PE: Bombeiros ainda buscam 10 corpos

Pernambuco está com 6.650 desabrigados ou desalojados, e os serviços de busca de pessoas soterradas devido ao temporal ainda não acabou . Com 106 mortes já oficialmente contabilizadas, forças de segurança pública e defesa social trabalham no resgate de onze outras pessoas que permanecem desaparecidas. Sendo que  destas, nove  já tiveram seus nomes fornecidos ao Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR), que coordena os serviços de resgate.  Sobre as outras duas, há relatos imprecisos e ainda em investigação.

Dos nove desaparecidos já devidamente conhecidos, três estariam na Vila dos Milagres (Barro) e o restante, no Curado IV (2), Areeiro (1), Paulista (1), Jaboatão Centro (1), na Região Metropolitana. Há, buscas, também, em Limoeiro, na Região Agreste de Pernambuco. Lá, um idoso de 70 anos teria ficado soterrado após deslizamento de terra, na área rural do município, localizado a 77 quilômetros do Recife. Segundo nota do Palácio do Campo das Princesas, estão atuando 403 profissionais do Corpo de Bombeiros de Pernambuco e de outros Estados, Forças Armadas, operativas da SDS, Defesa Civil e órgãos municipais. Também é grande o número de voluntários ajudando, seja no recolhimento e distribuição de donativos, ou na ajuda às equipes oficiais de resgate.

Equipes de segurança de Pernambuco e outros estados buscam corpos nos escombros em seis localidades

“Não sei se estaria vivo aqui, se não fosse a ajuda dos vizinhos, que cavaram o barro com as mãos para me encontrar”, afirma Glaúcio José da Silva, serralheiro que perdeu a mulher e um cunhado soterrados, no município de Jaboatão dos Guararapes, vizinho ao Recife. “Ela morreu abraçada comigo”, desabafou ele, que fez de tudo para proteger a esposa, mas ela não sobreviveu. Com hematomas por todo o corpo, o serralheiro não perdeu a vida, porém além de perder a companheira de 20 anos, viu seu patrimônio construído a duras penas derreter . “Não tenho mais casa, minhas máquinas de trabalho se perderam na água e minha mulher morreu”. É entre Jaboatão e Recife que fica o Jardim Monte Verde, onde houve a maior concentração de vítimas fatais das 106 da tragédia: mais de 20.

E é no município onde o poder público municipal parece o mais omisso. As populações de Jaboatão se queixam da falta de tudo: alimentos, água potável, água nas torneiras para lavar a lama das casas. As montanhas de lixo no meio das ruas lembram as cenas de um terremoto. Como o Recife, Jaboatão possui bairros de alto poder aquisitivo, porém a maioria da população reside em condições precárias e áreas de risco. O número de imóveis interditados (955)  pela Prefeitura do município  dá a dimensão da dramática realidade social de sua população. E a ajuda que tem chegado – em sua grande maioria – vem do voluntariado e de organizações sociais. Basta dizer que há locais onde a população amarrou um cabo de aço de uma margem a outra de um rio, para levar comida a uma comunidade ilhada devido à queda de uma ponte. Os mantimentos, todos doados por voluntários, vão de um lado a outro no interior de uma caixa de água doméstica, movida a força manual. As populações atingidas, no entanto, destacam que necessitam de quentinhas, com refeições prontas, pois as cestas básicas estão chegando mas muita gente não tem onde cozinhar, pois perdeu  utensílios como fogões e geladeiras.

O Ministério Público de Pernambuco visitou áreas afetadas pelas enchentes e abriu postos de arrecadação de donativos.

Prefeito há pouco tempo, Mano Medeiros, parece não saber por onde começar a enfrentar a tragédia. O titular, Anderson Ferreira, desincompatibilizou-se do cargo para disputar o governo de Pernambuco.  O governo estadual informou hoje que as 106 vítimas fatais das chuvas já foram periciadas no Instituto de Medicina Legal, um dia após reclamações de familiares dos mortos, que se queixavam da demora na liberação dos corpos. Sete, no entanto, ainda estão no IML, aguardando conclusão documentos e outras formalidades legais.

Na maioria das áreas atingidas pelo dilúvio, as famílias fazem apelos à Companhia Pernambucana Saneamento (Compesa) para que o abastecimento seja normalizado. No Instituto de Medicina Legal do Recife (IML), as 106 vítimas resgatadas foram periciadas pela força tarefa montada para agilizar os procedimentos tanatoscópicos, orientar, acolher e apoiar as famílias. A Secretaria Executiva de Defesa Civil do Estado montou, em sua sede, uma estrutura de apoio às cidades que decretaram situação de emergência por conta das fortes chuvas que atingiram Pernambuco desde a semana passada. O objetivo é orientar os municípios no preenchimento do Sistema Integrado de Informações de Desastres, para que tenham acesso aos recursos e apoio estadual e federal. A Codecipe fica na Avenida Cruz Cabugá, 1211 – Santo Amaro. (Fones 3181-2490 e 199). O Ministério Público de Pernambuco visitou áreas atingidas e abriu postos de arrecadação de donativos para as famílias atingidas pelo temporal. Hoje a Assembleia Legislativa aprovou lei que autoriza o fornecimento de documentos gratuitos às pessoas atingidas pela enchente.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos:  Genival Paparazzi e MPPE/ Divulgação

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