Redivivo, Chico Science ocupa o palco do Marco Zero com recursos da inteligência artificial

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Um carnaval de emoções. Foi assim a abertura oficial da maior festa popular do Recife, na noite da quinta-feira, pois em 2024 o carná ganhou mais um dia. Assim, o Ubuntu, o Tumaraca e as orquestras de frevo tomaram o bairro do Recife Antigo a partir da tarde e a animação entrou pela madrugada da sexta-feira. Esse ano, o Tumaraca contou com a participação do Olodum. O Tumaraca é uma cerimônia criada pelo saudoso Naná Vasconcelos (1944-2016), que junta 700 batuqueiros recrutados entre os maracatus de baque virado do Recife.

Esse ano, eles ganharam o reforço da agremiação da Bahia, e o rufar dos tambores e alfaias virou uma “trovoada”. A emoção ficou ainda mais forte com a homenagem a Chico Science (1966-1997), que apareceu no palco redivivo, devido a recursos da tecnologia. Melhor dizendo, da inteligência artifical. Tudo para assinalar os 30 anos do surgimento do movimento Mangue, que foi marcado pelo lançamento do álbum “Da Lama ao Caos”, primeira obra de Chico Science e da banda Nação Zumbi. Ciente da importância da data, a Prefeitura do Recife – em parceria com a cerveja Devassa – potencializou a memória viva do artista catalisador do Movimento Manguebeat. Muito bom!

O palco do Marco Zero homenageou o Manguebeat, mas espaço para outras tendências musicais

A experiência inédita no principal palco da maior festa de rua do Brasil utilizou inúmeros caminhos técnicos e tecnológicos modernos, como a holografia. Belíssima homenagem! Segundo a Prefeitura, “foram necessárias semanas de pesquisa até encontrar arquivos de áudio que servissem para a reconstrução da voz do cantor, por meio de uma inteligência artificial, atendendo aos parâmetros de temperatura e interação com o público típicas de um “ao vivo”. Chique, não é?

A homenagem completa, intitulada Recife Cidade do Mangue, contou com Louise (filha do mangueboy) e participação de Céu, Isadora Melo, Ylana, Jorge du Peixe, Maciel Salu, Toca Ogan e Nailson Vieira. Em 2024, a revolução musical provocada por Chico Science encontrou par no salto tecnológico próprio dos nossos tempos. Ao fim, o resultado foi o encontro do Mangueboy mais amado do Recife com o público presente no Marco Zero. A multidão entrou em delírio.

João Campos (cabelo descolorido, promessa de fazer nevar) com Gilberto Gil na abertura do carnaval 2024

A noite foi encerrada com um sempre divino Gilberto Gil. E, aí, foi “aquele abraço”. Logo após, foi a vez do brega com Raphaela Santos. No clima, o Prefeito João Campos (PSB) apareceu de cabelo amarelo, “nevado”, seguindo uma tendência da garotada principalmente dos subúrbios, também do Recife. Ele disse que foi uma forma de homenagear a “periferia”. O irmão do Prefeito, o deputado federal João Henrique Campos (PSB) também descoloriu os cabelos.

E alguns puxa-sacos já começaram a imitar a dupla. Eu, hein… Dia desses, fui comprar queijo de coalho em uma lojinha em Casa Amarela, e todos os vendedores estavam de bigode “nevado”. Falei, brincando, para eles, que a loja deveria se chamar “Bigode amarelo”. KKKK. Todos riram. Na semana seguinte fui lá de novo, e alguns estavam, também, de cabeleira amarela. da cor agora usada pelo João. Marqueteiro que só ele, o Prefeito conseguiu foi sucesso nas redes sociais com seu cabelo amarelo. Vamos ver o que ocorre com os políticos, auxiliares e puxa-sacos que começam a imitá-lo.

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Rodolfo Loepert e Wagner Ramos / Divulgação / PCR

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