Bloqueios políticos nas rodovias: Caminhoneiros, arruaceiros ou “capitólio” brasileiro?

Triste movimento, em mais de 400 pontos das rodovias brasileiras. Arruaceiros, em bando, impedem o direito de ir e vir da população brasileira. A maior parte usa roupas verdes ou amarelas. Alguns até estão envolvidos na bandeira do Brasil que, durante a era Jair Bolsonaro, foi apropriada como símbolo de propaganda do governo que, felizmente, está perto de terminar. Segundo analistas, o movimento tem a conivência da PFR, que é dirigida por um bolsonarista, Silvinei Vasques. A este, coube a incumbência de determinar aos seus subordinados, que atrapalhassem a passagem de eleitores, principalmente no Nordeste, no último domingo.

O Vasques vai ser investigado pelo Ministério Público Federal, por conta do “desvio de conduta”. O Nordeste, como se sabe, é um reduto anti-bozó, e foi a região que garantiu a vitória de Lula, no segundo turno. Por essa tendência – diagnosticada nas pesquisas –  foi a região mais castigada, com a Operação Eleições, da PRF. Normalmente implantadas nos feriadões e dias de grande movimento nas estradas, a do último dia 30 de outubro visou, pelo visto, atrapalhar o livre  trânsito de eleitores até suas zonas eleitorais. No Nordeste, a coisa foi muito feia. Nas redes sociais, pipocaram imagens não só de comboios de ônibus parados, como também de passageiros, na estrada, tratados como marginais, para que fossem revistados. Ninguém tinha armas.

Um constrangimento vergonhoso, quando tudo que homens e mulheres queriam, eram cumprir o direito de exercer a cidadania com o voto. A atuação da PRF no domingo foi no mínimo suspeita. E obrigou o TSE a se manifestar. A partir da divulgação do resultado das eleições presidenciais, a cachorrada ainda pior começou. Enquanto o ex-Capitão silencia sobre o resultado das urnas, negando-se a reconhecer a própria derrota, seus seguidores se vêm no direito de tumultuar o  país. Pior, contestam o resultado das eleições e pedem intervenção federal no Brasil. Primeiro, não é bloqueando estrada que se pede recontagem de voto. Há canais para isso, embora os resultados sejam incontestáveis. Segundo, o outro pedido é anti-constitucional.  E intervenção seria golpe, um ato antidemocrático.

Arruaças nas rodovias federais do Brasil têm reflexos em Pernambuco: Região Metropolitana, Mata, Agreste, Sertão

O Bozó, no entanto, nada diz.  Como Presidente, já era para ter determinado a todos os órgãos competentes o desbloqueio das estradas. Mas ele nada faz. Quem cala, consente e ele é, no mínimo, conivente.  Mais de 400 pontos sofreram bloqueio no Brasil, mas até o início dessa tarde, mais de 200 já haviam sido desobstruídos. Essa reação de bolsonaristas assumidos, não é novidade. Eles não admitem  a alternância de poder, e querem que o capitão vire o ditador que ele sonha ser. Quem não lembra daquela frase que ele disse, em 2021? “Só Deus me tira dessa cadeira presidencial. E me tira, obviamente, tirando minha vida”.

Ou seja, o ex-Capitão se julga eterno no poder. E é isso que os arruaceiros estão exigindo. Que o resultado da eleição seja contestado. Um golpe, para Bozó ficar na presidência, mesmo tendo perdido a eleição. Quem melhor definiu esse movimento foi o jornalista Fernando Gabeira, hoje, na Globo News. “Estamos diante de um mini Capitólio brasileiro”, diz Gabeira. Ele compara a invasão criminosa que marcou ao centro legislativo americano, em contestação à derrota de Donald Trump (nas últimas eleições presidenciais dos Estados Unidos) com as arruaças nas estradas brasileiras. No nosso país, o prejuízo foi grande, e até voos foram cancelados. Em Pernambuco, houve bloqueios e interdições na BR-101 Norte, na BR-408, BR-104, e BR-232, com reflexos na  Região Metropolitana, Zona da Mata, Agreste, Sertão. Lideranças da última greve dos caminhoneiros informam que nada têm a ver com o movimento de hoje. Afirmam que, enquanto a última paralisação foi econômica, a de hoje é política.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Genival Paparazzi / Cortesia

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