Tenho ficado ligada nas promessas dos candidatos à Prefeitura do Recife, mas até o momento ainda não ouvi nenhuma proposta consistente para resolver o problema do esvaziamento e da crescente decadência do centro da cidade. Infelizmente parece até que a revitalização de bairros como a Boa Vista, Santo Antônio, São José e o próprio Recife Antigo constitui um problema menor. Não é. Só na Rua da Imperatriz, nesta semana, contei 45 lojas fechadas. Placas de aluga-se são numerosas, mas inquilino que é bom… nada. A Imperatriz está virando uma via fantasma.
O Recife precisa, urgente, de cuidar do centro que está sucumbindo ao abandono. Já tenho lembrado aqui, muitas vezes, a situação de ruas como a Nova e a Imperatriz que, no passado, eram as artérias sofisticadas do comércio da cidade. Tudo bem, que vieram os shopping centers. E, com eles, as facilidades para o estacionamento, temperatura amena, a segurança e outros requisitos ofertados pelos templos do consumo. Não gostaria de dizer que as duas vias – tão frequentadas no passado –tenham que repetir a fórmula dos shopping centers para que recuperem seus consumidores e frequentadores. Mas como perguntar não ofende, aí vão indagações para o Prefeito João Campos (PSB), para Ana Paula Vilaça (do Recentro), e a todos os consultores que prestam serviços à Prefeitura para melhorar o aspecto e revitalizar o centro da cidade. E também a todos os candidatos à sucessão municipal. As perguntas são:
Qual o atrativo que lhe oferece a rua da foto acima? Pelo fato de não ter trânsito na Rua Imperatriz, você poderia chamá-la de “humanizada”? Tirando a parte superior dos prédios antigos (porque a inferior sempre é descaracterizada com o aval dos órgãos públicos) qual o elemento da paisagem que mais lhe chama a atenção na mesma foto? Quais equipamentos que, na mesma foto, faltam para estimular a convivência da população? Responda rapidamente: a rua da Imperatriz lhe lembra um jardim ou mais um retalho da selva de concreto que a cidade vem se transformando?
A foto superior me foi enviada pelo amigo e companheiro de caminhadas, Alexandre Trindade. “Estive ao meio dia na Rua da Imperatriz, e encontrei esse cenário triste”, diz ele, ao contemplar apenas uma mulher caminhando e uns gatos pingados, à distância.
O resto é o que se sabe: lojas fechadas, mendicância nas calçadas, risco de assalto no meio de tamanho deserto. Sinceramente, não é preciso mágica. Um pouco de criatividade, baixo custo e alguns equipamentos já contribuiriam para deixar a Imperatriz um pouco mais alegre. Do jeito que está, parece um funeral de um morto solitário. Meu Deus…. Tem mais. Por conta de sua precária arborização, o centro da cidade está virando uma ilha de calor. De cada dez ruas que a gente passa, pelo menos quatro não possuem, sequer, sinal de verde. Não há canteiros, jardins e muito menos árvores plantadas, mesmo que sejam de pequeno porte. Custava nada fazer uma intervenção com um pouco de verde e uns banquinhos de praça na Rua da Imperatriz, por exemplo? A beleza dos prédios seculares também sofre atentados estéticos constantes, sem que o poder público faça alguma coisa para evitar essa bagaceira. A foto vertical onde aparecem um verde e um vermelho mostra bem um exemplo do que pretende mostrar o #OxeRecife. É que no centro da cidade, as intervenções são sempre para pior.
E não é só na Rua da Imperatriz não. Tirando o Recife Antigo – Rua do Bom Jesus e adjacências – o que acontece no resto do centro é o que vocês estão vendo. “Reformas” que deveriam ter outro nome: mau gosto. Isso se repete até mesmo em edificações mais imponentes, como o bonito imóvel onde funcionou o antigo Hotel do Parque (foto abaixo), cujo andar térreo hoje se resume a revestimentos frios de mármore, que até lembram as lápides dos cemitérios. Não, o Recife – sinceramente – não merece isso. A paisagem e a cidade existem não para ser vilipendiadas, mas sim para que sejam respeitadas a sua arquitetura e identidade.
Os atentados estéticos não ocorrem só na Rua da Imperatriz não. Tirando o Recife Antigo – Rua do Bom Jesus e adjacências – o que acontece no resto do centro é o que vocês estão vendo. “Reformas” que deveriam ter outro nome: mau gosto, a maior parte feita pelos próprios comerciantes, com a tolerância dos agentes públicos. Isso se repete até mesmo em edificações mais imponentes, como o bonito imóvel onde funcionou o antigo Hotel do Parque, cujo andar térreo hoje se resume a revestimentos frios de mármore, que até lembram as lápides dos cemitérios. Não, o Recife – sinceramente – não merece isso. A paisagem existe não para ser vilipendiada, mas sim respeitada a sua identidade.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Alexandre Trindade / cortesia e Letícia Lins / #OxeRecife
Leticia, muitos Artistas que vinham se apresentarem no Teatro do Parque em meados da década de 70 do Século Passado no “Projeto 6 e meia” , se hospedaram no Hotel do Parque. Em 1976 fugi da Universidade para assistir dois Gênios da Música Brasileira naquelas apresentações, o Carlinhos Vergueiro e Cartola, imagine que noite memorável, inclusive no final do show fomos cumprimentar os artistas e eles nos convidaram para tomar umas cervejas nos Bares em frente ao Teatro do Parque e o Cartola disse que estava hospedado no Hotel do Parque. O Recife fervilhava e as ruas estavam repletas de pessoas procurando viver sua noite nas ruas do Recife. Gostei da sugestão de provocar os candidatos a Prefeito para que eles mostrem se tem Projetos para a Revitalização do Centro do Recife. Me parece que a Governadora Raquel Lyra tirou o marasmo do Centro do Recife transformando alguns Imóveis abandonados em Moradias, ótimo, alguma coisa tem que ser feita urgentemente. Para piorar o Mercado de São José vai ser reformado, e, como vão sobreviver os Locatários do Mercado nesses instantes, o clima é de desespero e temor do que virá diante do abandono do Recife e a Insegurança Administrativa , basta conversar com os Locatários. Se a Governadora vai habitar o Centro do Recife, temos que também trabalhar para revitalizar o Comércio, Indústria e Serviços daquelas ruas, complementando a Recuperação Econômica e Social do entorno. Foi assim, desde os Mascates, Feiras Livres que foram absorvidas pelos Mercados e consequentemente vieram Habitação Moradias e Habitação Comércio, Indústria e Serviços formando a Cidade e seus Bairros Históricos e o Recife crescendo uno e grandiosamente na Economia e nos aspectos Social e Cultural, tudo que falava e pensava a Cidade para o Cidadão formava a Cidadania que vive, pensa e trabalha na Cidade e para a Cidade, pensemos nisso, foi assim que o Recife nasceu e agora mais do que nunca precisa nascer novamente. E o Recentro, quando vai escutar o Cidadão e oferecer alternativas para a Revitalização do Centro do Recife ? O Recentro vive muito em Colunas Sociais e haja “CEO DISSO, CEO DAQUILO” e a Cidade morrendo de Inanição Administrativa . Algum Poeta recifense falou que tinha medo de passear por nossas ruas depois de muito tempo fora do Recife, com medo de procurar ruas e não mais as encontrarem, e nós, sobreviventes ainda moradores já ficamos perdidos. Minha Filha e algumas amigas de Universidade queriam conhecer o Centro do Recife e mais do que feliz as levei, e surpreendidas pelos nomes do espaço me perguntaram onde ficava a Rua do Veado Branco , essa rua fica no final da Rua Direita rumo ao Livramento bem na esquina e com temor levantei minha cabeça e como fiquei feliz que o Veado Branco estivesse alí muito triste e abandonado, desse ponto se avista o Pátio de São Pedro o Centro Turistico Oficial do Recife e naquela calçada tinha o Sarapatel do Gregório, grande Amigo do meu saudoso Pai João Xavier, amizade feita nas feiras do interior tentando vir morar no Recife. E as meninas me intimaram para trazerem suas amigas de Universidade para um passeio maior nas ruas do Recife. Moram no Recife e não conhecem o Recife, foi o que elas me disseram. O Recife é um caso de Amor eterno em meu Viver ! E as outras ruas, como estão nessa solidão coletiva ????
Parabéns pelo excelente texto, Letícia! Você foi extremamente cirúrgica ao abordar o abandono das ruas do centro, especialmente a Rua da Imperatriz e seus arredores, tanto no contexto da gestão atual quanto em relação aos candidatos que aspiram assumir o cargo. Sou testemunha do quanto você tem alertado sobre esse problema, e é realmente desolador ver a condição desses logradouros, especialmente para aqueles que os conheceram em seu auge.
Embora eu tenha consciência de que é difícil imaginar um retorno ao dinamismo de outrora nessas áreas, ainda mantenho a esperança. Temos exemplos de cidades onde o comércio de rua convive harmoniosamente com os shoppings, um dos fatores principais dessa mudança.
De qualquer forma, é extremamente positiva a ideia de aumentar a presença de moradores no centro, pois isso traria vitalidade de volta à região. Além disso, o plantio de árvores e a instalação de bancos são ações fundamentais para essa revitalização.
A indagação que dá título ao seu texto é a mesma minha, Letícia. Tenho assistido o programa eleitoral na esperança de ouvir algum candidato a prefeito mencionar o que pretende fazer para recuperar o centro da cidade. E toda noite eu me frusto; nenhum deles toca no assunto, é como se o centro da cidade estivesse em perfeito estado: limpo, bonito, bem policiado e sem ninguém em situação de rua dormindo nas calçadas.