“Secos e Turvos”: os versos que ecoam a realidade da Guerra de Canudos

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A Guerra de Canudos, conflito armado entre uma comunidade religiosa e o Exército brasileiro, e o missionário Antônio Conselheiro (líder do movimento popular que terminou com milhares de sertanejos mortos) inspiram o novo livro de poemas de Alexsandro Souto Maior: Secos e Turvos, que será lançado nesse domingo (1º/12) de tantos eventos. A tarde de autógrafos acontece das 15h às 17h, no Museu do Estado de Pernambuco, situado nas Graças, no Recife. A iniciativa é da Cepe (Companhia Editora de Pernambuco).

Com 112 páginas e dividido em cinco capítulos, Secos e Turvos traduz de forma lírica a luta do beato e da comunidade de Canudos contra a fome e a seca nordestina. A guerra ocorreu no interior da Bahia, de 1896 a 1897, no fim do século 19, na transição do regime monárquico para a República no Brasil. De acordo com Alexsandro Souto Maior, o conjunto de poemas que compõem o livro se conectam com Os Sertões (1902), o mais famoso relato da Guerra de Canudos, de autoria de Euclides da Cunha.

Os poemas de Secos e Turvos ecoam a paisagem seca do Sertão, a luta entre o homem e a terra árida, a esperança que caminha lado a lado com os sertanejos. Um exemplo é esse trecho do verso de abertura do livro, Imagem Primeira: “Se lançarmos/ o nosso olhar para os confins/ há sertões/ veredas estreitas/ um povoado ali/ outro acolá/ desolados/ enrugados/ cabecentes para cima/ à espera/ de algum mísero milagre/ ou mesmo uma rima/ tudo isso demora/ mas chega, chega”.

“Minha referência não foi só Os Sertões, mas também Antônio Conselheiro. Apesar de buscar uma feitura de alegorias, de trazer a visão da imprensa do Rio de Janeiro naquela época, a maior referência é o documento científico, jornalístico, literário de Euclides da Cunha. Em tempo de embate de revisões históricas, a literatura também pode ser um espaço para não esquecer desse ‘absurdo glorioso’, desse genocídio promovido por um Brasil oficial, republicano”, declara o autor e mestre em Estudos Literários”, diz o autor.

Alexsandro Souto Maior é professor, graduado em Letras, especializado em Literatura Brasileira e mestre em Estudos Literários. Publicou seus primeiros poemas na década de 1990 nos jornais O Pão e Diário do Nordeste, do Ceará, e é autor de A Seiva (2019), livro de poesias que recebeu menção honrosa pela Academia Pernambucana de Letras. É também ator e diretor de teatro. Como dramaturgo, venceu o Prêmio Literário Cidade de Manaus, com a peça Mariano, irmão meu (2011), o Prêmio Ariano Suassuna, com as obras Tempo de Flor (2018) e O misterioso casarão de dona Niná (2020), entre outros.

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Serviço
O que: Lançamento de Secos e Turvos, num bate-papo de Alexsandro Souto Maior com o poeta e crítico literário Peron Rios
Quando: 1º de dezembro (domingo)

Hora: 15h às 17h
Onde: Museu do Estado de Pernambuco (Avenida Rui Barbosa, 960, Graças, Zona Norte do Recife)
Preço: R$ 45 (impresso)

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Leopoldo Conrado Nunes

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