Movimento Internacional Banco Vermelho contra o “feminicídio” chega ao Recife para fazer barulho

Quem passar a partir de hoje pela Praça Chora Menino,  no bairro da Boa Vista – na área central do Recife – já pode observar um  banco diferente, pintado de vermelho. Nos próximos dias, outros bancos, da mesma cor, aparecerão em locais como Praça Tiradentes, Rua da Moeda, Rua da Aurora,  Parque Treze de Maio, Praça Oslvaldo Cruz (Centro); Morro da Conceição e Sítio da Trindade (em Casa Amarela);  comunidade Entra a Pulso (Boa Viagem);  UR1 (Ibura);   Praça Jardim São Paulo ( Jardim SãoPaulo); Parque do Caiara (Iputinga). Não, não se trata de repaginada nos equipamentos urbanos da cidade, mas sim de uma campanha pelo fim da violência  contra a mulher.

A campanha será lançada  no sábado (25/11), a partir das 15h, na Rua dos Amores, no Recife Antigo. Para marcar a deflagração da campanha e chamar a atenção da população, um banco gigante será colocado no Marco Zero, no mesmo bairro, com banda e artista (Nena Queiroga).  Tudo para fazer barulho mesmo, chamar atenção das pessoas. Na verdade, a iniciativa integra uma ação internacional, o Movimento Banco Vermelho, que é contra o feminicídio. A campanha teve início em 2016 na Itália, expandiu-se rapidamente e já percorreu países como Espanha, Áustria, Austrália, Argentina, Brasil. Cada banco tem uma mensagem diferente sobre o tema, incentivando a população a sentar, refletir, levantar, agir. Cada unidade possui, também, um QR Code, que leva ao Instagram do Movimento @bancovermelho, com informações sobre o projeto, canais de ajuda às vítimas, de denúncias, e até apoiadores da iniciativa.

Na nossa cidade, a Secretaria da Mulher do Recife  faz do Banco Vermelho uma das ações da campanha “Minha cidade é meu lugar: 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher”. Tudo a ver. Quanto mais campanha houver contra a violência de gênero, melhor. Em Pernambuco, entre janeiro e outubro foram registrados nada menos de 42.420 boletins de ocorrência partindo de mulheres que sofreram algum tipo de agressão. Os BOs incluem queixas que vão das agressões domésticas (marido espancando mulher, por exemplo) a estupros (que somaram 2.277 no mesmo período). Nos dez primeiros meses de 2023, também foram notificados 65 feminicídios no Estado, quando a vítima foi assassinada pelo simples fato de ser mulher. No Brasil, a cada hora, 26 mulheres são vítimas de algum tipo de violência. E os números podem ser maiores. É que o Mapa da Violência de Gênero, divulgado no último dia 22, mostra que 60 por cento das mulheres vítimas de violência doméstica não fizeram denúncia às autoridades policiais.  Em 2022, os feminicídios somaram 1.437 no país, o que não é pouco. Então, as campanhas devem ser frequentes. ou melhor, permanentes.

Portanto, viva ao Banco Vermelho, e a todas as campanhas contra a violência de gênero, a violência doméstica, o feminicídio. Como repórter, antes da vigência da Lei Maria da Penha, acompanhei casos escabrosos e revoltantes. Como os de maridos violentos, que quebraram a mulher no pau e que foram liberados pela polícia por terem cometido crimes de “menor potencial ofensivo”, segundo justificou para mim, certa vez, um delegado no município de  Paulista, no Grande Recife. Dá para acreditar?  Na época, cansei de denunciar casos como esse ou até piores. Felizmente, a legislação mudou. Porém os agressores parecer que ainda não entenderam isso. Na Região Metropolitana, o caso mais recente é o de Bruno Andrade Lima, que insatisfeito com o fim do relacionamento, esfaqueou a ex-namorada e os pais dela, após quebrar o vidro da portaria, e invadir o prédio da família. Apesar da violência  – tentativa de triplo homicídio – e da periculosidade do acusado, o mandado de prisão contra o agressor só foi expedido cinco dias depois. Antes tarde do que nunca, como acontecia antigamente… Mas já houve demora maior, como no caso Maristela Just, um dos mais emblemáticos no Estado.
Em um dos bancos inclusive  há homenagem para Maristela Just, vítima de feminicídio. Ela foi assassinada pelo ex-marido, José Ramos Lopes Melo, de quem estava separada  há dois anos. Em 1989, ele atirou na ex-mulher, então com 27 anos; no irmão dela (Ulisses Ferreira Just); e ainda nos dois filhos do casal, Nathália (no ombro) e Zaldo (na cabeça), crianças que ficaram com sequelas definitivas.  Na época, Nathália tinha quatro anos, e o irmão, dois.

Filho de ex-deputado e criminalista, Gil Teobaldo (já falecido) o assassino foi beneficiado com muitas idas e vindas no processo que mobilizou a opinião pública em Pernambuco. O julgamento do acusado só aconteceu 21 anos depois. Por conta da soma dos crimes cometidos, foi condenado a 79 anos de prisão. Ou seja, como diz o ditado, a justiça tarda, mas não falha. Mas o melhor é não tardar.

Leia também
Dia da Memória às vítimas do feminicídio recifenses
Benefício para órfãos do feminicídio
Protocolo Violeta protege mulheres no Recife
Acusado de abusos sexuais, Padre Airton Freire, da Fundação Terra, vira réu
Inteligência Legislativa e polícia civil investigam ameaças contra Rosa Amorim
Mulheres comandarão pastas estratégicas no combate à violência no governo Raquel Lyra
Acusado de matar em Glória de Goitá aparece em Caruaru 
#MedusaMusaMulher
Aborto em menina de dez anos na Cisam gera guerra em Pernambuco
Gravidez precoce responde por 21 por cento dos partos em Pernambuco
Pelo fim da violência contra a mulher
Mulheres contra a violência
Carnaval sem assédio em Pernambuco
Violência doméstica: “Sempre ouvi dizer que mm uma mulher não se bate nem com uma flor”
Caso Pedro Eurico: Em mulher não se bate nem com uma flor
“Nem com uma flor faz ação solidária”
………………
Em Pernambuco, negros e pardos -quase 90 por cento – são as maiores vítimas da violência policial
Mistério no caso do juiz assassinado
Polícia Militar protege caminhantes mas não impede violência: o caso geraldo maia
Acusado de abusos sexuais, Padre Airton Freire, da Fundação Terra, vira réu
Vídeo sobre procurador assassinado mobiliza universidades
Inteligência Legislativa e polícia civil investigam ameaças contra Rosa Amorim
Mil tiroteios espantam no primeiro semestre em Pernambuco
Assaltos chegam a 10.000 por mês em Pernambuco
Cuidado: Armas à vista.Perigo
Anuário Estatístico da Segurança Pública: Taxas de de homicídio de Pernambuco superam as do país
Violência, tiroteio e falta de segurança na Avenida Conde da Boa Vista deixam mortos e feridos
Artistas desafiam insegurança e fazem espetáculo noturno no Treze de Maio
Parque Treze de Maio tem novos assaltos no final de semana
Frequentadores reclamam da insegurança no Parque Treze de Maio
Mulheres comandarão pastas estratégicas no combate à violência no governo Raquel Lyra
Vigaristas abordam pedestres em Casa Forte
Assalto famélico no Pão de Açúcar leva Procon a notificar empresa por falta de segurança
Compaz: Laboratório da paz transforma morros
Acusado de matar em Glória de Goitá aparece em Caruaru 
NO Brasil de Moise e Durval, a falta que faz o Dom da paz
#MedusaMusaMulher
Aborto em menina de dez anos na Cisam gera guerra em Pernambuco
Gravidez precoce responde por 21 por cento dos partos em Pernambuco
Pelo fim da violência contra a mulher
Mulheres contra a violência
Carnaval sem assédio em Pernambuco
Violência cresce desde 2014 em Pernambuco
Tiroteios em Sítio dos Pintos
População sem paz em Sítio dos Pintos
Soldados não se aposentam
Medo em volta do Cais do Imperador
Entre a horta urbana e a insegurança
Isso não é um assalto, é horta no asfalto
Segurança preocupa no Litoral
Muda comando da segurança
Petista cobra segurança 
Quatro Cantos: Protesto contra a violência
Armas em presídio: Como explicar?
Seres recolhe mas não explica como armas entram em presídio pernambucano
Via Crucis pelo desarmamento infantil
Polícia Militar protege caminhantes no centro do Recife mas não impede violência : o caso Geraldo Maia
Afinal, quem mandou a Polícia Militar disparar balas de borracha?
Violência policial é elogiada por coronel da PM. Vítima protesta
Pernambuco é hoje o grande vexame político nacional
Violência policial derruba secretário
Raquel Lyra faz nova mudança e novo Secretário de Justiça e Direitos Humanos é indicado

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife

 

 

Continue lendo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.