Viva Guararapes faz festa no domingo, mas Recentro precisa mesmo é cuidar do centro

Residentes, frequentadores e comerciantes de bairros como São José, Santo Antônio, Recife e Boa Vista ainda estão à espera de um balanço sobre eventuais melhoras que o Recentro possa ter operado naquela região, tão carente de atenção e presença do poder público. Na verdade, as diferenças ainda não são percebidas pela população. E se não são percebidas é porque elas, simplesmente, não existem. Comparando com a gestão anterior, houve uma pequena melhora quanto à limpeza pública. O resto, infelizmente, está tudo na mesma: praças degradadas, prédios vazios, lojas fechadas, calçadas cheias de buracos, marquises ameaçando desabar, avenidas como a Guararapes e a Dantas Barreto em ruínas.

Mas o Recentro prefere apenas falar na edição especial da Viva Guararapes, que completa seu primeiro aniversário com 60 atrações e serviços, distribuídos  em doze polos que animarão aquela via entre 10h e 17h do próximo domingo (16/4). “O evento foi a primeira grande ativação cultural do Programa Recentro, da Prefeitura do Recife”, informa a Prefeitura, acrescentando que o Viva Guararapes “nasceu para atrair os recifenses e visitantes para esta icônica região do centro, parte da memória afetiva de gerações e abriga importantes edificações e paisagens históricas e culturais”. Será que tem sentido uma “ativação cultural”, uma vez por mês, quando nos outros 353 dias do ano, a Guararapes não chega nem longe do brilho do passado? Será que isso significa revitalizar o Centro, onde até as calçadas (foto abaixo) metem medo nos pedestres? E olhem que esta daí da foto fica na Ponte Duarte Coelho que dá acesso justamente à Guararapes, local da grande festa de hoje.

Ponte que liga bairros de Boa Vista e Santo Antônio: risco de queda no caminho do Viva a Guararapes

Tirando o Viva Guararapes, que mais foi feito? Qual o custo da festa? Será que com a despesa com o evento não daria para dar um banho de loja naquela avenida, tão abandonada, descaracterizada e maltratada? Falta criatividade, umas iniciativas do tipo “Mais Vida”, na cidade. Será que ao invés de uma exposição  fotográfica “com a retrospectiva das edições do evento ao longo de um ano”, não seria mais construtivo uma exposição com o Recife antes e depois do Recentro? O que mudou para melhor?  Alguém sabe responder? Do jeito que a coisa está, até parece que o Recentro se resume a apenas uma ação, a Viva Guararapes o que, convenhamos, é muito pouco para um centro tão detonado como o da nossa capital. Mês passado, estive lá nesse evento com um amigo e saí correndo, porque a poluição sonora incomodou os meus ouvidos e não deu para suportar o barulho excessivo.

Um som estridente e simultâneo, em palcos não tão distante, me deu a impressão de que eu estava no meio de dois “paredões”, daqueles que passam nas ruas fazendo tremer os edifícios. Não consegui ficar. Em todo caso, quem for, vai encontrar atrações que vão de exposições de fotografias e de pintura, como a que conta a história do Viva Recife e a do artista francês Bernard Thibault, que pinta paisagens da cidade. E também: karaokê, diversões infantis, economia criativa, práticas esportivas, polo geek, parque de diversões, polo gastronômico, polo pet, entre outros. Destaque para o Polo Sustentabilidade, que terá uma ação de Greenpeace Recife. E ainda,  Feira Agroecológica,  troca de plástico tipo 2 (detergente, amaciante, água sanitária) ou resíduos eletroeletrônicos por mudas de plantas medicinais, frutíferas e legumes.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Genival Paparazzi / G.F.V Paparazzi / ZAP (81)995218132)/

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3 comments

  1. Exatamente Letícia 1 viva Guararapes por mês não resolve os problemas estruturais do centro do Recife. É preciso intervenção. Lojas não tem condições sem estacionamento e segurança. Tem vários estudos que apontam que só com moradias o centro se fortalece e reinventa.

  2. Letícia,
    Eu fui a última edição da Guararapes e a decepção foi total: música de péssima qualidade;ruas sujas e esburacadas; segurança zero e uma tristeza imensa ver as edificações da Guararapes num abandono imenso.
    Sinceramente ,o Recentro ainda não apresentou nada de concreto para mudar o perfil do centro .O seu texto está ótimo ,você tem contribuído para que a sociedade conheça os problemas da cidade, mas só temos que lamentar o descaso absoluto da gestão pública com a nossa cidade,tão bela e tão degradada e tão mal cuidada.

  3. Excelente avaliação do “Viva Guararapes”! Infelizmente o som estridente é comum no Recife e incomoda os moradores durante finais de semana e dias feriados, principalmente nas noites e madrugadas, espalhados por toda a cidade, provocado por bares e seus frequentadores que “fecham” as ruas, desrespeitando a tranquilidade da vizinhança. E não se tem a quem recorrer, visto ser a prefeitura um dos maiores responsáveis pela poluição sonora em eventos como o citado nesta reportagem.

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