Esse domingo é do pernambucano Pedro Severien, que agora assina direção de seus filmes como Severino. Simples assim. Nosso Severino faz na noite desse 23 de outubro a premier do seu segundo longa, Fim de semana no paraíso selvagem. A exibição acontece na competição Novos Diretores da 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que rola no espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca. O Filme ainda terá exibições nos dias 26 de outubro no Instituto Moreira Salles e 27 de outubro no Circuito SpCine – CEU Perus, CEU Meninos e CEU Vila Atlântida.
Severino (1978) é roteirista e diretor de cinema recifense. Possui produção de curtas (assinados anteriormente como Pedro Severien), com filmes premiados como Canção para minha irmã e Loja de répteis. Seus trabalhos circularam em dezenas de festivais nacionais e internacionais a exemplo de Clermont-Ferrand, Indielisboa, Cartagena, Havana, Kinoforum e Brasília. Como ativista, participou da realização de uma série de produções engajadas na luta pelo direito à cidade. Seu primeiro longa-metragem, Todas as cores da noite, estreou no Slamdance e recebeu prêmio do público no Festival de Vitória. Possui mestrado em Realização Audiovisual pela Universidade de Bristol.

No filme, Rejane (Ana Flávia Cavalcanti) chega a um território de disputas desleais entre tubarões e peixes pequenos para tentar entender o que aconteceu com seu irmão Rodrigo, interpretado por Pedro Wagner, um exímio mergulhador encontrado morto em um mar cercado de sombras. Ela também tenta entender porque a mãe foi assassinada quando ainda era criança. Ou seja, uma história cheia de perdas e mistérios. Nessa busca ao passado, Rejane encontra Naná, interpretada por Zezé Mota. No elenco ainda estão Joana Medeiros e Eron Villar. O filme tem trilha sonora original, composta executada por Amaro de Freitas Freitas, pianista revelação do jazz com projeção internacional. Esta é sua primeira trilha sonora para o cinema. Também é a primeira vez que Ana Flávia vive uma protagonista na telona.
“Durante o processo de pesquisa, escrita e realização das imagens e sons, compreendi que o coração do filme, o lugar onde as ideias pulsam, e a carne que constitui o seu corpo é a memória coletiva. Essa dimensão da memória é importante tanto como força de construção para uma paisagem, seja a paisagem de poder ou de sentimentos, e permite que eu possa lidar com o simbólico como ferramenta de cuidado, cura e transformação”, diz o Diretor. “Se Rejane mergulha em águas turvas e profundas, a priori em busca de evidências sobre a morte do seu irmão Rodrigo, a repetição desse ato desloca pouco a pouco o mergulho para dentro de si mesma”, complementa. Ana Flávia Cavalcanti entrega uma interpretação hipnótica. Ela é uma das atrizes emergentes no país, com atuações marcantes na TV (Sob Pressão) e no cinema (Casa de Antiguidades, Corpo Elétrico). Recentemente, participou das filmagens da série Notícias populares, dirigida por Marcelo Caetano.

Três longas metragens pernambucanos estiveram na Mostra Premiere do Festival do Rio 2022: Propriedade, de Daniel Bandeira, Paterno, de Marcelo Lordello e Paloma, de Marcelo Gomes. Junto com Fim de semana no paraíso selvagem na competição Novos Diretores da 46ª Mostra de São Paulo, esse conjunto de trabalhos dá destaque a uma potente (e inesperada) safra do cinema feito no Estado. Os filmes fazem parte de uma geração de recentes produções pernambucanas que resistiram à pandemia e aos sucessivos ataques às políticas culturais do governo federal. Após um duradouro inverno, essa safra agora vem encontrando, em 2022, o caminho de volta às salas de cinema.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife e Redes sociais / Secult-PE
Fotos: Divulgação