Caatinga é o segundo bioma mais desmatado no Brasil em 2022, alerta o MapBiomas

Números preocupantes, nesses tempos de mudanças climáticas. Divulgado nesta semana, o Relatório Anual de Desmatamento (RAD) do MapBiomas mostra que, em 2022, as ações de desmatamento cresceram 22 por cento em todos os biomas brasileiros. As maiores perdas foram na Amazônia, que ocupa um percentual de 58 por cento da área total devastada no país. Para os nordestinos, no entanto, fica mais uma preocupação. É que a caatinga é o segundo bioma mais devastado no Brasil. Aliás, foi. Em 2022.

Como se sabe, a Caatinga – existente no Semiárido – é o único bioma do país que é exclusivo do Brasil. Todos os outros: Amazônia, Cerrado, Pantanal, Pampa, Mata Atlântica existem, também, em outros países. E, portanto, a Caatinga precisa de muito cuidado. Até porque é, também, um dos mais vulneráveis, devido ao clima, às secas periódicas, ao avanço da agropecuária e da pressão provocada pelo crescimento urbano de cidades do Agreste e do Sertão. Segundo o RAD, nada menos de 62,1 por cento dos eventos de desmatamento ocorreram na Amazônia, somando-se um total de 1.192.635 hectares de matas destruídas. Seguindo a Amazônia, aparece logo a Caatinga, que concentra 18,4 por cento dos alertas e teve 140.637 hectares de área destruída.

Bioma muito vulnerável, a Caatinga é o segundo mais desmatado do Brasil, segundo relatório do MapBiomas

 

Algo grave, para um sistema já tão vulnerável, onde a pressão antrópica aumenta a cada estiagem e no qual os processos de desertificação permanecem avançando em estados como Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte. De acordo com o estudo, é no mês de fevereiro que acontece o pico de desmatamento na Caatinga, região onde matas nativas vêm sendo derrubadas para ceder lugar principalmente ao gado. Não há números discriminados no relatório sobre a importância do avanço da agropecuária na Caatinga, mas de acordo com o RAD, essa atividade responde por 95,7 por cento de todo o desmatamento realizado no Brasil, em 2022. E, no Sertão, a situação não deve ser diferente.

Há alguns dias, por exemplo, foi criado um parque ecológico no Agreste de Pernambuco, para preservar espécies nativas da Região. Isso porque os próprios pecuaristas reconhecem que o avanço de suas fazendas está colocando em risco a flora nativa do Semiárido. Desmatamento, aliás, é a norma, também, em 62 por cento dos 5.570 municípios brasileiros. De acordo com o relatório, o fenômeno foi registrado em 3.471 deles, em 2022, incluindo os do Nordeste. Nos últimos quatro anos, aliás, segundo o RAD, apenas 1.426 municípios não tiveram registros de desmatamento. Isso significa 25,6 por cento do total existente no Brasil. Os municípios que registraram maior índices de desmatamento, em 2022, não ficam no Nordeste, mas sim no Norte do País. As  maiores devastações foram em Altamira (Pará) e Lábrea (no Amazonas).

A devastação da Caatinga preocupa mulheres que residem no Sertão de Pernambuco. A Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fernando de Noronha (Semas-PE) informou que projeto contemplado no edital nº 1 do FEMA  (Fundo Estadual do Meio Ambiente) e  proposto pela Rede de Mulheres do Sertão do Pajeú visa restaurar serviços ambientais  na  Caatinga. Trabalho será em áreas de nascentes e matas ciliares de rios e riachos intermitentes e deve aumentar a resiliência de agroecossistemas familiares, que contam com práticas de controle da erosão. Projeto prevê implantação de reservas com plantas xerófilas para alimentação de animais durante secas severas. Haverá produção e disseminação de mudas nativas, inclusive para comercialização.  O projeto contemplou mulheres de cinco municípios da região do Pajeú: Iguaraci, Itapetim, São José do Egito, Afogados da Ingazeira e Carnaíba.

Nos links abaixo, você confere mais informações sobre a Caatinga.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Cprh  e Genival Pparazzi / G.F.V Paparazzi / ZAP (81)995218132)/
gfvpaparazzi@gmail.com

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