Parem de derrubar árvores (464) Podas mal feitas provocam risco de queda

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Todas as pessoas que andam pelas ruas sentem a diferença entre o conforto térmico de uma rua arborizada e o calor escaldante de uma via sem árvores.  Já está provado (inclusive em estudos da Eurotast) que em municípios que priorizam espaços verdes e infraestrutura sustentável, o índice de satisfação dos seus moradores chega a 90 por cento. O que dizer, então, de um Recife onde as árvores comem o pão que o diabo amassou por conta de podas mal feitas? Olhem só, nas duas primeiras fotos, a poda que o #OxeRecife encontrou, na Rua Coronel João Batista do Rego Barros, que liga os bairros de Apipucos e Macaxeira.

Dia desses, cheguei em casa e havia um caminhão girafa da Neonergia podando árvores na Praça de Apipucos e na Rua da Alliança. Solicitei que a poda fosse equilibrada ao prestador de serviço com muita delicadeza, para que as plantas não perdessem o equilíbrio, como vejo ocorrer nos quatro cantos da cidade. “A gente só corta os galhos que batem nos fios”, responde ele, com a motosserra insana na mão. E aí? Será que não há um diálogo entre a Neonergia, a Emlurb (responsável por podas em áreas públicas) e a inoperante Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife, para que esse serviço (com perdão dos adjetivos) não ocorra de forma tão rudimentar, errônea e grosseira? Porque com essas podas que os prestadores da Neonergia estão fazendo, as árvores vão terminar caindo ou sofrendo depois corte radical (degola mesmo),  sob alegação de que “oferecem risco” para a população.  E aí viram vítimas de arboricídio, conforme a gente vem registrando aqui na série #paremdederrubarárvores. Ninguém cuida, ou cuida mal e as ruas estão cada vez mais desertas…

Olhem só a situação da árvore da foto acima. Capenga, não é? A planta já levou tanta poda, mas tanta poda de um lado só “para não bater na fiação”, como alega a Neonergia, que está perdendo a estabilidade, pendendo para um lado. Não é difícil que tombe sobre a casa. E aí, vem a Emlurb e tora tudo, como sempre acontece.

Na ida, presenciei árvore com peso concentrado de um lado. Na volta, o mesmo “padrão”: Neonergia

No mesmo dia que encontrei esse descalabro logo cedo, durante minha caminhada matinal, ao voltar pelo mesmo caminho, me deparo com nova equipe a serviço da mesma Neonergia, com a motosserra podando os galhos que batem nos fios, deixando os troncos das árvores vulneráveis à ação de ventos e chuvas.

Que horror! Semana passada, meu amigo Carlos Alberto Alves da Silva, um incansável  defensor da natureza – já plantou cerca de mil mudas de árvores frutíferas e decorativas no campus e entorno da Universidade Federal de Pernambuco  e outras tantas (que perdeu as contas) por onde anda – me enviou umas fotos de podas realizadas por uma empresa terceirizada no campus da UFPE.

Vejam que poda radical dessa mangueira, no campus da UFPE. A árvore era o xodó de Carlos, o semeador

Uma das “vítimas” foi essa mangueira da foto acima, que era o seu xodó, por ser a mais antiga das plantadas, estava alta, perto de frutificar e dava uma sombra generosa. Toraram todos os galhos da planta, deixaram-na quase careca com um “tufo” na parte superior. Ele ficou muito triste. Eu também ficaria. “ Realmente não entendo essas podas realizadas no Recife. A Neonergia só corta os galhos do lado dos fios. Já a Prefeitura e prestadoras de serviço a órgãos públicos parecem não ter um critério correto no corte, pois retiram galhos e folhas em demasia, reduzindo a capacidade da árvore liberar oxigênio. E também de nos dar sombra”, reclama ele.

No ano passado, durante o verão- quando faltou irrigação no campus – Carlinhos levava água no seu carro e molhava as plantas com baldes, salvando-as da inanição e da morte. “As podas são incoerentes, pois retiram até a capacidade da árvore de oferecer sombra”,  relata, de Curitiba, onde está passando a semana, e se diz deslumbrado com parques, áreas verdes e árvores bem cuidadas. Ele conta que via diariamente servidores que trabalham nos jardins do campus sob a a mangueira. “Nos horários de descanso costumavam ficar lá para almoçar, lanchar, beber água, aproveitando a sua generosa sombra”, comenta.

Opinião do #OxeRecife: Com a mangueira quase “careca” ninguém mais sente conforto sem a sombra que sua copa ofertava. É estranha uma cidade onde as árvores são maltratadas até nas podas, que deveriam ser feitas para estimular o crescimento e fortalecê-las. E não para acabar com elas.

Nos links abaixo, registro de perdas em Apipucos e Macaxeira, e informações sobre Carlinhos, o semeador; e sobre o campus da UFPE

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Muito árida em toda a extensão, a Avenida Norte vai receber cem árvores. Queremos mais!
Macaxeira e Apipucos

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins/ #OxeRecife e Carlos Alberto Alves da Silva

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