Novidade nada ecológica no carnaval de 2023 no Recife: famigerados confetes de plástico

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Carnaval é bom, mas exige cuidado com a natureza. E são poucas as gestões públicas e agremiações privadas que fazem cálculos para as devidas compensações ambientais. No Recife, só conheço duas que tomam  providências, ecologicamente corretas: O Grito da Véia e o Saia dessa Noia. Ambos ganham as ruas na semana pré-carnavalesca, são de pequeno porte e nem de longe chegam perto, por exemplo, dos gases  gerados por trios elétricos como os  30 usados  no desfile de O Galo da Madrugada ou os oito que acompanharam  A Turma da Jaqueira Segurando o Talo.

Alguém por acaso ouviu alguma fala ou providência do Talo ou do Galo em relação a algum tipo de compensação ambiental? No caso de O Grito da Véia,  o cálculo da compensação é feito com critérios científicos, e depois a agremiação repassa para empresa especializada a responsabilidade do plantio de tantas árvores quanto necessárias. O segundo é mais empírico,  porém igualmente preocupado com a natureza. Passado o carnaval, seus organizadores costumavam fazer plantios próximos aos locais de concentração e desfile do bloco. Não consegui contato com os organizadores para atualizar a informação de 2023.

Confetes são uma tradição do carnaval. Mas confete de plástico é mais um atentado contra a natureza (foto superior)

Em Pernambuco, são poucos os municípios que se organizaram para fazer coleta seletiva do chamado “lixo do carnaval”: latinhas, garrafas de plástico e outros resíduos recicláveis. Nesse ponto, o exemplo a ser seguido é de Olinda, destaque nessa área desde 2020 e que entra ainda mais organizada em 2023. Em 2023, felizmente cresceu muito entre as foliãs a demanda por glitter biodegradável e outros microplásticos brilhantes, que tanto preocupam os ambientalistas. A preferência por glitter biodegradável, por exemplo, cresceu bastante depois do alerta de cientistas, com relação às  consequências desses materiais para a fauna de rios e mares. E também para os homens, já que ninguém vive sem água, não é?

Porém apareceu uma “novidade” preocupante no carnaval #VolteiRecife. Lembra-se do confete, aquelas rodinhas de papel que até hoje tem quem use? Pois no Recife Antigo o confete agora é quadrado. E a matéria prima não é papel. É que tem gente vendendo confete de emborrachados. Já pensaram? Não se degradam como os de papel, vão entupir galerias e chegar aos rios e oceanos para engasgar nossos peixes e outros animais aquáticos. O alerta é de Carlos Alberto Alves da Silva, amigo e leitor aqui do #OxeRecife. E também da natureza. Ele denuncia:

“Hoje (domingo) à tarde, no Recife Antigo, mais precisamente na Praça do Arsenal, vi algo que me deixou triste e preocupado. Vi ambulante vendendo confete de emborrachados. É um risco para crianças, que podem engolir ou aspirar esses minúsculos pedacinhos, sem contar com o risco ambiental. Esses confetes vão para as galerias, rios e mares, poluindo e matando peixes, aves, principalmente as tartarugas. Os animais podem confundir com alimentos. Bem colorido, chamam a atenção. Não comprem. Se puder, denunciem!

Carlinhos, como é chamado na intimidade, é uma pessoa completamente ligada nas questões da natureza. Sempre que faz suas caminhadas solitárias ou em grupo, ele leva uma muda de fruteira para plantar, que tanto pode ser nativa ou exótica, porém já aclimatada no Brasil e até confundidas pela população com a flora local. Dois exemplos:  cajueiro (que é brasileiro) e mangueira (que é originária do Sul e do Sudeste asiáticos), porém está totalmente integrada à paisagem brasileira em geral. E à pernambucana, em particular.

Segundo Carlinhos, a ambulante estava com um saco grande, vendendo os “confetes” quadradinhos e emborrachados, em frente ao Paço do Frevo. Logo nesses tempos, que se fala tanto em logística reversa. Pois, com perdão do trocadilho, o confete quadrado não é uma “reciclagem inversa”?

Fica, portanto, o alerta aos órgãos competentes. Fiscalização é bom, e todo mundo que é responsável, gosta! Se a moda do confete de borracha ou plástico pega…. Meu Deus, nem quero pensar!

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos:  Carlos Alberto Alves da Silva e Peu/ PCR / Divulgação

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