Aplausos! Todo plantio de árvores é bem-vindo e sempre noticiado aqui no #OxeRecife. Nesses tempos de aquecimento global, seja onde for, em qualquer lugar do País, as notícias sobre esse tipo de providência sempre interessam, seja em Pernambuco, no Oiapoque ou no Chuí. Por esse motivo, é obrigação nossa fazer o registro da operação realizada pelo MST, no Sul do Brasil, onde quatro toneladas de sementes da palmeira juçara foram semeadas nos últimos dias. A ação, realizada a cerca de 450 quilômetros de Curitiba, visa reflorestar com a espécie a Mata Atlântica, tido como o bioma mais rico em biodiversidade do mundo, porém também o mais ameaçado, principalmente em função do avanço do agronegócio e da especulação imobiliária.
A palmeira é conhecida como o açaí da Mata Atlântica e já falamos sobre ela, aqui nesse espaço (ver links abaixo). A semeadura ocorreu em uma área de 67 hectares de reserva legal da comunidade de reforma agrária Dom Tomás Balduíno, nas encostas do Rio Iguaçu e da represa da Usina de Salto Osório. Mais de 2,5 mil famílias vivem atualmente na região. No passado, essa mesma área foi utilizada por uma empresa de monocultivo de pinus e eucalipto, fato que provocou a sua degradação, colocando em risco a biodiversidade da Mata Atlântica, como aliás, ocorre com qualquer monocultura, como é o caso da lavoura açucareira implantada na Zona da Mata de Pernambuco que quase extermina o bioma no estado. A ação no Paraná foi organizada pelo MST em parceria com diversas organizações e contou com o reforço até de helicóptero da Polícia Rodoviária Federal.

Estavam presentes na atividade representantes da Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA/PR), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Itaipu Binacional, Prefeitura e Câmara de Vereadores de Quedas do Iguaçu e Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). É isso, a união sempre faz a força. Passou-se o tempo que a PRF, por exemplo, era utilizada para fins políticos, como obstruir rodovias federais em dia de eleição, não é? Ou que o Ibama não podia exercer suas funções como devia, com as fiscalizações boicotadas, como acontecia no governo (de triste memória) que passou. O comandante da PRF, Juliano Kunen, pilotou o helicóptero que espalhou a juçara pela mata. Filho de produtores rurais em Nova Prata do Iguaçu, local próximo à área de ação, ele não conseguiu disfarçar a emoção diante de incumbência tão importante e diferente no cotidiano de sua profissão.
“Missão realizada sem nenhuma intercorrência, dessa forma a gente se sente feliz em ter contribuído com a semeadura de tantas juçaras. E missão dada é missão cumprida! Eu estou me sentindo em casa aqui, poder ver as margens do rio renascendo com o plantio, deixa a gente num misto de emocionado e satisfeito em poder contribuir.
Além do ganho ambiental, a disseminação da juçara reflete o avanço da utilização do seu fruto como fonte de renda, conforme explica Manuela Pereira, professora da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e coordenadora do Laboratório Vivam de Sistemas Agroflorestais da UFFS. O projeto trabalha com 56 famílias, de sete municípios da região Centro do Paraná. O desenvolvimento de produtos é o ponto forte do projeto que transforma os frutos da Mata Atlântica, como a guabiroba, o jerivá, o araçá, butiá e pitanga, em doces, geleias, sorvetes, polpas e balas. Assim, as palmeiras não são derrubadas para retirada do palmito. “Os agricultores perceberam que deixar a juçara em pé é bem mais rentável do que extrair o palmito. Aqui no acampamento Dom Tomás já foi erradicado totalmente qualquer tipo de extração”, diz. A fruta rende muito mais, porque a partir do oitavo ano de vida, a árvore dá frutos anualmente, conforme explica a professora. No caso da extração do palmito, a árvore é cortada, o que provocou a ameaça de extinção da espécie. Quem esteve no café da manhã servido durante a ação, pode experimentar alguns dos alimentos feitos a partir da fruta da juçara e de outras plantas nativas, desenvolvidos pelo projeto da universidade.

Como se sabe, em 2020 o MST lançou em todo o Brasil o Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis, com objetivo de plantar 100 milhões de árvores em dez anos nas escolas do campo, cooperativas, centros de formação técnica, praças, avenidas e cidades, fortalecer a produção de alimentos saudáveis nas áreas de assentamentos e acampamentos do MST, denunciar o modelo destrutivo do agronegócio e seus impactos ao meio ambiente. Ralph Albuquerque, superintendente do Ibama-PR, que esteve presente na ação, destacou a importância do Plano para a preservação do meio ambiente. “O que vocês estão fazendo aqui, o projeto de 100 milhões de árvores, é o que o Ibama deve fazer institucionalmente, e só vai conseguir fazer, com o exemplo de vocês, dos povos indígenas, dos povos e comunidades tradicionais no Brasil. […] não existe função social ou função sócio ambiental da propriedade sem preservação do meio ambiente, sem preservar a vida.”
Nos links abaixo, você confere informações sobre o MST, sobre palmeiras e sobre plantio de árvores em outras regiões do Brasil.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Juliana Barbosa e Douglas Lenon /Divulgação / MST