Forte do Buraco: tombado, destombado, tombado de novo, lindo e… abandonado

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Tombado em 1938, destombado em 1955 e tombado outra vez em 2002, o Forte do Buraco é desconhecido pela maioria dos recifenses. No livro Monumentos do Recife, o autor Rubem Franca lhe atribui apenas três linhas. “No instmo de Olinda, a Fortaleza do Buraco era uma das mais preciosas relíquias holandesas de Pernambuco”. E acrescenta: “Edificada pelos flamengos no século 17. Em ruínas”. E só. Pois na segunda-feira, a fortaleza foi alvo de uma expedição, da qual fizeram parte técnicos de várias instituições, incluindo a Marinha, do Exército, da Universidade Federal de Pernambuco, Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

A expedição  (foto ao lado) foi organizada a pedido do Iphan,  aproveitando-se a presença de técnicos no Recife, em seminário para discutir os processos que podem conferir (pela Unesco) o título de patrimônio mundial  a 19 fortes brasileiros. Em Pernambuco, os candidatos ao reconhecimento internacional são três: o das Cinco Pontas, o do Brum (ambos no Recife)  e ainda o de Orange (que fica na Ilha de Itamaracá). O do Buraco, em ruínas, não está incluído, o que é uma pena. Poderia até virar atração turística.

“A intenção é dar um aproveitamento turístico à região onde fica o Forte do Buraco, assim como entender como  funcionava o sistema fortificado”, diz Betânia Araújo, Diretora do Museu da Cidade do Recife, que é instalado no Forte das Cinco Pontas. E que participou da expedição (foto acima, à esquerda). “A região onde fica o Forte do Buraco é bonita, tem muita vegetação mas infelizmente também está com muito lixo”, completa. Construído pelos holandeses em 1630, o Forte do Buraco mudou de nome em 1631:  passou a chamar-se Madame Bruynne, em homenagem à esposa do general holandês Theodoro Waerden. Era construído em terra batida, como a maioria das fortalezas erguidas pelos holandesas. Quando os flamengos se retiraram, em 1654, os portugueses assumiram a área, e o recobriram o forte com pedras.

O Forte do Buraco tem esse nome porque ficava ao lado de região chamada Buraco de Santiago. As suas ruínas estão por trás da Escola Aprendizes Marinheiros e da Vila Naval, à altura da Praia do Instmo, popularmente conhecida como Punta Del Chifre. O Forte foi tombado pelo Iphan em 1938. Mas na década de 1950  foi destombado a pedido da Marinha, que precisava construir na área. Parte dele chegou a ser dinamitado.

Mas em 2002, o que sobrou da demolição foi novamente tombado pelo Iphan. Tão antigo quanto o Forte do Brum, o do Buraco tinha objetivo de defender a barra dos navios inimigos que tentassem entrar no Porto do Recife.  Do nosso grupo, Preservar Pernambuco, participou o  engenheiro Denaldo Coelho.  A expedição foi organizada pelo Diretor da Fortaleza do Brum, Coronel André Monteiro, e viabilizada pela Marinha (que cedeu embarcação). E foi muito oportuna, porque estavam no Recife técnicos de todo o país e do exterior, que participaram de Seminário Internacional de Fortificações Brasileiras – Patrimônio Mundial, no qual se discutiu os caminhos para o reconhecimento de fortes pela Unesco.

Veja no vídeo abaixo, no qual Adler Homero Fonseca de Castro (Iphan) explica a importância do Forte. O vídeo é de autoria de Roberto Alves:

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Texto:  Letícia Lins / #OxeRecife
Foto e ilustração: Denaldo Coelho / Grupo Preservar Pernambuco
Vídeo: Roberto Alves / Feedback Studio de Criação /Cedido pela Expedição ao Forte do Buraco

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2 comments

  1. Primeiramente, parabéns pelo site e pelos perfis nas redes sociais. Eu os acompanho há um bom tempo e considero todas as postagens sempre muito pertinentes.

    Quanto à esta matéria, gostaria apenas de esclarecer que o atual Forte do Buraco é uma construção portuguesa inaugurada em 1705 sob a denominação de Forte de Santo Antônio. Naquela região, os holandeses haviam construído o Forte Madame Bruyne, com muralhas de terra. Este forte holandês era conhecido pela população como Forte do Buraco porque aquele local era conhecido como Buraco de Santiago. Apesar do Forte de Santo Antônio ter sido construído pelos portugueses décadas mais tarde, em pedra e um pouco mais ao norte do primitivo forte holandês, a população também lhe atribuiu o apelido de Forte do Buraco.

    O mesmo ocorreu com os fortes do Brum e das Cinco Pontas. Ambos são fortes portugueses construídos sobre os antigos fortes holandeses. Eles se chamam Forte de São João Batista e Forte de São Tiago, respectivamente, mas permanece no imaginário popular seus apelidos do período holandês.

    Quanto à expedição realizada ao Forte do Buraco em 2019, eu estive presente, pois faço parte do Comitê Estadual do IPHAN como consultor para a elaboração do dossiê de candidatura dos três fortes pernambucanos ao título de Patrimônio Mundial.
    A situação do forte é lamentável! É uma pena que não tenhamos acesso a ele, que não se tire proveito da área para fins turísticos e recreativos.

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