Muito se tem escrito sobre o governo do ex-capitão Jair Bolsonaro, a militarização de uma gestão eleita pelo povo e que deveria ser civil, as ações nada republicanas, o desrespeito a instituições democráticas, as tentativas de desmoralizar instituições como o Supremo Tribunal Federal e a Justiça Eleitoral, o negacionismo. E também sobre o desmonte dos mecanismos de proteção ambiental. Ultimamente, o público tem sido brindado com livros que tentam entender a ascensão da extrema direita no Brasil, a militarização do governo, o fascismo tropical.
Estão aí publicações como Um bufão no poder; Passageiros da Tempestade: fascistas e negacionistas em tempos presentes; Dicionário dos Negacionismos no Brasil, que não nos deixam mentir. Agora, chega mais uma: Comentários a um delírio militarista, que será lançado no Armazém do Campo, no Centro do Recife, na próxima terça-feira. O volume traz 41 comentários, escritos por articulistas de diversas áreas e reconhecidos em seus campos de atuação. A publicação foi organizada por Manuel Domingos Neto, especialista em assuntos militares.
E o lançamento será precedido de debate que contará também com Marcelo Pimentel, coronel da reserva do Exército Brasileiro, um dos articulistas do livro. Domingos Neto iniciou um circuito de lançamentos, começando pelo Nordeste. Nos próximos 15 dias, irá ao Rio e São Paulo. O livro se dedica a esmiuçar o polêmico Projeto de Nação – o Brasil em 2035, lançado pelo Instituto Sagres, Instituto Federalista e Instituto General Villas Boas, que são instituições militares ou a elas ligadas.
O documento militar faz abordagens sobre geopolítica, governança nacional, desenvolvimento nacional, saúde, segurança pública, defesa nacional. Entre outras medidas, os milicos sugerem mudanças nas leis que protegem a Amazônia, inclusive a referente a exploração de minérios que, segundo o documento, precisariam ser “mais flexíveis” e “mais simples”. Também sugerem facilidades para entrada do capital estrangeiro na região e remoção de “restrições na legislação industrial e ambiental”. Ou seja, passar a “boiada”. Segundo o documento, as ongs ambientalistas e o movimento globalistas seriam dois dos principais “entraves” ao desenvolvimento da Amazônia.
Não é à toa, portanto, que o livro Comentários a um delírio militarista mostra que o Brasil projetado por militares será um país exportador de matérias primas, socialmente desigual, com meio ambiente destroçado e dependente de potências ocidentais. O projeto militarista glorifica o passado colonial escravista. É representativo da ultra direita que pretende continuar governando o país. Mas não há como explicar a realidade contemporânea, sem o olho no passado. “Desde que retornaram da Guerra do Paraguai, as cúpulas militares julgaram-se autorizadas a ditar os rumos da sociedade brasileira”, dizem os autores. “Ao longo do período republicano, implantaram ditaduras e tumultuaram governos eleitos democraticamente”, lembra a publicação. E ratificam:
Nos últimos anos, os militares retornaram às posições de mando valendo-se da eleição de um oficial posto em inatividade por ser mentiroso e desleal.
São 41 autores entre professores reconhecidos, jornalistas experientes e personalidades de destaque na vida política brasileira – entre eles, Gilberto Maringoni, Márcio Pochmann, Piero Leirner, Adriana Marques, Ennio Candotti, Cristina Serra, João Pedro Stédile, Roberto Amaral, Eduardo Costa Pinto, José Genuíno, Luiz Eduardo Soares, José Gomes Temporão e Marcelo Pimentel – que se debruçam sobre os planos militaristas. O livro pretende funcionar como um alerta dirigido à consciência democrática nacional.
Os palestrantes serão: Manuel Domingos Neto que é Doutor em História pela Universidade de Paris, fundador e ex-presidente da Associação Brasileira de Estudos da Defesa / ABED, ex-vice-presidente do CNPQ, professor da UFF. E Marcelo Pimentel, que é coronel da reserva do Exército desde 2018, após 38 anos de serviço na ativa. É mestre em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e graduando em Ciências Sociais na UFPE. Como oficial superior, exerceu funções de comando de unidade, assessoramento, chefia de estado-maior de Grande Comando (7ª Região Militar) e adido de Defesa e do Exército na América Central e Caribe.
Leia também
“No Brasil, ninguém aguenta mais, fora Bolsonaro e seus generais”
Um bufão no poder: livro analisa negacionaismo, catastofrismo e messianismo em Bolsonaro
Dicionário com cem verbetes mostra efeito devastador do negacionismo
A arte de se tornar ignorante
Livro mostra “Passageiros da tempestade:fascistas e negacionistas nos tempos presentes
Documentário sobre Bolsonaro: “O Senhor da Morte comandando o país”
Dia do Nordeste: “Analfabetos” sobem hashtag #NordesteComLula contra o fascismo tropical
Grito do Ipiranga: Pernambuco contestador, as independências do Brasil, revoltas populares
O Grito dos Excluídos por independência verdadeira no século 19: a esquecida Maria Felipa
Grito dos Excluídos com bandeiras do Brasil: “Queremos nosso país de volta”
Filme revive fatos da ditadura de 1964
Livro oportuno sobre a ditadura (que o Presidente eleito diz que nunca existiu)
Lição de história sobre ditadura no Olha! Recife
Ministério Público recomenda que não se comemore 1964 nos quartéis do Exército
A história de 1968 pela fotografia
Ditadura: a dificuldade dos escritores
No Recife, o grito dos excluídos: “Queremos nosso país de volta”
Entardecer patriótico: Festa impecável para comemorar o Bicentenário
Bolsonaro repete machismo e misoginia
Homenagem de Bolsonaro a ele mesmo: autopromoção indevida e arrogante
Eleições: Não é difícil prever o que vem por aí
Ditadura e tortura pertencem ao passado
Carta em defesa da democracia será lida na Faculdade de Direito
Notícia falsa sobre descobrimento é retirada do ar
Velório: Índios prestam comovente homenagem
Tragédia na Amazônia: Bruno Pereira e Dom Presentes
Thiago Lucas: Morte e vida Severina e a geografia da fome no Brasil 2022
Historiador Marco Mondaini: As portas do inferno continuarão escancaradas
O Grito dos excluídos e excluídas
Finalmente o que faz Bolsonaro em Pernambuco?
Bolsonaro e a derrota do voto de cabresto
Ministério Público não quer homenagem a militar da ditadura em prédio do Exército
Nazista bom é nazista morto chama atenção em muro do Exército
Ministério Público recomenda que não se comemore o 31 de Março nos quartéis
Live de Bolsonaro vira caso de justiça
Protesto contra o governo Bolsonaro: “Lugar de militar é no quartel”
“Falsa impressão de que arma é a solução”
Cuidado, armas à vista. Perigo!
Trilhas da democracia com o MST
Memória e censura: Quando a palavra camponês era proibida nas redações
Memória: Período Militar, quando as armas ficaram no altar
Desespero de Bolsonaro é retrato antecipado do candidato derrotado
Entre o messias, a besta fera e as marcas do passado
“A arte de se tornar ignorante”
Trilhas da Democracia discute autoritarismo no Brasil e censura na Ufpe
Trilhas da democracia: Intimidação e mordaça nas universidades
UFPE divulga nota mas não explica autocensura a vídeo sobre pandemia
Manifesto contra censura da Ufpe a vídeo sobre pandemia e negacionismo
Censura a nome de Bolsonaro provoca exoneração de diretor na Ufpe
Memória: Período militar, quando as armas viraram oferendas no altar
Fora Bolsonaro nas ruas e reações antidemocráticas nas redes sociais
Violência policial derruba Secretário de Defesa Social e comandante da PM
Afinal, quem mandou a Polícia Militar disparar balas de borracha?
Violência policial é elogiada por coronel da PM. Vítima protesta
Pernambuco é hoje o grande vexame político nacional
Manifestação contra Bolsonaro. Agressão da PM foi insubordinação?
Dom da Paz pode virar santo. Cepe imprime documentos para o Vaticano
Governadores repudiam negacionismo e invasão a hospital
O pior cartão de natal de minha vida
Cantadores: Bolsonaro é a marca do passado
E agora, Bozó?
Arsenal: Sexta tem Cabaré do Bozó
Coronavírus: vaidade, mesquinharia, doação
Herói, palhaço, lockdown
Cientistas contestam Bolsonaro
Voltar à normalidade como? “Gripezinha”, “resfriadinho” ou genocídio?
Servidor federal é demitido porque fez a coisa certa na proteção ambiental
Ministro manda oceanógrafo trabalhar na caatinga: O Sertão já virou mar?
O Brasil está virando o rei do veneno
Fome, tortura, veneno e maniqueísmo
Agricultura, veneno e genocídio
A fome no Brasil é uma mentira?
A mentira da fome e a realidade no lixão do Sertão que comoveu o Brasil
Cantadores: Bolsonaro é a marca do passado
Menino veste azul e menina veste rosa?
“Falsa impressão de que arma é a solução”
Cuidado, armas à vista. Perigo!
Azul e rosa na folia dos laranjais
Circo, Galo, frevo, festa e o carai
Ditadura: a dificuldade dos escritores
Público vai ter acesso a 132 mil documentos deixados pelo Dom da Paz
“Cárcere” mostra o Brasil da ditadura
Pensem, em 1964 já tinha fake news: bacamarteiros viraram guerrilheiros
Cinema dominado e poucas opções: Amores de Chumbo
Mutirão contra a censura de Abrazo
Censura de Abrazo vira caso de justiça
Os levantes dos camponeses e a triste memória da ditadura em Pernambuco
Serviço
Debate e lançamento do livro “Comentários a um Delírio Militarista” (Ed. Gabinete de Leitura)
Quando: Terça, 11 de outubro, às 19h
Com: Manuel Domingos Neto (org.) e Marcelo Pimentel (articulista)
Onde: Armazém do Campo (Av. Martins de Barros, 387 – Santo Antônio)
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação e redes sociais
