Depois de lançar, no último sábado, o livro “O Brasil Holandês”, o Senador Humberto Costa (PT) quer, agora, o traslado dos restos mortais do príncipe Maurício de Nassau para o Recife. Ele pretende que eles fiquem na Rua do Bom Jesus, no Bairro do Recife. Pelo menos, este foi o assunto tratado, hoje, entre o petista e a Embaixada da Alemanha, em Brasília, onde o pernambucano entregou formalmente sua proposta.
“Estamos trabalhando nesse processo da Kahal Zur Israel e, tendo em conta a imensa contribuição de Nassau ao desenvolvimento das artes, da ciência, da economia, da arquitetura do nosso estado, pensamos que trazer os seus restos mortais ao Recife, na ideia da construção de eventual mausoléu, integrado a um conjunto cultural com a sinagoga, que sirva como referência à reflexão histórica sobre esse período”, disse o senador. É que a liberdade religiosa foi uma das marcas do governo de Nassau, o que atraiu muitos judeus ao Recife, onde eles fundaram a primeira sinagoga das Américas, justamente a Kahal Zur Israel.
A Zahal foi fundada em 1636, e fechada 18 anos depois. Em 2000, foi restaurado e é hoje uma das atrações turísticas do Recife. Ela fica na Rua do Bom Jesus, antiga Rua dos Judeus e busca reconhecimento como patrimônio histórico e artístico nacional e também mundial, junto à Unesco. Com o fim do período flamengo, os judeus foram para Nova York, onde fundaram uma grande sinagoga. Contratado pela Companhia das Índias Ocidentais, Nassau foi governador-geral do Brasil Holandês entre 1637 e 1643. Alemão, ele era um conde integrante da Casa de Orange e veio para Pernambuco com a maior missão artística e científica a cruzar a Linha do Equador até então. Trouxe pintores, como Frans Post e Albert Eckhout, arquitetos, astrônomos, naturalistas, que mudaram a paisagem do Recife e legaram empreendimentos, como o primeiro observatório astronômico das Américas. Deve-se a Nassau, inclusive, o primeiro planejamento urbano da cidade.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Roberto Stuckert Filho / Divulgação
