Dia Internacional da Reciclagem: Palmas para a Cooperativa Palha de Arroz

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No Dia Internacional da Reciclagem, vamos falar da Cooperativa Ecovida Palha de Arroz, que dá novo destino a plásticos que, se indevidamente descartados, iriam poluir rios, riachos, canais, lagos, oceanos. Como se sabe, os plásticos são os vilões da natureza no século 21. Como o uso é cada vez maior pelas indústrias, os resultados já podem ser observados em todo o mundo. Na natureza, esse tipo de resíduo pode levar cerca de 400 anos para se degradar. Às vezes, até mais. E o material virou um problema no mundo. Não só no Recife, não só em Pernamubuco, não só no Brasil.

Alertam os especialistas se a coisa continuar como está, haverá mais plásticos do que peixes nos oceanos em 2050.  Na nossa cidade, um exemplo de como poupar a natureza vem da Cooperativa Ecovida Palha de Arroz, formada exclusivamente por mulheres. E que não só recicla o material, como possibilita o aumento da geração de renda de donas de casas que viviam do subemprego. Depois de produzir lixeiros, porta-pães e até corrimão para escadarias dos morros, a Palha de Arroz acaba de ganhar um grande parceiro: o Grupo Votorantim, através da Votorantim Cimentos. Em 2022, a fábrica de Barueri (SP) forneceu baldes e tampas da linha de argamassas Votomassa para a cooperativa diversificar as peças que produz. Até o momento, já foram doados 25 mil itens de plástico, naquele que foi o primeiro fornecimento feito à cooperativa por uma grande indústria.

A situação dos canais do Recife é sofrível, por conta dos descartes irregulares. Precisamos de mais Palha de Arroz!

A parceria animou as cooperadas. Pois o volume foi transformado em centenas de fruteiras, vasos, cestos, saboneteiras, lixeiras e outros produtos que são vendidos na tradicional feira  que ocorre aos domingos, na Rua do Bom Jesus (no centro histórico da capital pernambucana). Os produtos também estão à venda na loja virtual.  A renda obtida com a venda dos produtos ajuda a levar sustento para as famílias das doze mulheres ligadas à cooperativa, entre as quais está Aldilene Felix da Silva. Ela tem 36 anos e é mãe de três filhos.

Presidente da Palha de Arroz,  Aldilene sente orgulho do trabalho que realiza e diz que a iniciativa da indústria reforça a confiança e o sentimento de empoderamento de todas as cooperadas. “O material nos ajudou a atender à demanda dos clientes por peças em cores que nem sempre encontramos nos resíduos doados”, diz Aldilene. “Ficamos muito felizes porque é um estímulo para continuarmos reciclando e fazendo a diferença no mundo com arte”, acrescenta.  Para Jéssica Renata Felix Alves, de 26 anos, a vida mudou para melhor depois que passou a trabalhar na Palha de Arroz. Além da satisfação em gerar a própria renda, ela vê na atividade um meio para sensibilizar os filhos sobre a preservação do meio ambiente. “É o meu primeiro trabalho e gosto muito do que faço. Sempre que possível, levo meus filhos à cooperativa para que eles vejam na prática o que podemos fazer para melhorar o ambiente em que vivemos”, conta.

Os plásticos indevidamente descartados se espalham por todo o mundo. Vejam o exemplo da Índia. .

A Cooperativa Ecovida Palha de Arroz  funciona no bairro do Arruda, na Zona Norte do Recife. O nome da cooperativa é uma homenagem às mulheres que no passado debulhavam arroz onde hoje funciona a sede. O trabalho começou em 2015 com a reciclagem convencional de materiais que eram vendidos às indústrias da região. Com o tempo, avançou para a reciclagem criativa. A iniciativa foi incentivada pela Secretaria da Mulher do Recife e pela Secretaria Executiva Inovação Urbana do Recife, por meio do programa Recicla Mais, que atua com o objetivo de reduzir a poluição ambiental causada pelo plástico em rios, canais, barreiras e outros espaços públicos.

Com o auxílio do programa, o galpão da cooperativa foi equipado com máquinas de upcycling para possibilitar a produção das peças de artesanato. O montante de plástico até agora arrecadado viabilizou a produção de mais de dois mil itens, além de representar mais de 1,2 toneladas de CO2 subtraídos da atmosfera.  De acordo com o último levantamento do Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico (Picplast), de 2019, o faturamento bruto da indústria de reciclagem de plásticos cresceu de R$ 2,4 para R$ 2,5 bilhões de reais. A principal origem dos resíduos é de pós-consumo doméstico (52,5%), seguido pelo resíduo pós-industrial (28%) e pós-consumo não doméstico (19,5%). Em todo o país, 838 mil toneladas de plástico pós-consumo foram reciclados, um crescimento de 10% em comparação a 2018. Desse total, o Nordeste ocupa a terceira colocação entre as regiões brasileiras em volume de material reciclado, com 95 mil toneladas (11,3%). Ainda é pouco. Pois se não fosse, não veríamos cenas como o canal do Arruda, entulhado de garrafas PET.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos:  Raynaia Uchôa, PCR, National Geographic (Acervo #OxeRecife)

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