Normalmente associado à destruição de vegetação nativa para implantação de culturas agrícolas e de pasto para o gado, o agronegócio acaba de dar um bom exemplo. Dessa vez em Surubim, município localizado no Agreste de Pernambuco. É que os produtores da região inauguraram nesta semana o Parque Ecológico José Irineu Cabral, que se destina a ser não só uma área de lazer para a comunidade, mas também espaço para educação ambiental e para maior convívio com a flora da região. E sobretudo para a preservação, multiplicação e plantio de mudas de árvores da Caatinga que, como se sabe, vem a ser o único bioma brasileiro que é exclusivo do nosso país. Ou seja, não há caatinga em nenhuma outra parte do mundo, a não ser no Nordeste do Brasil, em regiões como o Agreste e o Sertão. É também, um dos biomas mais vulneráveis do território brasileiro. O Parque Ecológico José Irineu Cabral fica no interior do Parque de Exposições de Animais Senador Antônio Farias, espaço que se espalha por cinco hectares, no centro da cidade.
O Antônio Farias tem área destinada a exposições (dois hectares), a feira de gado (0,5 hectare) e, agora, o Parque Ecológico (2,5 hectares). No seu interior, há uma estufa com mudas de 50 variedades do Semiárido, para que sejam plantadas em momento oportuno. Aliás, o plantio já começou mais de um ano antes, e houve também no dia da inauguração. O projeto do parque ecológico já havia sido lançado há 14 meses, quando foram plantadas cem mudas de ipês, formando um cinturão paisagístico ao seu redor. Segundo o Presidente da Sociedade dos Criadores de Surubim, Fernando Guerra, já somam 200 as espécies catalogadas na região, que podem repovoar o Parque Ecológico, que fica no centro de Surubim, a cinco quarteirões da Paróquia de São José, a igreja matriz, ao redor da qual está o núcleo de formação urbana da cidade, localizada a 124 quilômetros do Recife. Ao #OxeRecife, Fernando Guerra comentou sobre o empreendimento:
“É mais um parque dentro da cidade, que vai nos ajudar a salvar baraúnas, mulungus, barrigudas, aroeiras, jucás, umbuzeiros, que está perdendo a luta para os fazendeiros. A contradição é que esse espaço pertence justamente à Sociedade de Criadores. Como presidente da instituição, lancei o projeto da criação de um parque ecológico, onde pudéssemos salvar as espécies do nosso bioma. Infelizmente a devastação das nossas matas para expansão de nossas propriedades é incontrolável.
Uma pena, realmente. Apesar da iniciativa, o que ele diz em relação à falta de controle na área rural é muito ruim. Há leis e metodologias que limitam o avanço da agropecuária em propriedades rurais. Há formas de convívio entre produção e preservação da flora. Pela legislação, o imóvel rural tem que destinar 20 por cento de sua área à preservação de matas nativas. O empreendimento espera contar com várias parcerias, como a já em execução com a empresa Paisartes Garden, que se prontificou a monitorar os plantios. Entre a população, um dos colaboradores mais assíduos é o apicultor Nezinho, conhecedor da flora local. Ele mora na zona rural, e garimpa mudas e sementes da região. A inauguração do Parque Ecológico ocorreu no dia 4 de junho, dentro das comemorações da Semana do Meio Ambiente. À cerimônia, estiveram presentes autoridades do município, representantes dos produtores e dos trabalhadores rurais e também um descendente de José Irineu, o sobrinho Alfredo Cabral.
Nos links abaixo, você pode checar outros esforços de preservação da
Leia também
Projeto “Janelas para o rio” inaugura mais um parque ambiental à margem do Rio Ipojuca
Associação Caatinga desenvolve ação para catadores de materiais recicláveis no Sertão
O combate à desertificação e a Amazoninha do Sertão
Vamos deixar a Caatinga em pé?
Dia da Caatinga. Há o que comemorar?
No Dia da Caatinga, nada como conhecer melhor o Sertão de Pernambuco
No Dia da Caatinga,emergência para 55 municípios pernambucanos
Umbuzeiro é o refrigério do sertão
Carnaúba é árvore da vida para Sertão do Ceará e Piauí
Unesco: Reserva Natural Serra das Almas é posto avançado de reservas da biosfera da Caatinga
Acorda Recife: Até Serra Talhada, no Sertão, está com coleta seletiva
Caatinga pega fogo e plantio de árvores nativas começa com ajuda da iniciativa privada
Povo e aceiros contra o fogo
Caatinga tem cooperativa de crédito de carbono
Casal cria duas reservas particulares de patrimônio cultural na Caatinga
Esforço pela preservação da caatinga e pelo sequestro de carbono no Sertão
Ação para recuperar nascentes na biodiversa Cordilheira do Espinhaço
O drama do São Francisco e da caatinga
Como neutralizar as mudanças climáticas
Em nome de São Francisco e do Sertão
Árvores viram carvão no Sertão
Flora do Sertão sofre ameaça
Represa cheia vira “praia” no Sertão
Aceiros e povo contra o fogo no Sertão
Salvem os ipês, por favor
MapBiomas confirma alerta feito há meio século: “O Rio São Francisco está secando”
Mudanças climáticas: Sertão sem água e caatinga cada vez mais seca
Velho Chico recebe 40 mil peixinhos
De olho no Sertão do São Francisco
Desmatamento no Sertão do Araripe
Empresa de energia solar (Insole) paga conta por uma boa ideia
Reforço para pequeno produtor
Ministro manda oceanógrafo para caatinga. E o Sertão já virou mar?
Crise hídrica: ” tenho sede” e “esta sede pode me matar”, adverte Gilberto Gil
Cisternas mudam a vida dos sertanejos
FPI: A despedida da vida no lixão
FPI resgata animais em risco no Sertão
Adultos e crianças: a vida no lixão
A Serra da Canoa na caatinga
Gatinho órfão, onça puma volta saudável para a caatinga
Falta d´água é entrave ao crescimento
No Sertão, palhada da cana alimenta o gado de 51 mil criadores
Degradado, Sertão vai ganhar ação de reflorestamento em 2021
Caatinga ganha 321 mil árvores nativas
O Rio São Francisco está secando
Ventos que transformam no Agreste
Prêmio para quintais agroecológicos
MST: Da ocupação de terras ao plantio de 100 milhões de árvores
Umbuzeiro é o refrigério do Sertão
O maior mandacaru de Pernambuco?
Bromélias raras no Jardim Botânico
Oitizeiro, a árvore de muitas utilidades
A festa dos ipês no Recife e no Pará
Veja a flora do Sertão em Dois Irmãos
A caatinga no Jardim Botânico
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Associação de Criadores de Surubim / Divulgação