Parem de derrubar árvores (256)

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Sinceramente, não sei onde vai parar o conforto térmico do Recife, uma cidade tropical mas tradicionalmente com o calor amenizado pela brisa. Era assim, mas não é mais. A cidade encontra-se em emergência climática e já são muitas as ilhas de calor, espalhadas pelos seus bairros. A situação, pelo que se observa, tende a se agravar. Porque a coisa mais comum do mundo é se encontrar a presença do arboricídio em todos os cantos da cidade.

O pior é que além de guilhotinadas para erradicação, muitas das vítimas do arboricídio oficial não contam com reposição. Se fizermos um levantamento sério, científico, poderemos confirmar o que é observado no dia a dia de nossas ruas. Eu, que costumo caminhar bastante, que o diga. Não são poucos os “tamboretes”, os alegretes vazios, os canteiros obstruídos com cimento, em locais onde havia árvores. Sinceramente, essa política de arborização do Recife é mesmo difícil de se entender. Até hoje ninguém sabe quantas árvores foram erradicadas nas duas gestões do Prefeito Geraldo Júlio (PSB). Mas pelo que se vê nas ruas… dá para se imaginar o tamanho do prejuízo ambiental.

O corte é tão recente, que o pó de serra está acumulado na raiz da planta degolada. Cheiro de madeira verde no ar.

Lembrem-se que entre 2013 e 2015, já na gestão GJ, nada menos de 5. mil árvores haviam sido erradicadas, de acordo com o que informava a própria Prefeitura à imprensa. Nas redes sociais, até chegaram a chamar o Prefeito de “Geraldo Mãos de Tesoura”, devido a podas radicais e erradicações nas áreas públicas do Recife. Tanto o Ministério Público quanto a Câmara Municipal fizeram reuniões para discutir o problema do arboricídio, mas as iniciativas deram …. em nada. O #OxeRecife inclusive participou de um desses encontros, entregando às autoridades o mapa das árvores eliminadas. Depois, os números de árvores erradicadas virou uma caixa preta. Os órgãos oficiais não os fornecem mais. Deve ser um dano muito “cabeludo” para virar um segredo tão bem guardado.

Cenas como esta são cada dia mais frequentes em ruas, praças e calçadas do Recife, cidade em emergência climática.

Essa vítima de arboricídio fica no canteiro central da Avenida Norte, entre os bairros de Macaxeira e Apipucos. Encontrei esse descalabro em uma de minhas caminhadas matinais. Era uma árvore imensa, e vê-la assim, jogada ao chão, chega a ser assustador, como é assustador observarmos nossa cidade cada dia mais depenada no seu patrimônio verde. Desde 2017, o #OxeRecife entregou-se à missão de notificar aqui as baixas na arborização da cidade. Claro que os números são muito maiores, mas só no Blog, os posts somam 256 com o registro de 488 perdas no patrimônio verde da cidade. Algumas bem icônicas, como a castanheira em frente à sede da Associação Comercial (em frente ao Marco Zero, no Recife Antigo) e as palmeiras do Pátio do Carmo, no Bairro de Santo Antônio. Também se foi o belíssimo fícus que ficava na esquina da Rua da Aurora, em uma das margens do Capibaribe, um dos poucos exemplares sacrificados a contar com reposição. No #OxeRecife, as perdas estão documentadas, com fotos, datas e endereços.

Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife

Parem de derrubar árvores (256)

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