Bora Preservar: Passeio por segredos de becos como o do Sirigado e o dos Mariscos

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É claro que a efervescência não é a mesma dos dias úteis, quando você ouve  algum tipo de “pregão”, palavra que está sumindo do nosso vocabulário e que nos remete hoje ao procedimento oficial de licitação. Mas “pregão” para os mais antigos, são aqueles “slogans” que a gente costuma ouvir no comércio popular e que ainda pode ser observado em bairros como Santo Antônio e São José. É a forma que o vendedor de rua encontra para divulgar sua mercadoria. Assim mesmo, no grito. Mas percorrer os becos do Recife, em meio ao silêncio de um domingo, tem os seus encantos, pois há como observar melhor esses recantos esquecidos da cidade.

E foi o que fizemos hoje durante uma caminhada a pé, com o Grupo Bora Preservar, com o tema “Arruando pelos becos do Recife”. No roteiro: o Beco do Veado Branco, o Marroquim, dos Sete Pecados Mortais, do Sirigado, da Penha, do Marisco (foto superior), e  as lembranças do Beco do Passa Perna e do Aterro. Saímos da Praça da República, e o primeiro ponto de parada foi o Beco do Marroquim, que começa no Cais de Santa Rita, e sai ligando Rua da Praia, do Rangel e termina da Rua da Penha. E que começa largo e termina tão estreito, que por ele mal passa uma pessoa. Dizem que ele é o beco mais comprido do Centro Recife. Participantes da caminhada e antigos moradores do Centro lembraram que o beco era frequentado pela boemia nos anos 1970, porque dava acesso à Boate Mauá, um bordel que ficava na Rua do Rangel.

Depois, passamos no famoso Beco do Veado Branco, aquele que fica entre a Rua Direita e o Pátio de São Pedro. Durante a semana, o beco tem de tudo: da venda de roupas populares à prestação de serviços como amolar tesouras e alicates. Consta que o nome do beco vem de antigo morador, que criaria um veado branco no passado. E a Rua Tobias Barreto, onde já comprei muito queijo de coalho quando trabalhava no Centro? Pois no passado, segundo Emanoel Correia e Denaldo Coelho, chamava-se Beco dos Sete Pecados, pois lá havia casas de prostituição e era um antro de contaminação por doenças venéreas.

E o Beco do Sirigado, que tem gente que chama hoje de Beco das Calcinhas, devido às roupas íntimas populares que lá são comercializadas? É que no passado, lá havia peixarias e um dos peixes mais procurados era justamente o sirigado,espécie pouco comentada nos dias de hoje. Falar em produtos do mar, também fomos à Rua Frei Henrique, que de rua mesmo só tem o nome, de tão estreita. No passado, era chamada de Beco do Marisco, pois ali as pescadoras e pescadoras limpavam os moluscos, para colocar à venda no bairro de São José.

Também estivemos na Rua Barão da Vitória, onde antigamente havia o chamado  Beco do Aterro. Emanuel lembrou que alguns dos becos memoráveis já sumiram do mapa. Caso do Passa a Perna, que era tão estreito, que bastava uma pernada para “botar o pé do outro lado”.   E que sumiu com a implantação da Avenida Dantas Barreto. O passeio, que começou com um dia de sol, terminou com chuva, quando passamos por um beco com nome de Travessa, a do Falcão, que dá acesso à Avenida Dantas Barreto. Depois…foi só toró.

Posteriormente, o #OxeRecife faz a análise crítica dos locais por onde passou: ruas áridas, ruas descaracterizadas, ruas com acúmulo de lixo, ruas históricas esquecidas, monumentos pilhados…. Uma amiga disse que não foi ao passeio, porque tem tristeza ao ver o degradado centro do Recife. O que é uma pena. Uma cidade tão bonita….

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

2 comments

  1. Recife, uma cidade ao pé da letra tão bonita, mas infelizmente, como você diz no texto, dá pena. Eu participei da caminhada. Participei e também fiquei triste com o que vi. E pensar que poderia ser diferente; sim, porque beco é poético, mas os do Recife não. Muito bem, Letícia, boca no trombone, quem sabe um dia, os administradores criem vergonha na cara.

  2. Excelente texto sobre o Arruar pelos Becos do Recife, Letícia. Você conseguiu traduzir em palavras tudo o que foi o evento. Obrigado por tudo!

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