por Campos é o primeiro de Pernambuco, mas já é usado em outros estados, como a Bahia

A ação anunciada por Raquel permitirá a instalação de 400 sistemas de captação e retenção de água pluvial, com investimento de mais de R$ 6 milhões. “Se naquele ano tivéssemos esse sistema, mesmo sem obra de encosta não teria havido tantas mortes aqui”, diz a Secretária de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Estado, Simone Nunes. A chamada tecnologia PlusGo é um sistema de armazenamento da água da chuva, que foi  desenvolvido na Universidade Federal de Pernambuco.  E é a primeira vez que é contratado pelo poder público.

“Estamos garantindo a instalação do sistema que faz a captação de água de chuva, beneficiando 400 famílias aqui nessa região, o que vai permitir que o solo não seja tão encharcado quando as chuvas chegarem”, afirma Raquel Lyra. As intervenções em Jardim Monte Verde, no entanto, ainda estão em andamento e incluem uma série de outras iniciativas na área de segurança hídrica, habitação e contenção de encostas. Ao todo, já foram investidos R$ 53 milhões, e as obras estão com 32 por cento de execução. Mas o PlusGo começa a ser implantado agora.

Tanto o Prefeito quanto a Governadora estão de parabéns por confiarem em tecnologias inovadoras que podem ajudar a mitigar os efeitos provocados pelas chuvas na nossa cidade tão anfíbia. São ações cada vez mais necessárias, até porque estamos cansados de ver como tem crescido a gravidade de eventos extremos devido às mudanças climáticas. Então, a Região Metropolitana do Recife precisa de jardins filtrantes, parques alagáveis, sistemas de  captação de águas das chuvas e outras intervenções Mas precisa, também, que nossos gestores cuidem mais dos nossos rios alargando suas calhas, evitando o assoreamentos (provocado por despejo de esgoto doméstico e destruição de suas matas ciliares) e impedindo ocupações irregulares (feitas, aliás, por todas as classes sociais) e até mesmo por grandes empresas, com a cobertura dos órgãos oficiais.

No Sertão nordestino onde o clima é árido, população aprendeu a guardar água da chuva em cisternas. Mas no Recife….

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: PCR / Secom PE e acervo #OxeRecife

 

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3 comments

  1. Endosso as suas palavras, Carlos Alberto, bem como as da jornalista, governadora e prefeito de parabéns. A população, principalmente a que vive em área de risco, agora estará mais protegida por ocasião das chuvas.

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