Janeiro de Grandes Espetáculos homenageia o “Vivencial”

Compartilhe nas redes sociais…

Depois de tantos festivais de artes cênicas em 2024 – incluindo aqueles que democratizam o acesso ao teatro, com entradas gratuitas – o Recife inicia 2025 com o Janeiro de Grandes Espetáculos, que começa  nessa quinta (9/1) e se prolonga até  2 de fevereiro. Nessa 31ª edição, o público da capital contará com 93 espetáculos, em mais de cem sessões pela cidade. Os grupos que se apresentam  são de Pernambuco, de outros estados e um de Portugal, contemplando teatro, dança, circo, música. Haverá montagens emblemáticas para a cena local (como Senhora de Engenho entre a Cruz e a Torá)  estreias, além de leituras dramatizadas, oficinas e lançamento de livro. O evento faz homenagem ao “Vivencial” grupo “undergroud” de teatro, que fez história em Olinda entre os anos 1970 e 1980, e cuja trajetória era marcada pela irreverência, luta contra o preconceito e resistência contra a ditadura.

O Festival vai agradar aos mais variados perfis de público, com diferentes idades e preferências artísticas e estéticas, com programações que ocupam a partir dessa quinta (9/1) os teatros de Santa Isabel, Parque, Apolo, Hermilo Borba Filho, Capiba, Marco Camarotti, Barreto Júnior, Arraial Ariano Suassuna, Boa Vista, Fernando Santa Cruz. Inédito:  pela primeira vez, a Sinagoga Kahal Zur Israel  será ocupada pelo festival. Mas o motivo é forte. É que ali acontece a encenação de “Senhora de Engenho, entre a Cruz e a Torá”, que narra a histórica da emblemática Branca Dias. Branca Dias foi uma judia que chegou a Pernambuco no século 16 e que se portou como uma mulher à frente do seu tempo. Ela foi perseguida pela Inquisição em Portugal e no Brasil, e está entre as personagens femininas mais lendárias de Pernambuco.

Os ingressos, à venda na Sympla, custarão entre R$ 10 e R$ 120. Mas alguns projetos terão ingresso solidário, trocado por um quilo de alimento. Dos 93 espetáculos da programação deste Janeiro, 42 são de teatro adulto, nove de teatro infantil, 20 de música, 19 de dança e três de circo. A estreia, dia 9 de janeiro, será musical. O palco do Teatro de Santa Isabel receberá a Orquestra Lunar e a Música Negra de Áurea Martins e Elízio de Búzios, do Rio de Janeiro, com a participação especialíssima da embaixadora da cultura pernambucana, Lia de Itamaracá, uma das vozes que falam mais alto sobre nossas mais autênticas tradições.

Tendo como construção conceitual a liberdade de expressão na cena pernambucana, a diversidade cultural, a arte como instrumento revolucionário e transgressor, este JGE não só homenageia como elege tema desta edição o Vivencial, icônico grupo de teatro pernambucano, que está celebrando 50 anos. Por esse motivo, foi criada a luxuosa Mostra Vivencial, pensada para reverenciar a trupe considerada um marco da contracultura, irreverência e resistência dos anos 1970 e 1980, e que inspirou o filme “Tatuagem”, de Hilton Lacerda.

O Vivencial (fotos acima), em plena ditadura, teve a coragem de apresentar nos palcos corpos, vozes e temas historicamente silenciados, negados e interditados para falar, com uma corajosa, ruidosa e colorida coragem, sobre assuntos como homossexualidade, drogas, política e cultura de massas. Entre os sete espetáculos que irão compor a Mostra, estão montagens locais, uma nacional e uma internacional, todas feitas da mesma subversão que era matéria-prima inequívoca das produções cênicas do Vivencial. Cinco das obras são pernambucanas. De Santa Cruz do Capibaribe, “Querida Gina”. Do Recife, “Mainha é uma Resenha”, “Santo Genet e as Flores da Argélia”, além das estreias “Sha da Meia-Noite” e “Vivencial, Revivenciando”, este último com direção de Guilherme Coelho, integrante original do Vivencial. Completam o roteiro as peças “Kassandra”, de Porto Alegre, e “Damas da Noite e uma Farsa de Elmano Sancho”, de Lisboa.

Ainda em homenagem ao Vivencial e seu legado vivido e vivíssimo na cidade, será lançado, na abertura do Janeiro, o livro “Pernalonga, uma Sinfonia Inacabada”, escrito pelo jornalista Márcio Bastos, que conta a história de um dos atores do Vivencial, fazendo da efervescência do grupo e de sua urgência criativa casa e ofício. Entre as atrações musicais da temporada, nomes como PC Silva, Almério, Martins, Estesia, Geraldo Maia, Igor de Carvalho, Tibério Azul, Afoxé Oxum Pandá numa celebração aos 30 anos de carreira; Irah Caldeira cantando somente composições femininas; Silvério Pessoa e Publius em homenagem a Lô Borges e Beto Guedes.

“Senhora dos Nossos Sonhos” é outra peça aguardada com expectativa no Janeiro de Grandes Espetáculos

Com programação majoritariamente pernambucana, o festival destaca a estreia de “Senhora dos Nossos Sonhos”, dias 15 e 16 de janeiro, no Teatro Capiba. O espetáculo documental, com dramaturgia e atuação de Ceronha Pontes, fala sobre Nise da Silveira, médica que humanizou o tratamento de doentes mentais no Brasil. Na grade, também obras do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre, Maceió e Caaporã (Paraíba). Entre elas, um clássico: com monólogos extraídos de “Hamlet”, “Medida por Medida” e “Macbeth“, de Shakespeare, o ator Thiago Lacerda apresentará “Quem Está Aí?”, no Teatro do Parque, com sessões nos dias 30 e 31. O Janeiro orgulhosamente estreará também na cidade os espetáculos “O Alienista – Casa de Loucos”, de Maceió; “Céu em Si”, de Belo Horizonte; “Esquecidos por Deus”, de Caaporã; e “A Mulher que Queria ser Micheliny Verunschk”, de Porto Alegre.

Teatro infantojuvenil traz clássicos como “O Pequeno Príncipe”, “A Bela e a Fera”, “Os Saltimbancos”, “Aladdin” e “Enrolados”, e também “O Livro da Alegria”, “Pra Não Dormir”, “Lua, Estrela e Baião”, “O Dia em que a Morte Sambou”. Na categoria circo, “Dunga In Concert”, “Circo Science – Do Mangue ao Picadeiro” e “Em Busca de um Emprego”. Em dança, entre outros, chegam os projetos “Cabras de Lampião – 30 Anos de Xaxado”, o musical “Capiba – Pelas Ruas Eu Vou”, o Festival Florescer de Danças Árabes e o Festival Pole Dance de Pernambuco. Ou seja, coisa demais, não é? Será que a gente, o público, dá conta?

Leia também
Festival Cumplicidades movimenta cinco teatros no Recife
“Na boca, muitos nomes” transporta versos dos livros para o palco do Hermilo
Pequeno Manual de Sobrevivência para mães artistas no Eufrásio Barbosa
Céu sangrando tinta chega ao palco do Teatro Hermilo Borba Filho
Teatro: “O estopim dourado” inspirado em obra de Hermilo Borba Filho
Apipucos com três dias de espetáculo gratuito sobre corpo e moradia
Dia Internacional da Mulher:Festival Rosa dos Ventres mostra suplício de Soledad Barret
Companhia de Dança Daruê Malungo leva Ogabára Obinrin ao Recife e Olinda
Festival Rosa dos Ventres ocupa Teatro Apolo e homenageia treze mulheres
Festival Rosa dos Ventres celebra protagonismo feminino
Mulheres ganham ruas e palcos na mostra teatral Rosa dos Ventres
Rosa dos Ventres no Casarão Maggilut
Coletiva Mãe Artista faz seminário sobre maternagem: “Deixa a peteca cair”
Mulheres viram atrizes ao levar peripécias da vida real para o palco
Mês da Consciência Negra: Começa a Semana Afro Daruê Malungo com doze espetáculos
Semana da Consciência Negra: Daruê Malungo coloca cultura afro em movimento
Recordança faz residência artística e depois apresentações gratuitas em Chão de Estrelas
Medusa, Musa, Mulher: Texto de Cida Pedrosa com Fabiana Pirro no palco
Marsenal: Violetas da Aurora levam palhacinhas dos brega ao Bar Teatro Mamulengo
Corpus Diversus leva à passarela 20 modelos com padrões G e etnias diversas
Recordança faz residência artística e, depois, apresentações gratuitas em Chão de Estrelas
Acervo Recordança pesquisa memória da dança em Pernambuco
Acervo RecorDança mapeia profissionais da dança com algum tipo de deficiência
Movimento Armorial: Livro, poeira sagrado e festa, os 25 anos do Grupo Grial
O frevo inclusivo de Werison
“O ser humano encantado do frevo”
Renata Tarub: dança e inclusão social
Grupo Totem faz noite de performances no Centro Luiz Freire
Artistas desafiam a segurança e fazem espetáculo noturno no Parque Treze de Maio
Sopro d´água: Que tal lembrar o dia da água assistindo um espetáculo de dança?
Coletiva Mãe Artista faz seminário sobre maternagem
Itacuruba, Cabrobó e Limoeiro ganham paisagens oníricas ao ladodo Velho Chico e do Capibaribe
Coletivo Lugar Comum transfere espetáculo “Segunda Pele” do palco para o mundo virtual
Coletivo Lugar Comum leva Cicatriz ao Teatro Hermilo Borba Filho

Corpo Ritual: Grupo Totem comemora 35 anos abrindo inscrições para oficina gratuita
Mulheres  ganham ruas e palcos com Mostra Teatral Rosa dos Ventres
Corpo Onírico junta sonho e natureza
Acervo e memória da dança em Pernambuco
O resgate do corpo ancestral
Entranhas e estranhas marcas: Dança, fêmeas, cicatrizes
Mostra de dança acaba com três espetáculos no Santa Isabel
Conceição em Nós: Dança retrata Morro
Capoeira vira patrimônio cultural e imaterial de Pernambuco
Mostra de dança tem DNA do frevo
Relacionamento abusivo vira espetáculo de dança “Eu Mulher”
Quando a dor do câncer vira dança
Dança sobre vida depois da morte
História de Brasília Teimosa vira dança
Entra apulso no palco: “Pode entrar”
Noite flamenca na terra do frevo
Quadrilhas ganham palcos
Chico Science redivivo
O homem de mola do Guerreiros do Passo
Jornada virtual, a dança da pandemia
Violetas da Aurora em movimento
Maracatu rural: as mulheres guerreiras
A única mestra de maracatu
Capiba, o gênio da música ganha espetáculo em sete ritmos
Cecília Brennand festeja mais um acerto do Aria Social com homenagem a Capiba
Capiba: Pelas ruas eu vou volta ao palco do Teatro Santa Isabel
Depois de arrebatar 75 prêmios, A Cor Púrpura faz temporada no Teatro do Parque
Mulheres viram atrizes ao levar peripécias da vida real para o palco

SERVIÇO
31º Janeiro de Grandes Espetáculos – Festival Internacional de Teatro, Dança, Circo e Música de Pernambuco
De 9 de janeiro a 2 de fevereiro de 2025
Programação e informações no site www.festivaljge.com.br
Ingressos:www.sympla.com.br/festivaljge 

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação

Continue lendo

2 comments

  1. Janeiro de Grandes espetáculos com programação para agradar gregos e troianos!Ótima matéria sobre o festival, detalhando as apresentações, locais de exibição e origem dos grupos de artistas.
    Merecida homenagem ao Grupo Vivencial Diversiones,um marco da expressão cultural ao transgredir conceitos sociais , de gênero e de protesto à ditadura.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.