Pensem em um japonês para gostar do Brasil. E o amor é tanto, que ele já visitou o país “somente” 22 vezes. Kenichi Fujimoto, mais conhecido por Willie Whopper, levou para Tóquio a admiração que tem pelo nosso país. Ele gosta da paisagem, da cultura, da música, da gastronomia e sobretudo das pessoas que considera “muito simpáticas” e hospitaleiras. A ligação é tão forte, que decidiu levar um pedacinho do Brasil para a capital do Japão. Em 2006 fundou o Barzinho Aparecida. Não é difícil imaginar a razão do nome, pois Aparecida é a Padroeira do Brasil.
O Aparecida fica em Heiwa-Dori (Rua da Paz), em Nishi-Ogikubo, Tóquio. Segundo a Paula Hirakawa (na foto de colete vermelho), é uma via repleta de pequenos bares. Paula, que é professora de Pilates, é descendente de japoneses e sempre visita os parentes que residem naquele país. Já Willie apaixonou-se pelo Brasil e sobretudo pela nossa cultura, quando tinha apenas 16 anos. “Foi quando assisti um show de Tom Jobim em uma emissora de TV”, lembra. Desde então, Willie cultiva tudo que pode, para manter viva a cultura do Brasil no Japão.
Pelo seu bar já passaram figuras ilustres do mundo artístico, como Fernanda Takai, Flávio Venturini, Roberto Menescau, Yamandu Costa, Tulipa Ruiz, entre outros. No Barzinho Aparecida há sempre música ao vivo, seja por artistas brasileiros ou japoneses.
Mas o cardápio musical, claro, tem que ter MPB. E a programação cultural não fica nisso só não. Além de shows, acontecem ali aulas de português, aula de pandeiro, e os japoneses até aprendem a tocar forró. E tocam, como vocês podem observar no vídeo abaixo, feito lá no Aparecida. O bar também publica uma revista com distribuição gratuita, que sempre aborda a cultura brasileira. Embora seja escrita em japonês, a publicação tem o nome inspirado adivinhem em quê. É só olhar para ver que ela nos remete a um lado bastante popular da cultura brasileira e mais ainda da nordestina, o Cordel. Whopper gosta de observar toda a cultura brasileira. No Aparecida, as boas vindas são feitas em português, há sempre uma Bandeira do Brasil na decoração, inclusive na vidraça que dá para o lado da rua. Todas as referências do bar são sobre a MPB, a literatura popular, os personagens folclóricos (como Lampião e Maria Bonita) e até os santos.
O dono do Aparecida já esteve até mesmo em Caruaru. Na cidade – localizada a 130 quilômetros do Recife – viu sua feira, os cantadores e também as cerâmicas produzidas no Alto do Moura. Ele informa que além do programação musical brasileira, o cardápio do Aparecida inclui opções da nossa gastronomia: “feijoada, linguiça, açaí na tigela, caipirinha, batidas”. E relata que até os sucos servidos são à base de nossas frutas: “goiaba, manga, maracaujá, coco, abacaxi com hortelã”. Durante as Olimpíadas de Tóquio infelizmente os brasileiros que lá estão nem podem comemorar as medalhas no Aparecida. É que devido ao estado de emergência por conta da pandemia, os bares não estão funcionando. “Antes da Covid-19, eu passear muito com turistas brasileiros”, diz ao #OxeRecife, em meio a um português sem tantas exatidões gramaticais, mas recheado de admiração pela nossa cultura.
Vejam só o vídeo abaixo:
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos e vídeo: Paula Hirakawa / Cortesia