Tragédia no Recife: cestas básicas chegam mas não há fogão para cozinhar

Sem casa, com futuro de incertezas e dependendo de refeições prontas porque não há como cozinhar. Para muitas das famílias atingidas pela tragédia das chuvas na Região Metropolitana, as refeições com  feijão, o arroz e o fubá das cestas básicas  vão ficar para depois. É que além de perder parentes, muitos dos atingidos pela água ficaram sem casa, sem cama, sem botijão, sem fogão.  As cestas básicas até que estão chegando, porém a dificuldade agora é como preparar as refeições.

A situação só não é mais grave por conta da mobilização do voluntariado , que tem garantindo quentinhas às comunidades atingidas. Também chegam doações de marmitas de  instituições  privadas e de órgãos públicos.  O voluntariado tem ajudado na distribuição e entrega das três refeições, usando até mesmo métodos inusitados, como levar alimentos via cabo de aço a populações ilhadas. Segundo o Palácio do Campo das Princesas,  além das 128 vítimas fatais, os temporais  deixaram 71.227 pessoas sem ter onde ficar. São 61.596 desalojadas, e 9.631 desabrigadas.  Ou seja, é gente de mais sem ter onde morar ou sem saber quano vai voltar para casa. Cozinhar, portanto, ninguém nem sabe quando.

Muitas famílias desalojadas estão recebendo cestas básicas, porém ainda não conseguem cozinhar pois perderam tudo, incluindo fogões e botijões.

Cestas básicas, colchão, um kit de higiene pessoal e um kit de limpeza para a casa, roupas usadas. Essas são as principais doações que têm chegado às famílias afetadas. Os voluntários pedem, também, roupas íntimas e fraldas descartáveis para idosos e bebês. E também absorventes. Quanto à comida, sim,   integra a maior parte dos donativos. Porém -para muitas famílias – não há como preparar. A dona de casa Lourdes de Lima, 46 anos, mora na vila Guarulhos, em Jardim São Paulo, com o marido e dois filhos. A comunidade é banhada por um canal, que no passado foi um rio. Com o transbordamento, as casas foram invadidas.

“ A casa encheu de água e eu perdi guarda-roupa, perdi cama, colchão, alimentação, foi tudo embora”,  lamenta. Até o fogão. Na comunidade do Areal, à margem do Capibaribe, em Apipucos,  os moradores começaram a retornar, aproveitando o domingo de sol. Foi dia de lavagem retirada de lama. Porém dezenas de famílias não têm como preparar os alimentos que estão chegando. Vamos ver se a solidariedade se estende a utensílios domésticos, como mesas, bancos, cadeiras, geladeira e fogões… Quem tiver, faça a doação. Tem gente demais precisando.  

A partir desta segunda-feira (6), 140 Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e de saúde ambiental e controle de endemias (asaces) dos distritos sanitários 4, 5 e 8, que abrangem áreas como Várzea, Coqueiral e Ibura, entram em ação para cadastrar vítimas das chuvas e agilizar o pagamento de auxílio emergencial. Como forma de agilizar processo de pagamento do auxílio emergencial,  os agentes trabalharão com aplicativo especificamente desenvolvimento para coletar todos os dados em campo e que, posteriormente, permitirá o cruzamento com a base do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e outras bases de dados da Prefeitura.  A ajuda será para as famílias que foram severamente afetadas pela tragédia e que integram o CadÚnico. O auxílio  será pago em uma única parcela. Segundo o Prefeito João Campos (PSB), cerca de20mil famílias serão beneficiadas. Hoje a Comissão de de Justiça da Assembleia Legislativa aprovou a proposta de ações do governo estadual em benefício das famílias prejudicadas com a chuva. Entre as propostas, pensão vitalícia para órfãos que perderam os pais em desabamentos e o Auxílio Pernambuco, que consta de parcela única de R$ 1.500 para famílias que tiveram suas casas alagadas. Outra medida autoriza repasse imediato de R$ 124 milhões 700 mil  para 31 municípios que estão em situação de emergência.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Dondinho / PCR e Letícia Lins / #OxeRecife

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