Felizmente, multiplicam-se cada vez mais iniciativas para preservação da caatinga, bioma característico do Semi-Árido e que é exclusivo do nosso país. Ou seja, só existe no Brasil, aliás, no Nordeste. Durante longo tempo – e até hoje muitos assim pensam – a caatinga era vista como uma vegetação praticamente restrita a plantas agrestes como o mandacaru, o facheiro, o xique-xique, a macambira. Também é lembrada como aquela vegetação de baixo porte, que fica cinza com as estiagens, as secas. Mas não é sempre assim. Basta uma chuva e tudo se renova, as flores aparecem até nas brechas do asfalto. Entre as árvores da caatinga, encontram-se os ipês, as caraibeiras, os umbuzeiros (foto acima). Essa espécie é conhecida como o “refrigério do Sertão”, pela resistência à seca, pela sombra generosa e pelos frutos suculentos.
Ultimamente há projetos de preservação da caatinga implantados por particulares, por organizações não governamentais, por associações e até por empresas privadas. No final do ano passado, a Associação Caatinga desencadeou a campanha “Caatinga em pé”, com o objetivo de promover sensibilização sobre a necessidade de preservar o bioma. A campanha teve como foco a importância da proteção da biodiversidade da Caatinga e as consequências desastrosas da destruição do bioma, a partir de quatro fatores degradantes: queimada, caça, desmatamento e extinção de espécies.
A associação comanda o projeto “No Clima da Caatinga”, financiado pelo Petrobras Socioambiental. O projeto tem a finalidade de buscar a diminuição dos efeitos potencializadores do aquecimento global por meio da conservação do semiárido, a partir do desenvolvimento de um modelo integrado de conservação da Caatinga. A sede da instituição fica no Ceará. Também há empresas privadas no Nordeste atuando no repovoamento de áreas devastadas e até mesmo na arborização urbana de cidades sertanejas. Uma destas é a Agrovale, que vem fazendo campanhas educativas, ações de plantio e até repovoamento em áreas que sofreram queimadas.
Localizada no município de Juazeiro, Bahia (vizinho a Petrolina, Pernambuco), a indústria está doando mudas até para municípios de estados vizinhos. Através do Programa Viveiro de Mudas Nativas da Caatinga, já foram distribuídas 375 mil mudas nativas para 45 municípios de Pernambuco, Bahia, Piauí e Rio Grande do Norte. Agora, através do Projeto Caatinga Rica, dois novos municípios estão sendo contemplados. Eles são Tarrafeas e Saboeiro, ambos no Ceará, que acabam de receber mil mudas. Foram entregues às duas Prefeituras: umbuzeiro, marizeiro, ingazeira, pau-ferro, paineira, angico, umburana, ipê roxo e caraibeiras. Segundo a Agrovale – nada menos de 370 hectares de flora nativa da caatinga entraram em processo de recuperação, em 2021. A empresa possui dois hectares de viveiros, com 70 espécies nativas da Região, no município de Juazeiro (BA), que fica à margem do Rio São Francisco.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Lídio Parente / Acervo #OxeRecife (foto superior); Agrovale / Divulgação (foto central) e Genival Paparazzi (Acervo #OxeRecife)