Proprietários de imóveis da Praça de Casa Forte recusam calçadas da Prefeitura

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Mais uma polêmica envolvendo obras públicas do Recife. Dessa vez na Praça de Casa Forte, onde moradores e comerciantes foram avisados que o Programa Calçada Legal vai começar a ser implantado  naquela localidade.  Eles receberam panfletos coloridos, dando indicação do início das obras. E também informações de funcionários da Prefeitura, segundo os quais os serviços começariam “logo mais à noite”, embora sem precisão de data. Mas proprietários de seis imóveis de preservação especial (IEPs) reclamam que a obra não é necessária, pois suas calçadas estão em bom estado e obedecem à estética das fachada das últimas casas seculares que ali restam . E deram um recado ao Prefeito João Campos (PSB).

Proprietários de imóveis de preservação rejeitam calçadas ofertadas pela Prefeitura do Recife.

“À Prefeitura da Cidade do Recife ou empresas contratadas. Não autorizo substituir o revestimento da calçada à frente do imóvel 326”, diz o aviso colocado em frente à “casinha amarela”, como o IEP é mais conhecido. Lá funcionam dois escritórios de arquitetura e um atelier. Também sedia bazares esporádicos de objetos de arte, bijuterias, roupas artesanais, tudo sob rigorosa curadoria. O aviso está fixado, ainda, em imóveis vizinhos.  Além do  326, os cinco outros  IEPs que estão com calçadas em boas condições, preservadas pelos proprietários, são: 314 e 306 ( Nez e Le Faux, restaurante bistrô e cafeteria),  334 ( Arosa Produtos Alimentícios), 324 (escritório de arquitetura). E,portanto, não devem ser “requalificadas”.

Entre os IEPs, há o número 316, que é uma residência, mas cuja fachada sofreu mudanças ao longo das últimas décadas. Sua calçada também está em ordem.  “Nossas calçadas estão conservadas, dentro das normas técnicas e da legislação da própria Prefeitura e não há motivos para que sejam destruídas”, afirma arquiteta Yeda Maria Leite. “A Arosa, que fica aqui do lado, abriu há dois meses e acabou de fazer a calçada, e agora ela vai ser destruída”?, indaga Yeda, que diz não entender a ordem de prioridades no Calçada Legal. “No bairro da Tamarineira, uma calçada que acabou de ser concluída foi destruída para ceder lugar à implantada pelo Calçada Legal”, acusa. “E o pior é que o material utilizado pela Prefeitura foi absolutamente igual ao que foi inexplicavelmente retirado”.

“No nosso caso, preenchemos todos os requisitos no que diz respeito às calçadas e não há nada que justifique essa alteração”, diz Yeda. “Qual o critério para a implantação do Calçada Legal? Por que não dialogar com os proprietários? Por que essa “generosidade” em bairros de área nobre, quando áreas mais carentes precisam de saneamento, acessibilidade e mesmo calçadas”?

Normalmente o material que vem sendo utilizado no Calçada Legal é o Paver (ou intertravado), o que é outro temor dos moradores da Praça de Casa Forte. “É um revestimento que ajuda na acessibilidade e contribui para a permeabilidade, já que não é assentado com argamassa e dispensa rejunte”, reconhece. Mas aí há outro porém. “O assentamento precisa ser perfeito porque, em caso contrário, termina afundando e desnivelando”, adverte a arquiteta.

Como pedestre que caminha muito – pelo menos uma hora diária – sou prova viva dos problemas do Paver mal assentado.  Já denunciei aqui exemplos de blocos soltos  na Estrada das Ubaias e na Rua Amélia, que foram alvos do Calçada Legal.  No segundo caso, recém implantado, já estava soltando o que me provocou um tombo e pé imobilizado por 20 dias. O paver  é aquele revestimento do calçadão da Orla de Boa Viagem, que está com vários trechos afundados, colocando em risco segurança de banhistas, pedestres e atletas. Em tempo, todo cuidado é pouco na preservação da Praça de Casa Forte pois, como se sabe, ela é considerada jardim histórico e é até tombada pelo IPHAN. Então, conservar o que existe nela e no seu entorno é tudo que o Recife precisa.  Com a palavra a Prefeitura e os responsáveis pelo Calçada Legal.

Nos links abaixo, vocês podem perceber que o que não falta no Recife é calçada para se fazer inclusive em áreas onde elas são obrigação do poder público, como beira de rios, lagos, de repartições oficiais. Também é preciso fiscalizar as condições daquelas que são de responsabilidade de imóveis privados.

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Texto e fotos: Letícia Lins /  Acervo #OxeRecife

3 comments

  1. A prioridade é “mostrar serviço “. Acho muito bom fazer em alguns lugares, mas a Praça de Casa Forte já sofreu muito com o lentíssimo serviço de recuperação das calçadas de pedras portuguesas. Permitiram a construção de vários prédios de 40 andares, levando a uma superlotação, que prejudicou muito o uso da praça, além de uma escola, que transformaram o trânsito infernal.

  2. A calçada que está precisando de conserto é a do nosso Museu do Recife,na Av Rui Barbosa.As pedras portuguesa estão soltas,faltando…
    Muito mal cuidadas!
    O prefeito João Paulo foi uma lástima! Arrancou e substituiu por outro piso,todas as pedras portuguesas legítimas,da minha infância,do centro do Recife!
    Sem falar no desastre que fez na nossa Av.Conde da Boa Vista!
    Precisam recolocar os nomes das árvores existentes na Praça de Casa Forte.

  3. Acho que a intenção da prefeitura é louvável, pois que me lembro nenhum gestor teve essa preocupação com a cidade. Porém o que for de calçadas centenárias devem ser preservadas. No bairro de Jardim São Paulo, esse projeto está sendo implantado, porém é só andar pelos trechos feitos que se detecta um trabalho mal feito e cheios de irregularidades. A prefeitura devia fiscalizar essas obras já que os seus fiscais são coniventes com os erros dos empreiteiros.

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