“Céu sangrando tinta” chega ao palco do Teatro Hermilo Borba Filho

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O título do espetáculo de dança contemporânea é muito forte: “Céu Sangrando Tinta“, que será apresentado sexta e sábado (24 e 25 de maio) no Teatro Hermilo Borba Filho, às 20h e 19h respectivamente. E que volta a ocupar o palco da casa localizada no Cais do Apolo, mais uma vez, no mês de junho (dias 14 e 15). O acesso é gratuito e o recado da montagem é ainda mais inquietante que o título: “Que vida é tão frágil a ponto de ser descartada como um pedaço de papel”? Tem indagação mais atual nesses tempos de tanta violência urbana e guerras insanas?

O que acontece é que o espetáculo convida o público a refletir sobre a fragilidade da vida e a resistência frente ao caos, explorando os limites do corpo e da expressão através da dança. Em um mundo onde a violência e a indiferença são banalizados, a obra desafia e praticamente contesta a noção de existência cada vez mais descartável. Importante: em 20 anos é  a primeira vez que  que o edital  “O Solo do Outro”, do Teatro Hermilo Borba Filho, premia uma mulher trans no cargo de diretora e criadora da obra. No caso, Catarina Almanova.

Céu sangrando tinta” é inspirada no conto “O General está pintando”, de Hermilo Borba Filho

No espetáculo de dança contemporânea “Céu Sangrando Tinta”, ela é responsável pela direção, idealização, pesquisa e concepção. A obra faz interseção entre violência, opressão e fragilidade. A nossa  fragilidade. Aliás, a fragilidade de nossas cidas. E é inspirada no conto “O General Está Pintando“, de Hermilo Borba Filho (1917-1976). O elenco, a criação e a pesquisa são assinadas por de Catarina Almanova, Bob Silveira, Rebeca Gondim e Silvinha Goes. Em cena, quatro personagens enfrentam a monotonia de uma existência marcada por repetição, até que suas vidas sofrem o anúncio de um inevitável fim, desencadeando uma inquietante reflexão sobre a fragilidade da vida diante do caos iminente.

No conto, um rapaz angustiado e ansioso na tentativa de salvar sua avó, que está prestes a falecer, é atingido por um tiro de um soldado do pelotão. O sangue do jovem jorra na pintura que está sendo feita pelo General mencionado no título da história, se espalhando pelo céu e tingindo a parte superior da tela. O General, apenas preocupado com sua obra, dá atenção exclusivamente ao líquido vermelho que, surpreendentemente, era o que faltava na composição de “seu inesperado crepúsculo” como nota o conto. “A crítica e análise da história nos oferece uma visão única de Hermilo sobre a naturalização da violência, expondo uma clara estrutura de poder e fragilidade que resulta na indiferença à vida humana”, informa a produção. Na primeira quinzena de maio, o palco do Teatro Hermilo Borba Filho havia sido ocupado por uma outra produção (“O estopim dourado”) inspirada em uma obra do saudoso escritor (“João Sem Terra”). Viva Hermilo!

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SERVIÇO:
“Céu Sangrando Tinta”
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Dias: 24 (sexta) e 25 de maio (sábado), 14 e 15 de junho
Hora: 20h (sexta) 19h (sábado)
Entrada gratuita
Classificação: 14 anos

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Vanessa Alcântara / Divulgação

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