“Se eu, aos 76 anos, fui capaz de me apaixonar outra vez, de casar outra vez, então eu estou melhor do que antes”. O candidato do PT à sucessão presidencial, Luís Inácio Lula da Silva, contou hoje que não pretendia mais ser candidato, pois o que queria, mesmo, era “curtir a vida”. Mas explicou que decidiu voltar muito mais “disposto” do que antes, porque tudo que “a gente fez foi destruído” e o país “precisa ser consertado”.
Lula afirmou estar voltando “não para fazer mesmice, mas para fazer melhor”. Citou o desmonte dos mecanismos de defesa ambiental, da rede de proteção social, até da educação. “À frente da Fundação Palmares, tem pessoa que não gosta de negro, o Ministro do Meio Ambiente só fazia destruir floresta e o da Educação não trabalha pela educação. Eles acabaram com o Prouni, o Fies e avacalharam o Enem, mas tudo isso vai voltar”. Lula fez os comentários durante encontro com o setor cultural, no Teatro do Parque, que fica no centro do Recife, quando prometeu criar o Ministério da Cultura, para cuidar de um setor que gera tanto emprego. O setor sofreu um verdeiro desmonte no governo do Presidente Jair Bolsonaro, e a grita é geral entre artistas e produtores. “Cultura dá emprego descente, de qualidade, não precisa desmatar, nem destruir o Pantanal nem invadir a Amazônia”.
Lula afirmou que o estado deve funcionar como indutor da cultura que precisa ser tratada ” como um rio, onde se deixa a água fluir com mais velocidade”. Lembrou ser necessário tratar a cultura de forma diferente como vem sendo tratada no país. “Precisamos fazer uma revolução cultural, mas não para se queimar livro, mas para se dar livro a todo mundo”. Lembrou que a cultura tem que ser entendida “não como gasto mas como investimento”. Lula já chegou a ser criticado pelo ex-capitão, que disse temer que o petista seja eleito, porque substituirá os clubes de tiro por bibliotecas. O que, na visão do Presidente belicista, seria um retrocesso. Uma das oradoras, Beth de Oxum, lembrou que o “Brasil não precisa da cultura da arma, mas do tambor do coco e do maracatu”.
Lula enviou, também, recado para os petistas que ainda torcem o nariz para sua aliança com Geraldo Alckmin. “Fui estabelecer aliança com segmento que não era meu”, lembrou o “somatório de sete partidos” que o apoiam e lembrou porque isso é preciso:
Não estamos enfrentando uma eleição comum, mas um fascista cercado de milicianos por todos os lados, e é preciso restabelecer a democracia.
Durante a reunião, com o auditório do Teatro do Parque lotado, Lula assistiu a exibições de frevo, de coco, e se emocionou ao ver o exemplo de superação de Mateus, que é paralítico, mas que faz o “passo” ao som do frevo, em sua cadeira de rodas. Também interrompeu o discurso para ceder seu microfone para Rosa, hoje à frente de um hotel, que é um dos patrimônios de Pernambuco.
“Foi por sua causa, Lula, que eu mudei. Você me disse que um vendedor de macaxeira, manga ou feijão que carrega a mercadoria na cabeça pode ser um empresário. Eu tirei meu CNPJ, hoje emprego 23 mulheres e tenho quatro filhas formadas na universidade, sem que eu tenha gastado um tostão”, disse Rosa Nascimento que, durante a pandemia, decidiu assumir a direção do Hotel Central, do qual o proprietário desistiu. Rosa era a cozinheira do estabelecimento, e conseguiu reerguê-lo. O hotel central tem o prédio tombado, por sua história e por ter sido o primeiro “arranha céu” do Recife. “Tenho fé, Presidente, que no seu governo, muito vendedor de macaxeira vai virar empresário”. Lula almoça nesse momento na casa do candidato do PSB à sucessão estadual, Danilo Cabral. E à noite participa de novo ato, também em ambiente fechado. O comício, que seria na Praça do Carmo, no Centro do Recife, foi transferido para lugar coberto, o Classic Hall, na Zona Norte. Mas segundo os petistas, não foi por questões de segurança. Mas porque a Meteorologia previa muita chuva para a tarde dessa quinta. Realmente, é chuva que não acaba mais no Recife.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Genival Paparazzi