Temperatura amena, chuva e “estiagem” em casa

Boa parte dos moradores da Zona Norte – Apipucos, Monteiro, Alto do Mandu, Alto do Buriti, Guabiraba – vivem uma “estiagem” forçada, em pleno inverno. Estão sem água desde o último domingo. As torneiras devem ficar secas até o próximo dia 10. Ou seja, um calvário de  mais de uma semana imposto a uma população que paga imposto, paga as contas e sem um recurso tão fundamental para a vida, que é a  água. Mesmo as pessoas que têm reservatórios em casa – como é o meu caso (três) – já estão amargando a seca nas torneiras, em pleno inverno.

Tanto tempo assim sem água só foi vivenciado pelos residentes no último grande racionamento, ainda no final do século passado, quando a população do Recife se desembestou a furar poços nos seus quintais ou condomínios, e a cidade terminou virando o que os especialistas chamavam em uma “tábua de pirulitos”. Do jeito que a coisa vai, a tendência vai se repetir. Não é a primeira vez, nesse semestre, que o bairro onde resido fica sem água por vários dias. Um horror!

Para quem vive em clima quente e tem o hábito de tomar vários banhos por dia, a situação está complicada. E só não é pior, porque a temporada invernosa está nos garantindo uma temperatura mais amena (foto) e uma umidade excessiva, que nos dá sensação térmica ainda menor. A população que reside na comunidade do Areal, à margem do Capibaribe, tem ido pegar água no Parque da Macaxeira, onde deve ter reservatório, porque o bairro também está afetado.  Hoje botei baldes nas biqueiras e na chuva para pegar água para lavar prato. O pior: a água sumiu sem aviso prévio da Compesa. A comunidade não teve – sequer – o direito de ser avisada e de se preparar para a “estiagem” nas torneiras. Também não recebeu depois nenhuma explicação pública, via meios de comunicação. Ontem, enquanto o SAC dizia que a água chegaria hoje, o mapa de abastecimento no site da Compesa sinalizava que Apipucos e bairros vizinhos ficam no vermelho, ou seja, “em manutenção”. O que equivale a dizer, ficamos como estamos.

Os quadrinhos brancos do calendário que indicam falta de abastecimento não constam no calendário de abastecimento da Compesa, embora a água tenha sumido de nossas casas. Registrei dois protocolos na Compesa. Um vizinho registrou um terceiro, contra o descaso, Inicialmente, a água chegaria no dia 5, ou seja, hoje. Mas no meu último contato, informaram que só no dia 10.  No Serviço de Atendimento ao Cosumidor, a Compesa informa que está havendo “um reparo em conjunto de bombas”. E só. Não envia um caminhão pipa para socorrer seus usuários. Eu e um vizinho tentamos recorrer a um serviço particular. Mas eles informaram que, na nossa praça, “as mangueiras não chegam” aos reservatórios. E agora? A Compesa não tem plano B. E nós, prejudicados, até que teríamos. Mas não há como recorrer ao serviços particular. Vergonha!

Em nota, a Compesa informou que está havendo “impacto no abastecimento” ou “queda de pressão”  nos bairros de Macaxeira, Córrego do Jenipapo, Nova Descoberta, Alto  do Burity, Alto do Mandu, Alto Santa Isabel e Apipucos. A empresa informou que o problema se deve  a uma “manutenção emergencial em duas estações elevatórias pertencentes ao Sistema Poços da Guabiraba”. Disse, ainda,que realmente os serviços ficariam prontos no dia 5/8 mas que tiveram de ser prorrogados por conta  da “complexidade das intervenções”.

Ou seja, água em casa, só semana que vem. Porque o que está acontecendo pode ser “impacto no abastecimento” e “queda de pressão”. Para o consumidor, é torneira seca mesmo! O que não deixa de ser um horror. Em pleno século 21, não ter água em casa, porque a companhia distribuidora não tem um plano B para emergência como essa.

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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife

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