Apipucos com três dias de espetáculo gratuito sobre corpo e moradia: “Doa,voa!” na Rua Caetés

Duda Freyre é uma pessoa versátil. Graduada em arquitetura, costuma partilhar saberes de bioconstrução em bambu, geralmente com mulheres residentes no bucólico bairro de Apipucos, na Zona Norte do Recife. Ela também realiza trabalhos de criação e produção cultural, principalmente na área da dança. Pesquisa a relação das artes com o meio ambiente e a interlocução entre a dança e a arquitetura. É especialista em dança como atividade terapêutica. Em Apipucos, é co-fundadora do Luíla e Pretinha Cineclube e  da Coletiva Mulheres LP. A ligação com Apipucos a motivou a escolher o bairro para a estreia no Recife  do espetáculo  “Doa, Voa!”, que será apresentado na próxima quinta-feira (18/4). E também no sábado (20) e no domingo(21).

Anote aí o local da apresentação: a sede do Grupo de Idosos Eternos Aprendizes, que fica na Rua Caetés, 592, Apipucos.  A Caetés é a primeira rua à direita, após a Igreja de Nossa Senhora das Dores, para quem vem pela Avenida Dezessete de Agosto, no sentido centro – subúrbio. A entrada é defronte da sede do 11º Batalhão da Polícia Militar. O acesso é gratuito, mas é preciso retirar ingressos até uma hora antes do espetáculo. Há acomodações para 50 pessoas por sessão. Duda Freyre vem aprofundando sua pesquisa de movimento e está ansiosa por apresentar seu espetáculo pela primeira vez no Recife, após ter passado pela Bahia. A artista escolheu começar pela comunidade de Apipucos porque vem realizando trabalho neste território desde abril de 2019.

No espetáculo “Doa, voa”, é construído um “zome” com babu, simbolizando a necessidade de moradias ecológicas

Naquele ano, com um grupo de amigos, ajudou a criar o Luíla e Pretinha Cineclube. Com a pandemia, os encontros, as sessões de cinema e os debates foram interrompidos. Mesmo assim, em 2021, foi criada a Coletiva Mulheres LP. Em cada local onde o projeto “Doa, voa!” pousa, há a construção de um “zome”  (estrutura sem colunas) com bambu e de um “diafragma” com palha. Ambos compõem o cenário do espetáculo. Ao final das apresentações fica a critério da comunidade se deseja dar algum uso ao zome.

“A união da consciência corporal, da compreensão da dança como algo pertencente ao nosso cotidiano, da necessidade de construção com afeto, harmonia e prazer, da feitura de um espaço que terá uma memória estética, que terá vivências de corpo, de dança, para a construção dos corpos necessários, seja a casa ou um banheiro seco, ou mesmo uma cisterna. Para cada corpo, uma estrutura coreográfica”, revela a artista Duda Freyre sobre a criação. O cenário, figurino e dramaturgia são de Geórgia Victor, designer que desenvolve objetos para reabilitação motora e fins educativos.

A circulação do espetáculo de dança contemporânea “Doa, Voa!”, que já esteve em Serra Grande BA), é também um processo de troca de saberes com mulheres sobre arquitetura com bambu e palha. O trabalho mescla conhecimentos da dança e da construção sustentável. A investigação da criação perpassa pela ideia de “corpo-casa”, entendendo os corpos edificados (casas) como possíveis extensões dos corpos humanos. Neste trabalho, Duda Freyre relaciona os ossos com estruturas de uma casa com “peles e fáscias”, com tecidos de diferentes densidades e flexibilidades.  O nome do espetáculo  “Doa, voa“! é, na verdade, uma sigla de “Dança Obra Arte, Vida Obra Arte!” . E remete ao voo, no sentido de “construção daquilo que acredita e através desse fazer, desse tecer, libertar a própria existência na espiral da vida, sabendo que toda construção perpassa também por reconstruções”, lembra Duda Freyre. Ela acrescenta:

“Se considerarmos a casa uma extensão do corpo humano e um corpo vivo, podemos construir paredes que respiram, observar que o teto liga esse corpo ao céu e o chão o conecta com a terra. “As construções de corpo e casa afetam as pessoas, a sociedade e impactam o ambiente. A construção desse corpo-casa pode ser saudável, seja para quem habita esse corpo, seja no que ele reverbera no planeta. Provocamos reflexões sobre a relação das pessoas e a construção de suas casas em seus territórios, numa perspectiva ética e política do cuidado e do bem viver”

O projeto cultural conta com com incentivo do Funcultura. E, abaixo, você pode conferir mais informações sobre Apipucos.

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SERVIÇO:
“DOA, VOA!”

Datas de estreia no Recife: 18, 20 e 21 de abril (quinta, sábado e domingo)
Horário: 19h30
Local:  Sede do Grupo de Idosos Eternos Aprendizes, Rua Caetés, 592, Apipucos, Recife-PE.
Ingressos: gratuito, link na bio do Instagram @‌doavoa8. Retirada 1h antes do espetáculo iniciar – capacidade 50 pessoas. Em caso de não comparecimento, os ingressos serão redistribuídos no horário do espetáculo.
Faixa etária: livre
Instagram: @‌doavoa8

Texto: Letícia Lins/#OxeRecife
Fotos: Cabo Cacc / Divulgação  

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