Residente em comunidade à margem do Rio Capibaribe, no bairro de Apipucos, Dona Maria das Dores da Silva tem 78 anos e gosta de passear. Faz tudo sozinha: visita as filhas, vai à feira, ao mercadinho, pega ônibus, cumpre percursos também a pé. Ela é uma das pessoas que, como eu, são traídas pelas armadilhas e “feridas” expostas nas calçadas assassinas do Recife. É que, mal conservadas, provocam acidentes que vão de pequenas escoriações a fraturas expostas.
Pelo menos, é a conversa que a gente ouve onde quer que chegue. Há alguns dias, não a via passar em frente à minha residência. Mas na sexta, lá vinha Dona das Dores, lépida e fagueira, como costumo vê-la, ao iniciar seus passeios habituais. “Há tempo não lhe via, estava sumida”, brinquei. “Pensei que estivesse doente”, acrescentei. “Estive quase doente, mas minha saúde é boa, estava sem sair de casa”, respondeu. “Mas o que aconteceu?”, indaguei, sem entender o que ela quis dizer.
“Levei uma queda feia, machuquei o joelho e a mão”, disse. O acidente ocorreu há duas semanas, segundo me informou. Como aparou a queda com a mão, esta está inchada, segundo me mostrou. “Agora ela está melhor”, conforma-se. E relata: “Desci do ônibus no Alto de Santa Isabel, andei dez minutos, tropecei em uma calçada esburacada e caí”, contou a vítima (mais uma) das armadilhas das calçadas assassinas do Recife. A idosa diz que não vai parar de andar, e que as quedas já viraram rotina na vida dela. “Já foram tantas, que perdi as contas”. Para ela, a insegurança imposta aos pedestres é dupla. “Ando com medo de buraco e de assalto”. Triste constatação. Pela lei, o cidadão tem direito a calçadas que não apresentem riscos e à segurança pública. Mas… cadê?
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife