Chamar uma candidata de “picolé de menstruação” é misoginia e falta de respeito a todas as mulheres

Não é a primeira vez. Em 2020, quando disputava a Prefeitura do Recife  e disparou nas pesquisas de intenção de voto, a Deputada Marília Arraes (então no PT) foi alvo de uma campanha sórdida e misógina, que chocou o eleitorado feminino. Na época, o “tiroteio” foi disparado às vésperas de finalizar a corrida para o segundo turno, e seu adversário era o primo João Campos (PSB), hoje Prefeito do Recife. Muita gente que conheço decidiu votar em Marília por solidariedade de gênero.

Agora, grávida e enfrentando a dureza que é uma campanha  eleitoral, a candidata à sucessão estadual volta a ser alvo de agressão machista, reconhecida pelo TRE como “violência política contra a mulher”.  Uma das autoras de lei que propôs o fornecimento de absorventes a estudantes de escolas públicas do ensino fundamental e médio, a  agora candidata pelo Solidariedade foi chamada de “picolé de menstruação” nas redes sociais de pessoas ligadas à adversária, Raquel Lyra (PSDB).

Imediatamente, o Setor Jurídico do Comitê de Marília apelou ao TRE, que deu prazo de 24 horas para que o agressor se explique. O vídeo sobre o assunto foi publicado na página de Mateus Souza no Instagram. E é grotesco, de péssimo gosto. “Você tem um picolé de menstruação que é Marília. Eu não chupo um picolé de menstrução, e você”.

Mas o comitê de Raquel esclarece que o autor do vídeo é o policial Maxwell Souza, que não tem vínculo com seu comitê eleitoral. E Mateus foi assessor do Deputado Daniel Coelho (Cidadania), coordenador da campanha de Raquel Lyra. Mateus não trabalha mais com Daniel, mas sim com o ex-Ministro e candidato derrotado ao Senado, Gilson Machado Filho. O TRE intimou Mateus a se explicar. É lamentável que esse tipo de violência política contra a mulher aconteça em uma campanha  disputada por duas pessoas do sexo feminino.

Raquel Lyra desautoriza expressão “picolé de menstruação” e avisa que responsáveis não são seus assessores

Infelizmente, uma profunda falta de respeito com Marília e com todas as mulheres. Incluindo as de baixa renda, que faltavam às aulas durante o ciclo menstrual porque não tinham como se proteger, já que faltava dinheiro para comprar absorventes. Se eu tivesse que aplicar a lei, fazia esse rapaz cumprir pena alternativa, obrigando-o a subir morro para entregar pacotes de absorventes  a entidades em escolas públicas.

Só assim, ele não chamava mais de “picolé de menstruação” quem tanto lutou para suprir essa necessidades entre mulheres pobres, jovens e adolescentes. Ou povo de alma pequena…. Meu Deus! Hoje, em Caruaru, Raquel Lyra prometeu ajudar as mulheres que precisam trabalhar com construção de creches no Estado, e também proteger aquelas que enfrentam violência doméstica. “Vamos ter Delegacia da Mulher, 24 horas por dia, sete dias da semana, com equipe profissional para fazer atendimento, psicóloga, assistente social…”,disse.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação / Assessorias das candidatas 

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