Capiba, o gênio da música, ganha espetáculo em oito ritmos, da valsa ao frevo, do frevo ao baião

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Sei que o Brasil está fervendo, que tem muito assunto quente tirando o sossego de lideranças políticas e autoridades. Portanto, peço licença para tema mais ameno e que constitui uma homenagem a um baluarte da cultura pernambucana: Lourenço Fonseca Barbosa, o Capiba (1904-1997). É que o Aria Social está completando três décadas e decidiu comemorar o aniversário, presenteando o público com um musical imperdível dedicado ao compositor. Capiba – Pelas ruas eu vou ocupa o palco do Teatro Santa Isabel  nos dias 13 e 16 de outubro. E também em 03 e 06 de novembro, sempre a partir das 20h. Os ingressos já estão à venda e corra para comprar o seu, pois a demanda está  imensa.

Afinal, o musical tem a marca do Aria Social e direção geral de Cecília Brennand, responsável por espetáculos de dança inesquecíveis, como Lua Cambará, Peles de Lua e O nosso Villa. Assisti a um ensaio de Capiba pelas ruas eu vou, na sede do Aria Social, localizado  em Piedade, Jaboatão dos Gurarapes. Confesso que mesmo sem iluminação, cenário e figurino, o que vi já foi suficiente para despertar emoção. Fiquei, então, imaginando a força do que vou ver no palco, com todos os recursos cênicos. Vai ser emoção para dar e vender.  Primeiro, porque os 43 bailarinos cantores do espetáculo são alunos do Projeto Aria Social, que normalmente vivem em situação de vulnerabilidade e que têm a arte como uma ponte para novos caminhos.

Segundo porque Capiba é Capiba. Como pernambucana, amante do frevo e do carnaval, sua música sempre marcou minha vida. Terceiro porque, como diz a Maestrina Rosemary Oliveira, o homem “era um gênio”. Era bom em tudo. E versátil, pois compunha em todos os ritmos. Basta dizer que o espetáculo é uma harmoniosa miscelânea musical. Tem oito ritmos: baião, armorial, valsa, samba, maracatu, choro, ciranda e… claro, frevo que não poderia faltar, pois afinal é só pelo frevo que muita gente conhece o compositor. E o repertório tem 16 músicas de autoria do nosso “gênio”: Sem lei, nem Rei, São os do Norte que vêm, Recife Cidade Lendária, É de amargar, Buquê de minha amada, Rosa Amarela, Valsa Verde, É Tororó, Verde Mar Navegar, Minha Ciranda, Cem anos de choro, Missa Armorial, Bela, Chapéu de Sol, É frevo meu bem, Trombone de Prata. A maestrina formou um grupo para a parte instrumental, com violinos (primeiro e segundo), viola, violoncelo, contrabaixo, trombone, clarinete, flauta, saxofone, trompete, além de cinco percussionistas. A direção teatral é de Tuca Andrada.

Ícone da música em Pernambuco, mais conhecido pelas composições de frevo, Capiba tem estátua e inspira musical

Capiba nasceu em Surubim, cidade localizada a 124 quilômetros do Recife, onde passou a maior parte de sua vida. Ele respirou música desde a infância, pois era filho de um mestre de banda. Antes mesmo de aprender a ler, já entendia as partituras. Aos dez anos, dominava vários instrumentos de sopro e também começava a compor. Foi pianista do cinema mudo, teve uma “jazz band” e deixou  326 composições, que foram gravados por vários intérpretes, entre estes Chico Buarque, Nelson Gonçalves (1919 -1998), Elza Soares (1930-2022), Maria Betânia. A famosa cantora tem inclusive este nome a pedido do irmão mais velho, Caetano Veloso, que era apaixonado pela música Maria Betânia, de Capiba, e  um dos mais estrondosos sucessos de Nelson Gonçalves. Capiba também musicou poemas, inclusive os de outro gigante da cultura pernambucana, Carlos Pena Filho (1929-1960). Os ingressos custam R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia). Veja mais informações no serviço após o Leia também. Ao chegar no TSI, o público será saudado com um boneco gigante de Capiba by Sílvio Botelho.

E abaixo, você confere o ensaio de um pequeno trecho do musical Capiba – Pelas ruas eu vou

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Serviço

Evento: Musical Capiba – Pelas ruas eu vou
Quando: 13 a 16 de outubro e 03 a 06 de novembro
Horário: 20h
Local: Teatro Santa Isabel
Vendas: Sympla; na Sede  do Aria Social (Av. Ayrton Sena, 748, Piedade) ou bilheteria do Teatro Santa Isabel (Praça da República, 233, Santo Antônio); e também na sede de O Galo da Madrugada (Rua da Concórdia, 984, São José).
Ficha técnica: Direção Geral (Cecília Brennand), Direção artística e roteiro (Ana Emília Freire), Direção musical (Rosemary Oliveira), Direção Teatral (Tuca Andrada), figurino (Beth Galdêncio), professores (Dayvison Albuquerque, Rodolfo Alexandre e Rodrigo Lins)

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos e vídeo: Cepe / Acervo #OxeRecife,  Carlos Augusto e Letícia Lins 

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