Debate e exposição sobre “Homem-Gabiru” movimentam a Bienal do Livro de Pernambuco

Compartilhe nas redes sociais…

No século passado, tornaram-se célebres as denúncias de cientistas e pesquisadores sobre a fome no Brasil. Principalmente a do Nordeste. Josué de Castro (1908-1973) o fez, já em 1946, com o livro “Geografia da Fome”. Nos anos 1970, o professor Nelson Chaves (1906-1982), denunciou uma geração de “nanicos”, que estaria surgindo na Zona da Mata Sul de Pernambuco, devido à subnutrição.  No início dos anos 1990, uma exposição fotográfica deu o que falar no Recife e virou notícia nacional. Foi a “Homem-Gabiru, catalogação de uma espécie”, que era uma revisita a Josué de Castro, tendo como base um outro seu livro, “Homens e Caranguejos”. A mostra abriu um amplo debate, sobre o tema ainda hoje vivenciado no Brasil e no mundo: a fome.

O personagem  fotografado mostrava o que denunciavam os cientistas. Que o homem da região canavieira estava perdendo altura, devido à desnutrição.  Embora nos dicionários a palavra gabiru sirva para classificar  “malandro”, “patife”, “bilontra”, no linguajar pernambucano serve para designar rato, um bicho pequeno. Neste domingo (8/10), o tema volta a ser debatido nesta tarde,  na 14ª Bienal Internacional de Literatura de Pernambuco, que acontece no Centro de Convenções – o Cecon, que fica entre o Recife e Olinda.  Do debate participam Arlindo Soares, Zelito Passavante e Tarciana Portela, esta última produtora do projeto. O segundo, Zelito – que é artista visual – também participou do projeto, além de Daniel Aamot, fotógrafo.

O assunto levou a equipe a participações em programas de TV, como o então liderado por Jô Sores, e ensejou uma discussão nacional. A convite da então Prefeita de São Paulo, Luísa Erundina, a equipe foi convidada a expor na capital paulista, quando saiu – também – a edição do livro catálogo pela Hucitec. A publicação foi bancada pela Secretaria de Cultura de São Paulo. Posteriormente, o livro foi adotado na rede pública de educação em São Paulo e ganharia uma edição alemã. Todo o trabalho contou com a parceria do Centro Josué de Castro, que viabilizou recursos para sua execução. Na mesa de debate dessa tarde, na Bienal, os expositores falam sobre o poder mobilizador da arte face às injustiças sociais. Já a exposição pode ser visitada até 15 de outubro, quando se encerra a Bienal.

Nos links abaixo, você confere informações sobre a Bienal e sobre a Fome

Leia também
Patrícia Gonçalves Tenório comemora 20 anos de produção literária lançando cinco livros na Bienal
Escrita Criativa do Brasil vai movimentar Feira de Livros de Frankfurt e também a Bienal do Livro
Sessão Recife Nostalgia: Nos tempos do icônico bar Soparia 
Maria Bonita, companheira de Lampião, é tema de livro na Bienal: “Amor de ferro e flor”
Sete de Setembro vira dia de mobilização por direito à água e contra a fome
Thiago Lucas: Morte e Vida Severina e a Geografia da Fome
Pernambucano Thiago Lucas integra projeto internacional sobre a Covid-19
Fome só faz se agravar. E o Recife?
Fantasma da fome virou pesadelo real
Coronavírus traz fantasma da fome
O alerta da  pandemia: “Estou com fome”
Entre a cidadania e o retrocesso: Vacina no braço comida no prato
Ceará: comida para quem tem fome
Pandemia: a fome tem pressa
Fome, tortura, veneno e maniqueísmo
FPE: A despedida da vida no lixão
Adultos e crianças: A vida no lixão
Fome no Brasil é uma grande mentira?
Ação contra a fome no metrô
Ação de cidadania para Natal sem fome
População de rua cresce na pandemia
População de rua e restaurante popular
Por um Recife com igualdade social e ruas sem lixo
Quitinete para morador de rua
Vida na rua, praça, rede e droga
População de rua ganha banhos e conserto de bicicleta
Pobre Recife. Será que isso vai mudar?
A voz do eleitor: Quero um Recife onde pobre não seja tratado como animal
Brechó: Casas para a Entra Apulso
Projeto Ação prepara Festa natalina
Palafitas vão ganhar live a partir de barco: “O rio vai pegar fogo”
Vem mais veneno por aí nos alimentos
Culinária sustentável: iguarias com cascas de banana e bagaço de coco
Consumo consciente na Xepacult
No Dia Mundial da Terra, vamos falar da importância de hortas urbanas
Nada menos de 77 por cento de crianças e adolescentes vivem na pobreza

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação 

Continue lendo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.