Pegou mal, mas muito mal mesmo, a iniciativa da Aena em praticar arboricídio em massa no bairro da Imbiribeira, na calçada do Aeroporto dos Guararapes, ali bem perto da Praça Salgado Filho, que é um jardim histórico assinado pelo paisagista Burle Marx (1909-1994), o que garantiria a preservação do seu entorno. Nada menos de 29 árvores foram vítimas da motosserra insana, e estão reduzidas a um cemitério de toquinhos (foto acima). A cena chocou as pessoas que por ali transitam.
Pior. A degola foi autorizada pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife, pois se assim não fosse, a Aena estaria sujeita a multa por crime ambiental, já que as árvores destruídas ficam em área pública. Como conseguiu autorização… não sofrerá nenhuma punição. A Aena é a empresa espanhola responsável pela administração do Aeroporto do Recife. Segundo o Marco Zero Conteúdo, a Aena já tem histórico de falta de respeito à natureza, inclusive no país de origem, onde também eliminou árvores centenárias. As informações sobre esse tipo de antecedente constam de reportagem assinada por Inácio França, naquele veículo.
Segundo a Aena, a degola foi necessária devido à “requalificação do entorno do sítio aeroportuário e Praça Salgado Filho, do antigo terminal de passageiros”. Conforme nota da Aena, as árvores removidas serão “substituídas por outras espécies”. A empresa alega que elas danificavam a calçada e os muros do aeroporto. Ou seja, as justificativas de sempre. Sei não… Será que não havia outra solução, que poupasse as árvores que tanto conforto térmico dão ao Recife da Emergência Climática? Por que elas são sempre as primeiras vítimas (como se não fossem necessárias?).
Ao #OxeRecife, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade informou que, “devido à necessidade de requalificação do passeio público no entorno do Aeroporto Internacional dos Guararapes/Gilberto Freyre, a concessionária do terminal solicitou autorização ambiental para a erradicação de 29 árvores. A licença foi concedida, sob condicionante do plantio compensatório de 58 novas árvores nativas de grande porte – o dobro do que existia anteriormente – segundo a Lei n° 18.938/2022, que trata da Arborização do Recife”.
O que a SMAS esqueceu de dizer para a população foi onde, quando e como as árvores serão plantadas. Também não disse quais as espécies nem como a compensação será fiscalizada. Muito menos divulgou laudo comprovando os danos provocados pelas árvores às calçadas e ao muro do aeroporto. Infelizmente, no Recife é assim. A Prefeitura vai fazer um parque, como o das Graças, opera uma matança de árvores. O mesmo ocorreu na requalificação da Estrada do Encanamento. E também com a implantação de uma creche, como foi na Estrada do Arraial, em Casa Amarela. O exemplo mais recente ocorreu no Jardim do Poço, parque que vem sendo implantado no Poço da Panela, que iniciou sua construção com pelo menos 30 árvores a menos. Agora, o poder público dá, de mão beijada, licença para que a iniciativa privada mate, de uma só vez, 29 árvores. E o conforto térmico da população, como é que fica?
É por essas e outras motivo que o #OxeRecife mantém duas campanhas de caráter permanente: #paremdederrubarárvores e #recifeemergênciaclimática, aqui nesse espaço. A primeira faz o registro das vítimas de arboricídios no Recife, sejam estes praticados por particulares ou órgãos públicos. A segunda relaciona vias e avenidas da cidade que não possuem uma árvore sequer. Nos links abaixo, você confere vários casos de arboricídios em massa no Recife, tanto por parte de órgãos públicos quanto da iniciativa privada.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Arnaldo Sete / Cedida pelo Marco Zero Conteúdo