Mais um atentado estético no centro do Recife, como os milhares que a gente vê espalhados por bairros do centro que, se não fosse isso, poderiam ser tão pitorescos. O último que presenciei, em uma das minhas caminhadas (com o Grupo Bora Preservar) foi exatamente no prédio que fica na esquina da Rua da Palma com a Rua Nova, no bairro de Santo Antônio. Cheio de história, esse edifício onde funcionou a Confeitaria Glória a partir de 1917 está totalmente encoberto com acrílico verde, que faz da edificação um verdadeiro monstrengo.
A lei nem permite uma bagaceira dessa. Há percentuais estipulando limites para placas, painéis, anúncios. E, com certeza, nem tolera uma proporção como a praticada nesse prédio, que ficou famoso por ter sido o local onde o Governador da Paraíba, João Pessoa (1878-1930), foi assassinado a tiros, crime que serviu como estopim para a Revolução de 1930. Naquela época, ele era um dos homens mais poderosos do país. E governador era chamado de “Presidente” do estado que governava. Além disso, ele disputara a presidência do Brasil, como vice na chapa liderada por Getúlio Vargas, que seria derrotada. O atentado contra João Pessoa estabeleceu uma reviravolta política no país.
E Vargas assumiu o poder mesmo tendo perdido a eleição presidencial. Segundo o turismólogo e historiador Bráulio Moura, o prédio rosa não foi só a histórica Confeitaria Glória, onde o então Presidente da Paraíba foi assassinado. Antes, era a Casa Alemã, um magazine de luxo que vendia utensílios de cama e mesa. Sua dona era Júlia Doerderlein, que chamava a atenção do público recifense pela ousadia de suas vitrines.
Em 1910, a loja passou por reforma com a assinatura de Heinrich Moser (1886-1947), sobrinho que viraria sócio de Júlia. Era um artista que morou em Pernambuco e que ficou famoso pelos vitrais que fez para vários prédios do Nordeste. Em 1914, a Casa Alemã sofreu um atentado. Foi incendiada por brasileiros, que hostilizavam alemães na primeira guerra mundial. Após o fogo reergueu-se e funcionou até 1917, segundo Bráulio, quando virou a Confeitaria Glória. Em 1930, acontece o segundo atentado no local, agora contra João Pessoa. E, em 2024, o prédio sofre um terceiro atentado, dessa vez estético (foto superior)
A foto central vem de resgate feito por integrantes do Grupo Bora Preservar. Abaixo, você confere outros atentados estéticos no Recife.
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Texto e foto superior: Letícia Lins / #OxeRecofe
Fotos centrais: Internet / Bora Preservar
Recife tem sofrido com os inúmeros atentados estéticos, tanto nas suas edificações ,algumas seculares,como na poluição visual que atinge toda a cidade(caso do horroroso emaranhado da fiação elétrica exposta …).
E o que me espanta é o não cumprimento das normas exigidas pelas respectivas diretorias técnicas,a total falta de fiscalização e punição para os infratores. É terra sem lei(ou melhor,temos a legislação mas cumprir pra quê?) E assim a cidade vai se decompondo, dia após dia, visivelmente e com a conivência de quem deveria preservá-la.Tristeza…
O Recife só tem “harmonização facial” , parece que vamos passar a morar dentro de Parques. Roubaram o Recife de mim ! E a Casa de Joaquim Nabuco na Rua da Imperatriz ? E o Sobrado onde a Imperatriz e as Princesas passavam o Verão e mergulhavam na Ponte da Boa Vista no Capibaribe e onde funcionou a Livraria Imperatriz ? As Princesas da Rua da Imperatriz caminhavam e iam brincar onde hoje é o Teatro Santa Isabel e o Palácio das Princesas. Silêncio, o Recife ainda tem Autoridades que tentem salvar a Cidade dessa hecatombe existencial ? Obrigado por ter Leticia e esse espaço de Amor ao Recife !