No Dia Mundial da Reciclagem, o #OxeRecife traz exemplos de pessoas, entidades, ou mesmo corporações que se esforçam para poupar o Planeta, principalmente a partir da reutilização de plásticos descartados. Os plásticos, como se sabe, são os grandes vilões da natureza, nesse século 21. E no Brasil, a situação não é diferente. Basta observar córregos, riachos, canaletas, canais, ruas, praias. Todos nós sabemos que, a persistir o ritmo atual, em 2050 os oceanos terão mais plásticos do que peixes. O alerta é de pesquisadores e ambientalistas. Então, deixemos de jogá-los em locais inadequados, porque eles escoam para riachos, rios e, finalmente, para os mares. E reaproveitá-los é um meio de poupar o meio ambiente.
Nesta semana, o #OxeRecife recebeu mais uma notícia interessante sobre reaproveitamento de plásticos descartados. É que as chamadas canetas de insulina estão sendo recicladas e transformadas em… cadeiras. Na seguinte proporção: 120 canetas descartadas = uma cadeira. As canetas nada mais são do que seringas, utilizadas por diabéticos para controle da doença. Antigamente, elas eram de vidro, mas com a tecnologia, passaram a ser discretas, leves e fáceis de carregar, fazendo com que qualquer paciente possa administrar a dose necessária em qualquer hora e qualquer lugar. O problema é que, sendo descartável, gera mais acúmulo de lixo e aí… todos sabem das consequências.
Líder da Câmara de Descartáveis e precursor do Projeto Plástico Amigo, Ricardo Melo lembra que as canetas são 77 por cento compostas por plásticos e que, por questões de saúde pública, não podem ser descartadas em qualquer canto. Nem mesmo em lixeiras de reciclagem tradicional, pois ao fim da vida útil, as canetas são enviadas para incineração. “A empresa dinamarquesa Novo Nordisk se propôs a encontrar uma solução para o fim da vida desses produtos. Todos os anos, essa companhia distribui 600 milhões de canetas injetoras descartáveis em todo o mundo. Isso representa mais de 12 mil toneladas de plástico”, lembra. Para reaproveitar o material tão poluente, a organização anunciou o projeto ReturnPen, o primeiro esquema de recuperação e reciclagem de canetas injetoras descartáveis na França”, relata. Boa iniciativa para ser copiada no Brasil. E urgentemente. Embora a Nordisk e o Projeto Plástico Amigo informem que o sistema também funciona em nosso país, não há números disponíveis sobre o assunto.
Ricardo cita que a iniciativa faz parte da estratégia ambiental “Circular for Zero” . E que, até agora, foi inicialmente desenvolvida em outros três países, sendo eles Dinamarca, Reino Unido e Brasil. Mas as informações sobre o descarte desse material no nosso país ainda são escassas. Onde colocar as canetas? Como descartá-las? Quem as recolhe? Sem respostas a essas perguntas, fica difícil acreditar que o sistema já esteja devidamente em execução no nosso país, onde estima-se que haja nada menos de 13 milhões de diabéticos. “Na Dinamarca, em dois anos o programa já coletou 77 mil canetas, enquanto 15 mil foram recicladas no Reino Unido desde o lançamento do programa, em novembro de 2021. A projeção é de que 700 mil sejam recicladas até o final de 2023. Atualmente, o programa também está sendo implementado nos Estados Unidos, Japão, China, Alemanha e Itália”, declara. O processo de devolução e reciclagem das canetas é realizado com simples procedimentos, e possibilita uma nova vida ao material utilizado. Ou seja, a empresa não faz mais que a obrigação. Se produz materiais poluentes, tem mais é que desenvolver formas de poupar o Planeta. Não é mesmo?
“Os usuários podem solicitar uma bolsa de reciclagem em uma farmácia ou no site oficial do projeto. Após utilizar as canetas, as agulhas são removidas e os objetos são colocados na bolsa, sendo entregues na farmácia ou enviados pelo correio. Na Dinamarca, as injeções serão processadas e recicladas pela Zirq Solutions, que criou um processo industrial para reciclar até 85% dos materiais e reutilizá-los na fabricação de cadeiras de plástico, cada uma feita a partir de 120 canetas usadas”, revela Mello. Até 2024, a empresa dinamarquesa pretende coletar 5 milhões de canetas usadas a cada ano na França. Sem esse tipo de iniciativa, o líder da Câmara de Descartáveis acredita que esses produtos poderiam gerar problemas no futuro. Acredita? Gerariam, com certeza. E isso é mais do que óbvio!
“Se nada for feito, é possível que surja uma situação semelhante à das cápsulas de café, que geram grandes quantidades de resíduos difíceis de serem reciclados, contribuindo para a poluição do meio ambiente”, diz. As cápsulas de café, aliás também estão virando cadeiras, como o #OxeRecife já mostrou aqui nesse espaço. O ideal, mesmo, seria a utilização de materiais biodegradáveis. Mas enquanto isso não é possível, recolher as canetas poluentes já é uma boa iniciativa. Ricardo Mello é líder da Câmara de Descartáveis, palestrante e empreendedor em diversas áreas de atuação. Encabeça, junto com outros membros, o projeto Plástico Amigo, que busca aumentar a conscientização sobre as propriedades benéficas do material. Para saber mais, acesse https://www.plasticoamigo.com.br/.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: plasticoamigo/