“Viva a Guararapes”: Poluição sonora espalha decibéis além da conta e vira desconforto para o público

Depois de percorrer ladeiras e colinas no domingo – com o Grupo Caminhadas Domingueiras, em Olinda – eu e meu amigo Alexandre Trindade decidimos andar pelo bairro de Santo Antônio, no Recife, já que a capital pernambucana comemorava no mesmo dia, os seus 486 anos, dois a menos que Olinda. O objetivo: dar uma conferida na situação do centro. Mas infelizmente, nada mudou. E a região permanece tão abandonada quanto antes. E a conclusão foi dupla, não foi só minha não.

Calçadas mal conservadas, praças precisando de manutenção, pedras portuguesas soltas, quiosques vergonhosos e com zero estética às margens do Rio Capibaribe, e também em ruas como a da Palma e artérias vizinhas, onde há trechos que lembram um favelão. Ou seja, o Recentro até o momento ainda não mostrou a que veio, nem conseguiu mudar o perfil dos bairros centrais, como Santo Antônio e São José.

A ação de maior visibilidade até o momento é o Viva a Guararapes, evento que ocorre uma vez por mês e que contou com edição especial no último domingo, devido ao aniversário do Recife. Lá estivemos no final da manhã do domingo. Porém fomos “tangidos”, pois o som estava tão alto, mas tão alto, tão estilo “paredão”, que sequer conseguimos parar no espaço “instagramável”, onde as pessoas aguardavam a vez de tirar fotos e selfies ao lado de um cartaz imenso, alusivo ao aniversário da cidade. Recebemos uma máscara do Boi Voador como brinde e… zarpamos. Não deu mesmo para ficar.

Convenhamos, a Avenida Guararapes não é tão longa. E o espaço destinado ao evento é até um pouco mais curto. Porém, havia um show em um palco e som mecânico ligado em um outro, a um volume insuportável de decibéis. E os dois palcos não ficam assim tão distantes. Resolvemos correr dali, pois ninguém ouvia o que o outro dizia. Não conseguimos nem garimpar nas barracas da economia criativa, onde sempre aparecem produtos interessantes. Não havia como permanecer ali.  Sinceramente, saímos do local com a impressão que, para o poder público municipal, cultura e diversão normalmente se confundem com poluição sonora.

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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife

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