Eco fashion. Moda ecológica. “Upcycling”. Estar em dia com as tendências nem sempre implica em descarte de antigas coleções e renovação de guarda roupa a cada estação. O conceito hoje é diferente. É aproveitar o que se tem. E sustentabilidade virou palavra de ordem. Em Pernambuco, quando o tema é este, pelo menos duas iniciativas são dignas de registro aqui no #OxeRecife: a Daterra Projetc e a Roda. Ambas se preocupam em desenvolver produtos que aproveitam resíduos industriais.
O Daterra Project funciona no município de Riacho das Almas, a 131 quilômetros do Recife. E aproveita os resíduos das fábricas de jeans que atuam no Polo de Confecções do Agreste, principalmente de Toritama, que é referência nacional na produção de vestuário à base do famoso “indigo blue”. A Daterra Project reaproveita as sobras e cria tramas que são utilizadas por outras empresas na fabricação de roupas, vestuário, calçados, bolsas. A primeira trama desenvolvida foi a Zig-zag, mas a empresa acaba de lançar novos padrões, como a Pied e a Escada. A Daterra Projetc ganhou o Prêmio Fashion Future 2022, do Instituto C&A, como reconhecimento por ser “um negócio de impacto social”.
O Daterra atende a encomendas de empresas de todo o país, segundo a idealizadora e diretora do empreendimento, Adjane Maria Alves. Com a iniciativa, ela conseguiu mudar a vida de mulheres da Vila Vitorino, que sobreviviam da agricultura ou de programas sociais e que hoje trabalham na produção das tramas, muito solicitadas por fábricas, artesãos, grifes que dão prioridade à produção de peças sustentáveis. Já a Roda é uma iniciativa de economia circular, que resulta de parceria entre a Stellantis Latam / Jeep, empresas que atuam no Polo Automotivo implantado cidade de Goiana, a 60 quilômetros do Recife. A Roda congrega designers conhecidas – como Mariana Amazonas e Joana Lira. Elas utilizam sobras das indústrias para confeccionar artigos como bolsas (foto superior, com o casal), sapatos, roupas, objetos.
Ecodesigner e Cofundadora da Roda, Mariana Amazonas é convidada da live que acontece na terça (17/05), tendo como tema Moda Upcycling – Consumo sustentável e desacelerado. Também participam Lylian Berlim (Pesquisadora e consultora do Sebrae). Chama-se Upcycling a técnica com a qual cria-se novas peças a partir de material descartado, e que iriam parar na natureza, aterros sanitários, lixões. O mediador será Flávio Barbosa (assessor de Design e Moda da Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult). A live será às 17h, no Canal da Secult no YouTube (https://youtube.com/user/SecultPE. E o assunto está na ordem do dia. Todas as empresas conscientes – sejam de moda ou não – mostram preocupação com a sustentabilidade. As grandes corporações anunciam com estardalhaço iniciativas em defesa do meio ambiente, pois sabem o desgaste que sofrem quando não respeitam a natureza.
Outras iniciativas, de empreendimentos menores – como a Roda e a Daterra Project- fazem a sua parte, com trabalho de formiguinha, em defesa da natureza. Há outras, também de pequeno porte, como o Armazém Etapa Final (em Casa Amarela, Zona Norte do Recife), que não produz moda, pois vende material de construção. Mesmo assim, mantém coletores de materiais recicláveis – papelão, plástico, latinhas – que são repassados a cooperativas de catadores ou transformados em objetos. No Brasil, há empresas que já divulgaram produtos – inclusive em publicações aqui no #OxeRecife – como óculos produzidos a partir de material recolhido nas praias, e até malas fabricadas com garrafas PET, um dos principais vilões de córregos, riachos, canais, rios, dos oceanos.
A data para discussão tão importante em live foi muito bem escolhida. Afinal, 17 de maio é o Dia Internacional da Reciclagem. E reciclar é preciso. Cada vez mais. Até porque a natureza pede socorro, nesses tempos de aquecimento global e crise climática.
Nos links abaixo você pode conferir algumas dessas iniciativas. Vamos lá?
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação
