“Atende Recentro” comemora dois dias de negociações com “investidores”

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Diferença, mesmo, no centro do Recife, a gente não vê nenhuma, não é mesmo? Ruas centrais e antes efervescentes, como a Nova, a Imperatriz e a Duque de Caixas permanecem com a paisagem de sempre: lojas fechando, prédios vazios, e ambientes inóspitos, necessitando de equipamentos urbanos que lhe emprestem paisagem mais acolhedora e humanizada.  Mesmo assim, a Prefeitura do Recife, via Gabinete do Centro (Recentro) não cessa de comemorar as conquistas e evoluções  do trabalho oficial, cujos resultados o público não vê, naquela área central da cidade, que já teve tanto charme. É que continua tudo do mesmo jeitinho de antes. Falta segurança, planejamento urbano, acolhimento, movimento, vida. VI-DA!

A última comemoração do Recentro foi o resultado da segunda edição do Atende  Recentro, que se realizou entre os dias 22 e 23 de outubro, em ambiente cheio de sofisticação, a Casa Cor Pernambuco. E portanto, bem distante da realidade enfrentada nas ruas de bairros como São José, Boa Vista, Santo Antônio. Nos dois dias do evento, “130 proprietários de imóveis e investidores do Centro” foram atendidos. Mas destes, só doze “garantiram que, a partir de 2025, eles terão acesso a diversos benefícios fiscais, entre eles, a isenção do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU)”. São donos de prédios históricos, segundo a PCR.  Porém não foi dito a contrapartida desses proprietários: reformar, evitar atentados estéticos, transformar os prédios em estabelecimentos comerciais, moradias? O que farão para ajudar a viabilizar o centro da cidade? Essa pergunta ainda está sem resposta. E o povo do Recife quer saber!

Quando não é loja vazia é prédio emporcalhado como na foto. Infelizmente o centro do Recife parece um cemitério

Reforçando, a sociedade e os amantes do Recife precisam sim, saber o destino que terão os prédios, diante dos benefícios concedidos. Há imóveis caindo no centro, como o que morou Clarice Lispector (Praça Maciel Pinheiro) e aquele onde nasceu o abolicionista Joaquim Nabuco (Rua da Imperatriz). Eles estão entre os doze? O que será feito deles? E aquele onde “morou a emparedada da Rua Nova?”, que poderia ser uma atração turística interessante, já que o livro de Carneiro Vilela (1846-1913) até hoje alimenta o imaginário popular, nessa terra de tantas lendas urbanas e assombrações. O romance é um dos mais conhecidos da cidade e um dos mais falados. Ao ponto de seus personagens se confundirem com a vida real.

Além dos doze proprietários de prédios históricos que garantiram que, a partir de 2025,  terão acesso a diversos benefícios fiscais (entre eles, a isenção do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU)), quinze outros estão com processos tramitando na esfera municipal para também se beneficiar da Lei do Recentro e reduzir tributos nas operações, segundo o Recentro.  Os executivos Marco Antônio Costa e Flávio Domingues foram conferir o pool de serviços oferecido pela Prefeitura do Recife e “saíram satisfeitos”, conforme nota distribuída pelo Recentro, com balanço do evento. Pelo menos, disseram a que vieram. “Somos potenciais investidores da área de moradia do Centro e o que vimos aqui foi um grande facilitador de negócios. Somos atendidos por quem realmente é da área, que nos ajudam com orientação específicas e acabam clareando muito as coisas”, comentou o primeiro. E moradia tem que ter, com regras, com cuidado, com disciplinamento para manter vivo o centro e viável.

Urbanistas, como Amélia Reynaldo e Suely Jucá Maciel, estiveram presentes no segundo dia, e se direcionaram para o atendimento do Cartório de Imóveis, para saber se era possível ter acesso às certidões e escrituras dos imóveis localizados no Centro, pois, quando solicitada pelos seus clientes, facilitam em muito todo o processo. “No Centro do Recife temos imóveis do século 19, que no cartório a referência era a venda de seu fulano que não existe mais. Um só dia que se passa sem a documentação correta, significa uma perda significativa de dinheiro. Sem a escritura não se consegue sequer um financiamento”, comentaram.  Ou seja, trabalho e, muito, pela frente. Ambas são grandes profissionais e atentas aos prejuízos estéticos e às consequências do abandono do Centro. Profissionais como as duas, com certeza, farão a diferença.

A chefe de Gabinete do Centro, Ana Paula Vilaça, elogiou a própria iniciativa. “O Atende Recentro é um evento que está se consolidando pela capacidade de resolubilidade que temos dado aos casos que atendemos. O atendimento é personalizado e estamos finalizando estes dois dias com uma amplitude na geração de negócio para o Centro, que é o que o prefeito João Campos tem procurado proporcionar com os benefícios”, afirmou. Resta saber até que ponto esses “negócios” vão contribuir para mudar o perfil da área central do Recife, onde as soluções lembram mais um aperreio e uma improvisação do que um esforço de urbanização e revitalização. Por enquanto, pouca mudança se observa. O que sei é que não é preciso mágica. Basta vontade política, inspiração e procurar exemplos de revitalização que deram certo em tantas partes do mundo, não é?

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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