Dia de transtorno, no Recife. Chuva que não acabava mais durante a madrugada e início da manhã, o que levou o Centro de Operações do Recife (COP) a entrar em estado de alerta. Com o registro de 75,85 milímetros de índice pluviométrico em apenas seis horas (23,06 por cento do esperado para o mês de maio) e a maré alta (2 metros) às 6h30, a situação ficou o caos. Normalmente no mês de maio, a média histórica é de 328, 90 milímetros.
A coincidência da chuva com o pico da maré terminou por agravar os alagamentos, deixando intransitáveis trechos de avenidas que estão entre as mais movimentadas da capital e que são estratégicas para a mobilidade, como a Recife, a Mascarenhas de Morais (Imbiribeira), Abdias de Carvalho e Caxangá. Em alguns bairros, como Jardim São Paulo, houve transbordamento de canal (Guarulhos) e a população mal conseguia utilizar a ponte que corta o ex-riacho. Em comunidades carentes, à margem de outro canal como a Caranguejo Tabaiares – que fica entre os bairros de Afogados e Ilha do Retiro – os moradores estavam se movimentando a nado. Há muitas moradias à margem do canal que corta a comunidade. Misturou tudo: água do canal, do Rio Capibaribee excesso de chuva, ninguém sabia o que era o quê. Os limites do Canal sumiram.
No Centro, dia de sofrimento para quem precisava requerer visto no Consulado dos Estados Unidos. A rua onde está a representação diplomática (Gonçalves Maia, no bairro da Boa Vista) ficou totalmente alagada, porém o Consulado não tomou nenhuma providência para minorar o desconforto, pois as pessoas ficaram na fila sob a chuva, com os pés na lama. É sempre assim no inverno. Nos morros e nas faixas ribeirinhas, o temor era grande, pois a população ainda está escaldada com o inverno de 2022, quando 134 pessoas morreram devido ao temporal registrado na Região Metropolitana, naquele mês.
Pela manhã, 26 linhas de ônibus pararam de funcionar, e muitos trabalhadores se arriscaram, no meio da água, para chegar aos seus empregos. A rede municipal de ensino suspendeu as aulas, o mesmo ocorrendo com algumas repartições estaduais e federais. As universidades não funcionaram no primeiro expediente e a Universidade Federal Rural de Pernambuco decidiu cancelar as aulas dos três turnos. Além do Recife, sete outros municípios da Região Metropolitana suspenderam as aulas, na quarta-feira: Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe, Paulista e Igarassu. Também foram suspensas em Moreno, mas só na área rural. A Prefeitura do Recife abriu cinco abrigos, para receber pessoas desalojadas ou em situação de risco. A PCR disponibilizou o telefone 0800 081 3400, para atendimento em caso de emergência. O telefone funciona em regime de plantão, 24 horas. Dois desabamentos, felizmente sem vítimas fatais, foram registrados na Região Metropolitana. O Recife, a exemplo do que ocorre em outras regiões, vem sofrendo influência de mudanças climáticas, que provoca eventos extremos. A cidade está entre as 16 mais vulneráveis do mundo às mudanças climáticas. Parentes das vítimas dos temporais de maio de 2022 vão fazer protesto no próximo domingo.
Veja vídeo sobre água no centro do Recife no canal do #OxeRecife no Youtube
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins / #OxeRecife e Genival Paparazzi (com vídeo) / G.F.V Paparazzi / ZAP (81)995218132)/ gfvpaparazzi@gmail.com