Pensem em um bairro culturalmente muito movimentado… Como se não bastasse abrigar monumentos como a Oficina Cerâmica Francisco Brennand e o Instituto Ricardo Brennand, durante todo o ano há sempre eventos que enaltecem a identidade da Várzea. Eles ocorrem em festas dos períodos carnavalescos, juninos, natalinos. E também em outras épocas do ano. Nesse sábado (3/8), por exemplo, acontece a terceira edição do Projeto Moda Preta Autoral. Será no Centro de Atividades Domésticas Nossa Senhora do Carmo (CAD), que fica na Rua Francisco Lacerda, 440, na Várzea, Zona Oeste do Recife. O acesso é gratuito.
Segundo os organizadores, a proposta é celebrar “a diversidade ancestral, por meio da moda autoral diaspórica, africana e brasileira”. O evento tem como objetivo apresentar uma coleção de roupas confeccionadas em tecidos trazidos da África, e que, ganharam, modelagem, estilo e inovação sob o olhar e mãos dos jovens, homens, mulheres e público LGBTQIAPN+. Haverá venda de produtos e também desfile. Na passarela, moradores de área da periferia da capital pernambucana, para uma experiência que une “criatividade, sustentabilidade e história”.
A mostra, que traz o resultado de três meses de trabalho, será aberta ao público, a partir das 17h. Mas na ocasião, os estilistas internacionais e recifenses, especializados em moda autoral africana, Jéssica e Rodrigo Zarina, vão apresentar, à plateia, como foi o passo a passo para chegar ao resultado de cada obra, juntamente com cada aluno do curso. Os looks exibidos resultam de três meses de trabalho. Jéssica e Rodrigo são figuras tarimbadas quando o assunto é moda afro. E por várias vezes já figuraram aqui no #OxeRecife.
Além do desfile com os looks da moda afro, a programação vai apresentar, antes, uma palestra para pessoas interessadas em criar, elaborar e produzir seu projeto cultural. A formação tem por tema “Eu tive uma ideia, o que eu faço agora”?, será ministrada pelo educador social e produtor cultural, Danilo Carias. A aula tem início às 14h e não precisa de inscrição. Ainda dentro da agenda cultural do evento, está programada uma oficina sobre cultura e empreendedorismo, embalada por uma apresentação musical do grupo Dinda Salu e o Forró Rabecado. São iniciativas muito legais, pois é grande o número de pessoas trabalhando em cultura no Brasil: 5,4 milhões. Com a pandemia, houve uma queda para 4,9 milhões em 2020. Mas em 2021, o número voltou a crescer para 5 milhões e é provável que já tenha crescido bem mais.
A plateia vai conferir, ainda, o espetáculo de dança do projeto Sankofa, mediado pelo pesquisador, professor, capoeirista Orun Santana. A apresentação busca trazer ao público um conjunto de intervenções artísticas de danças negras. A mostra acontece das 15h às 17h. Os projetos Moda Preta Autoral e Sankofa – a dança como presente, são apoiados pela Lei Paulo Gustavo, por meio da Secretaria de Cultura de Pernambuco.
Nos links abaixo, você confere informações sobre moda preta, negritude e herança afro. E também sobre a Várzea, um dos bairros tradicionais da cidade.
Leia também
Feira de Afroempreendedoras a OjaSesc movimenta o Cais de Santa Rita
Loja Zarina vira referência da moda preta e dá cursos
Curso de moda preta autoral com foco na ancestralidade oferta vagas
Moda Preta autoral em conexão astral realiza desfile afro com modelos da periferia
Moda Preto Soul: Viva à negritude!
Eduardo Ferreira lança Coleção Alafia na abertura do Muafro
Erê Mukunã: a beleza da negritude
Museu da Abolição: acervo material africano ganha catálogo inédito
“A África que persiste em nós”
Oná Dúdu faz percurso para vivenciar os caminhos de nossa raiz afro: herança e sofrimento
Lugares de memória da escravidão e da cultura negra em Pernambuco em livro
Mês da Consciência Negra: Começa a Semana Afro Daruê Malungo
Companhia de Dança Daruê Malungo leva Agbara Obinrin ao Recife e Olinda
Terça Negra tem edição especial com cultura afro e manguebeat
Contra as práticas de branqueamento
Lia, a Rainha da Ciranda será homenageada em duas escolas de samba, em SP e RJ
Semana da Consciência Negra: Daruê Malungo movimenta o Recife e Olinda
Mês da Consciência Negra: desfile, palestras, igualdade racial
Ervas sagradas ganham sementeiras
Bahia tem ritual de paz e respeito à liberdade religiosa
Baobás de Pernambuco são sacralizados na Bahia
Trio expert em baobá, a árvore da vida
A árvore do esquecimento
Cortejo religioso em Salvador
Pipoca é alimento sagrado?
Ojás contra o racismo religioso
Navio alemão acusado de racismo
Navio Negreiro no Barreto Júnior
A simbiose entre a Igreja Católica e os terreiros
Pai Ivo de Xambá vira Doutor Honoris Causa
A sabedoria ancestral da Griô Vó Cici
A herança afro na música brasileira
Sítio Trindade tem gastronomia afro
Festa para São João e Xangô
Católica bota Xangô na ordem do dia
Qual o mal que lhe fez Yemanjá?
Michele Collins entre a mobilização e a pressão dos terreiros
Preconceito religioso tem reparação
Inaldete Pinheiro ganha homenagem
Uana Mahim: Sou preta, negra e fera
Dia da Consciência Negra: Dicas de leitura
De Yaá a Penélope africana
Nação Xambá, 88 anos de residência
Resgate histórico: Primeiro deputado negro do país era pernambucano
Na Várzea, jaqueira lembra escravizados e vira memória de história de amor
Árvore do esquecimento é lembrada
História da Cruz do Patrão
Casa duplamente histórica no Poço da Panela
Não perca a viagem ao passado com Debret
Turismo com consciência negra
O grito dos excluídos por independência verdadeira no século 19 e a esquecida Maria Felipa
Joana, a única mestra de Maracatu
Nego Henrique oferta oficina de percussão
Dia da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha
Expô sobre terreiros termina na terça
Alexandre: Juremeiro e mestre
Jurema sagrada vira exposição
Depois de arrebatar 75 prêmios, Cor Púrpura faz temporada no Teatro do Parque
Em pernambuco, negros e pardos são as maiores vítimas da violência
Conceição das Crioulas no Poço das Artes
Cozinhando história: Saberes, mitos e orixás na culinária afro-brasileira
História de Burkina-Faso com François
Dança para Iansã em Santo Amaro
Vamos visitar o rurbano bairro da Várzea?
Várzea urbana virou festa
Inéditas Véias de Pastoril na Várzea, queima da lapinha e cortejo de pastoras
Em ruínas, casarão do Hospital Magitot, na Várzea é alvo de licitação
Secular Magitot em ruínas na Várzea
Praça da Várzea: requalificada, porém descaracterizada
Serviço
O quê: Projetos Moda Preta Autoral e Sankofa
Onde: Centro de Atividades Domésticas Nossa Senhora do Carmo (CAD), que fica na Rua Francisco Lacerda, 440, na Várzea
Horário: Atividades a partir das 14h
Quanto: acesso livre
Programação:
14h às 15h – Palestra com o tema: “Eu tive uma ideia. O que eu faço agora?” com o educador social e produtor cultural Danilo Carias (acesso gratuito), será das
15h às 17h – Espetáculo SankofaJAM – Orun Santana e Convidados
17 às 18h – Desfile Moda Preta Autoral com o tema: “Nas encruzilhadas encontrei o amor” dirigido pela marca Zarina, participação especial do Tambor Ancestral e Orun Santana e convidados
18:30 às 20h – Apresentação musical com Dinda Salú e Forró Rabecado
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Jessica Zarina / Divulgação
Que bom ver essa efervescência culural na Várzea, um bairro já tradicionalmente ligado à cultura popular ,sempre celebrando suas raízes e enaltecendo suas origens ancestrais.