Geralmente as crianças gostam de jogar bola, correr, brincar. Mas a distração de Antônio Gomes da Silva era bem diferente dos meninos e meninas de sua geração. É que ele reside em Apipucos, onde de vez em quando encontrava cacos de louça, brinquedinhos de porcelana, ferrolhos, chaves, cachimbos e outros utensílios descartados por moradores dos séculos passados em sítios e quintais de velhos casarões, localizados à margem do Rio Capibaribe naquele tradicional bairro da Zona Norte do Recife. Passou, depois, não só a colecionar como a procurar objetos que pudessem indicar como viviam nossos antepassados. E juntou tantos, que até já fez uma doação para a Universidade Federal de Pernambuco.
Após a doação, realizada quando ainda era menor de idade ( a mãe assinou por ele), Antônio continuou pesquisando o bairro, encontrando e coletando utensílios que o motivaram mais ainda a estudar as origens, a ocupação e a história de Apipucos. Mergulhou em livros, mapas antigos, fotografias. Aos 26, e preparando-se para cursar Museologia em alguma universidade no Recife, virou um especialista no bairro. Terminou sendo convidado pela Presidente do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco, Margarida Cantarelli, para fazer uma palestra sobre suas descobertas. O encontro é aberto ao público e será às 16h da quarta-feira (6/12), no IAHGP, que fica na Rua do Hospício, 130, no bairro da Boa Vista (defronte do Teatro do Parque)
E bota resgate nisso. Pois é ao estudo da curiosa e rica história do bairro – que tem muito mais do que se sabe – que Antônio dedica a maior parte do tempo. Passa horas em bibliotecas de instituições como a Fundação Joaquim Nabuco, na Web, conversando com moradores idosos, comparando fotos antigas com a realidade atual do bairro, mergulhando em sua história e descobrindo fatos pouco conhecidos. Entre os assuntos que ele abordará sobre Apipucos estão a Origem do nome, Um breve histórico, Capela de Apipucos, invasões holandesas, Ingleses no Recife,Estrangeiros em Apipucos, Cláudio Burle Dubeux, Famílias Inglesas em Apipucos.
Provavelmente será um encontro muito interessante, pois Antônio domina a história do bairro mais do que ninguém. Uma de suas fontes, inclusive é Gilberto Freyre (1900-1987), morador do bairro por mais de 50 anos. O sociólogo gostava tanto do bairro, que chegou a dedicar-lhe um livro: “Apipucos, o que há em um nome“. Já os estudos de Antônio o transformaram em notícia em jornais como “O Globo” e “Jornal do Commercio”, e chamaram a atenção do historiador José Luiz da Mota Menezes, que dizia que Antônio iniciava um setor pouco explorado por especialistas, “a arqueologia de quintal”, espaço onde o então adolescente recolhia a maior parte das peças antigas que encontrou. Chegou a pensar em estudar História. Depois, Arqueologia. Mas após fazer um curso de restauração de azulejos decidiu pela Museologia.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação e reprodução do livro de
Parabéns Antônio, você revive ,como fez o Sociólogo Gilberto Freyre, o bairro de Apipucos !