Arrastão do frevo dá adeus ao carnaval, que injetou R$ 2,4 bilhões na economia do Recife

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“Oh quarta-feira ingrata, chega tão depressa só para contrariar” (Luiz Bandeira). Chegou o que ninguém queria: o fim do carnaval, a festa mais popular do Recife e que em 2024 teve um dia a mais, por esse motivo chamado de “o maior da história”. Até a madrugada dessa quarta-feira de cinzas, os foliões ainda faziam o passo, incansáveis, no arrasta do Orquestrão, que junta quase 200 de músicos que trabalharam no carnaval. A folia final é comandada pelo Maestro Spok (na foto, de chapéu). Segundo a Prefeitura do Recife, a festa atraiu 3,4 milhões de foliões, um aumento de 20 por cento em relação a 2023. Destes, 1,4 milhões acorreram aos polos descentralizados. E além de ter criado 57 mil postos de trabalho, injetou R$ 2,4 milhões na economia.

Nada menos de 96 por cento dos leitos da rede hoteleira estiveram ocupados durante a festa. De acordo com o Prefeito João Campos (PSB), foram mais de 3 mil atrações (98 por centro recrutados entre artistas locais) distribuídas em 49 polos de animação, em bairros sofisticados e populares. Ele disse que a festa mobilizou 8 mil servidores da Prefeitura, para garantir a organização. “A gente recebe convidados do Brasil inteiro também. Então tudo isso está fazendo com que o Carnaval do Recife garanta o seu lugar no pódio de melhor Carnaval do Brasil. Carnaval democrático, livre, gratuito e presente na cidade como um todo”, afirmou.

O Prefeito ressaltou, também, o esforço na coleta de lixo, para ajudar os catadores. “Quando a gente olha na área de reciclagem, ano passado, o carnaval inteiro foram 16 mil quilos de materiais coletados, hoje já havia atingido 25 mil quilos antes de terminar o carnaval”. Ele disse que em 2024, houve “mais cooperativas participando, mais catadores beneficiados, recursos chegando na mão dessas pessoas, porque tudo é revertido para elas”. E completou: “Isso é uma decisão de gestão, olhando para o social e ambiental, que faz a diferença na vida do carnaval”. Até o momento, no entanto os números da coleta ainda não foram divulgados.

Responsável por conduzir os foliões pela chegada da não esperada Quarta-Feira de Cinzas, o Orquestrão nasceu em 2016, com a ideia de ser a maior Orquestra de Frevo do mundo, sendo a grande apoteose do Carnaval. Desde então, em cada edição, mais 180 músicos executam juntos o mais recifense dos ritmos. O comando fica a cargo do Maestro Spok. Ao amanhecer,os foliões tomaram o Marco Zero, em uma grande roda de ciranda para se despedir da festa.

O carnaval do Recife foi, realmente, uma festa bonita de se ver. Minha crítica, no entanto, é quanto à pobreza dos carros alegóricos do Galo da Madrugada, no desfile do sábado. Permanecem incompatíveis com a grandeza do bloco e com a do carnaval do Recife. Leopoldo Nóbrega neles! Já está provado que o artista é bom na técnica, na criatividade e na preocupação com a sustentabilidade na confecção de alegorias gigantescas. E a maior prova disso foi a alegoria do Galo Gigante, na Ponte Duarte Coelho, que virou unanimidade nacional. Lembrete: nesse momento tem concentração no Mercado da Boa Vista, para assinalar os 20 anos do Bacalhau na Vara do Recife. Na Zona Norte do Recife, oito trios elétricos aguardam a saída do Bloco “Os Irresponsáveis”, no bairro de Água Fria. Em Olinda, a concentração é em torno do Bacalhau do Batata, tradição da quarta-feira de cinzas, na cidade histórica.

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Marcos Pastich / Divulgação / PCR

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