Antônio Nóbrega é homenageado pela Escola de Samba "Porto da Pedra", na Sapucaí

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Nem só de Lia de Itamaracá viverá a presença pernambucana, nas escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo. A cirandeira virou enredo de duas agremiações no carnaval de 2024: Império da Tijuca (RJ) e Nenê da Vila Matilde (SP). Há um outro astro da terra, que vai brilhar na Marquês de Sapucaí: o multiartista Antônio Nóbrega será homenageado pela Escola de Samba Unidos do Porto da Pedra (RJ), que tem como enredo “Lunário Perpétuo: A Profética do Saber Popular”. O livro-almanaque que foi lançado no século 16 (tendo chegando ao Brasil só 200 anos depois) também inspirou um espetáculo criado por Nobrega em 2002.

O Lunário é almanaque que surgiu na Espanha. O volume é ilustrado com xilogravuras e abrange vários assuntos de interesse popular: astrologia, horóscopo, receitas médicas, mitologia, agricultura e diversos outros temas. O livro será recriado pelo Tigre de São Gonçalo, revelando esse universo rico e diversificado para o público na Sapucaí. O tema foi escolhido e desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Quintaes, com pesquisa de Diego Araújo. A Porto da Pedra retorna este ano ao grupo especial, e fará na avenida uma viagem única baseada na obra de Jerônimo Cortés, publicada em 1594, na Espanha

Nóbrega convidou representantes de caboclinhos e cavalo marinho para a Sapucaí, em 11 de fevereiro

Nóbrega, claro, estará presente na Sapucaí. O samba enredo conduz os foliões por uma jornada pelo universo do conhecimento ancestral, simbolizado pelo Lunário, utilizado por comunidades tradicionais para orientar suas atividades diárias. A Porto da Pedra ainda celebra a resiliência e a alegria do povo nordestino, perpetuando suas tradições mesmo diante das adversidades. Nóbrega terá a missão de levantar também de levantar a Marquês. Ele é um dos grandes artistas nordestinos e estudioso das manifestações culturais do país. E é lembrado em versos: “Vem Antônio, vem menino… seu destino é cirandar… Um brincante nordestino, pra missão perpetuar…”.

Para acompanhá-lo neste momento único, Nóbrega convidou além da sua família, dois artistas populares do Recife. Paulinho 7 Flexas, sucessor do Mestre Zé Alfaiate. O seu pai, fundador de um dos mais importantes e belos grupos de cultura popular do Brasil, Caboclinho 7 Flexas. E Nice Teles, primeira Mestra de Cavalo Marinho da Zona da Mata Norte de Pernambuco. Desafiando o universo masculino do Cavalo Marinho, atua como cantadeira e dançarina quebrando dogmas machistas dentro da própria brincadeira, sendo uma das primeiras mulheres a colocar figura (personagens) nos brinquedos da região. Cofundadora do Cavalos Marinhos Estrela Brilhante e fundadora do primeiro Cavalo Marinho Infantil da Zona da Mata: Estrelas do Amanhã.

Nascido no Recife, Antônio Nóbrega começou seu legado artístico aos oito anos, quando iniciou seus estudos no violino. Em 1971, o dramaturgo Ariano Suassuna o convidou para integrar o Quinteto Armorial, dando início a uma amizade de vida e arte. A partir daí, passou a estudar o universo da cultura popular e a criar espetáculos de teatro, dança e música. Entre suas produções estão “Brincante”, “Segundas Histórias”, “O Marco do Meio Dia”, “Figural”, “Na Pancada do Ganzá”, “Madeira Que Cupim Não Rói”, “Pernambuco Falando para o Mundo”, “Lunário Perpétuo”, “Nove de Fevereiro”, “Naturalmente”, “Húmus”, “Recital para Ariano”, “Semba”, “Rima“, entre outros.

Antônio Nóbrega ainda é cofundador, junto com sua esposa Rosane Almeida, do Instituto Brincante, em São Paulo, criado em novembro de 1992. O Instituto visa preservar e disseminar as tradições culturais brasileiras por meio de cursos, oficinas e apresentações. O reconhecimento de sua carreira artística foi imortalizado no documentário “Brincante”, dirigido por Walter Carvalho em 2014. Um verdadeiro embaixador cultural, continua a desempenhar um papel fundamental na promoção e preservação das tradições que enriquecem a identidade única do Brasil.

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação / @brincantenobrega

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Lélia disse:

8 de fevereiro de 2024 às 16:23

É inegável que Antônio Carlos Nóbrega realiza há muito tempo um bom trabalho em São Paulo, utilizando-se em grande parte de elementos da cultura nordestina, principalmente da pernambucana. É um artista talentoso que soube usar as tradições culturais da sua terra para tornar-se nacionalmente e até internacionalmente conhecido. Na verdade, não há tanta pernambucanidade no artista, esta se restrige aos elementos da terra dos altos coqueiros que ele usa e abusa. Considera-se, grosso modo, paulistano, não raro deixa isso implícito nas entrelinhas de suas entrevistas ou mesmo em alguma fala durante os espetáculos. Contudo, o dito é apenas um detalhe, a homenagem que irá receber é justa e merecida. Muito oportuno o oxerecife nos trazer a notícia.

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Antônio Nóbrega é homenageado pela Escola de Samba “Porto da Pedra”, na Sapucaí

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