Vítima de uma campanha sórdida e fedendo a misoginia, em 2020 – quando, então filiada ao PT, disputava a Prefeitura do Recife contra o seu primo, o hoje Prefeito João Campos (PSB) – a deputada Marília Arraes (Solidariedade) começou a ser acusada de usar mecanismos que também passam longe da ética, na disputa pela sucessão estadual. É que a sua adversária no segundo turno, Raquel Lyra (PSDB) convocou a imprensa para denunciar a disseminação de fake news contra a tucana. O caso já foi denunciado às autoridades competentes.
A coordenação jurídica da candidata do PSDB apresentou representação ao Ministério Público, à Polícia Federal e ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) contra a “avalanche de notícias falsas” contra a postulante. “Todos sabem que, após o resultado do primeiro turno e a ida de Raquel ao segundo turno, nós passamos a sofrer uma série de ataques de fake news. Temos observado ao longo da semana e tomamos as providências jurídicas, legais, para tentar conter esses abusos”, destacou o coordenador jurídico, Túlio Vilaça. O advogado Yuri Coriolano acrescentou que já identificou o possível cometimento de crime eleitoral por parte de um ex-candidato a vereador do PT, contratado para coordenar a militância da candidata a governadora, Marília Arraes (SD), nessas eleições. E também de um ex-assessor parlamentar da candidata. Os responsáveis seriam José Matheus Gomes de Araújo (candidato derrotado a vereador pelo PT, em 2020) e Múcio Magalhães de Souza, que foi assessor da deputada entre o começo de 2019 e agosto de 2022.
O documento apresenta prints de publicações falsas como provas. Entre estas uma reportagem que teria sido publicada pelo Jornal do Commercio, afirmando que Raquel apoia Bolsonaro. A notícia é fake.“Fake news é crime e estamos pedindo o rigor da lei para que os eventuais culpados sejam efetivamente condenados. Vários perfis falsos foram criados, sem ter o mínimo de compaixão para com a candidata que está vivendo um luto pela perda do seu esposo”, afirmou Túlio. “Não há limites para a campanha da adversária até se utilizando de reportagens de jornais e tem sido feita maquiagens para transmudar o conteúdo dessas notícias”, concluiu Yuri Coriolano. Como aliás, não havia limites para os ataques feitos a Marília, em 2020, pelo PSB, partido ao qual ela já pertenceu e do qual esteve separada no primeiro turno das eleições.
A Seccional da Ordem dos Advogados de Pernambuco (OAB-PE) também emitiu uma nota protestando contra o uso indevido da imagem do seu presidente, Fernando Ribeiro Lins. É que na campanha, a OAB abriu seu auditório para receber candidatos à sucessão estadual. Os encontros aconteceram entre os dias 17 de julho e 24 de agosto, quando seis candidatos apresentaram suas propostas. Incluindo a própria Marília e Raquel. De acordo com a OAB, “nenhum presidenciável participou” dessas reuniões. Mas tem circulado uma foto nas redes sociais, em que Raquel e sua vice, Priscila Krause, aparecem ao lado do Presidente Bolsonaro. É fake. Segundo nota distribuída pela entidade, foi feita uma montagem em que seu rosto foi substituído pelo de Bozó. A OAB informa que vai continuar lutando para que as eleições sejam “limpas e pacíficas”. Hoje, Marília Arraes reuniu-se com lideranças do PSOL, que declararam apoio à candidata do Solidariedade. O encontro foi na Casa Marielle Franco, no Derby. Marília acatou as sugestões do PSOL. “Tudo que foi apresentado aqui segue em sintonia com o que queremos para a construção de uma sociedade mais justa”.
Até o horário de fechamento desse post, a campanha de Marília ainda não havia se manifestado sobre a acusação do Comitê de Raquel. Nos links abaixo, você confere as acusações feitas a Marília, em 2020, e informações sobre a campanha eleitoral de 2022
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação PSDB e Léo Caldas /Solidariedade /Divulgação