Menos de uma semana após ter desfilado pela Avenida Paulista, carregando um estandarte do programa Pernambuco Meu País – em uma clara disputa com a Prefeitura do Recife (que anuncia a maior festa da história) – a Governadora Raquel Lyra (PSDB) arranjou um jeito esperto de marcar território na capital do frevo. Já montou um palco no Recife Antigo, enquanto o mais tradicional, da Prefeitura, e no mesmo bairro, ainda está sendo concluído.
E no melhor estilo “abafa” dos encontros de orquestras de frevo nas ruas, ela instalou a estrutura do Estado a cem metros do outro palco, gigantesco, que vem sendo montado pela Prefeitura do Recife e no qual se apresentam as principais atrações anunciadas pelo Prefeito João Campos (PSB) para aquela que é a maior festa popular do Recife. Raquel e João pretendem disputar o Palácio do Campo das Princesas, em 2026. Ela, a reeleição. Ele, que é prefeito, bem avaliado nas pesquisas, está a fim de subir mais um degrau em sua ambiciosa carreira política.

Então, é natural que os dois lutem, palmo a palmo, por espaço. Como ela é governadora, ficou mais fácil fazer interferência no carnaval da capital, via Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Já o Prefeito não teria como interferir, por exemplo, no carnaval de Caruaru, onde fica o maior reduto eleitoral de Raquel. No Recife, a partir da sexta-feira (21/02), o palco de “Pernambuco meu país” (do governo estadual) já começa a ofertar shows para os foliões. Antes, portanto, do da Prefeitura. E a festa do estado começa logo cedo, às 17h30 de amanhã, com cortejo de bonecos gigantes pelo Bairro do Recife Antigo. Os gigantes- claro – vão desfilar com orquestras e grupo de passistas, chamando a atenção da população. Ops… dos eleitores.
Ao acabar o cortejo de bonecos gigantes, o palco montado pelo governo estadual será ocupado por Almir Rouche, Lia de Itamaracá e Siba e a Fuloresta. Já a Prefeitura não deixou por menos, pois a festa dessa sexta-feira, extensiva ao final de semana, tem blocos líricos, maracatus e outras atrações nas ruas. Mas não ainda no palco do Marco Zero. A pergunta que todo recifense está fazendo é se, durante o carnaval, haverá coexistência em dois palcos tão grandes e tão próximos como o do Governo e o da Prefeitura. Será que a mistura de sons (que são altíssimos) não vai virar um pandemônio? Porque ali, bem pertinho do local onde ficará o palco do estado, há um outro, montado pela Prefeitura que é o da Praça do Arsenal. Já cobri muitos carnavais e presenciei muitas formas do governo estadual incrementar a festa, mas nunca com briga por marcação de território tão explícita como a atual no Recife.
No Governo Jarbas Vasconcelos, por exemplo, o esforço era para dar visibilidade às manifestações do interior, como os Papangus (de Bezerros) e os Maracatus Rurais (de Nazaré da Mata). Durante a gestão Miguel Arraes, houve muito empenho (via Ariano Suassuna) para fortalecer os grupos populares que vinham do interior se apresentar na Região Metropolitana. Já o falecido governador Eduardo Campos (PSB) apoiava o Galo da Madrugada, e convidava políticos de destaque de todo o país para assistir o desfile, o que gerava mídia espontânea nos veículos de circulação nacional. Seu sucessor, Paulo Câmara (PSB) não mostrava grande engajamento na maior festa popular do Recife, mas o seu então Secretário de Turismo, Rodrigo Novaes, teve uma sacada genial que poderia ter sido expandida no governo Raquel.
Ele aproveitava o espaço do Cais do Sertão, poucos dias antes da abertura oficial do carnaval, para receber grupos culturais do interior do estado. Foi assim que o Brasil inteiro fico sabendo da existência dos sertanejos Zé Pereira e Vitalina, dois bonecos gigantes mais antigos do que os de Olinda, e que são amados no Sertão. Foi a primeira vez que a dupla deixou a Caatinga para movimentar a Capital. O “casal” teve uma presença apoteótica no Cais do Sertão, onde chegou de barco, sendo recepcionado por orquestras de frevo variados grupos culturais. A maior parte de fora do Recife. A partir daí, os grupos do interior se apresentavam: Papangus (Bezerros), Tabaqueiros (Afogados de Ingazeira), Caretas (Triunfo), Caiporas (Pesqueira) e outros. Uma confraternização linda, sem disputas (afinal, tanto o governador quanto o Prefeito eram do PSB). Lembro-me bem da expressão surpresa de foliões pernambucanos, diante da riqueza cultural no estado.
Vi muita gente, daqui de Pernambuco mesmo, indagando extasiada: “o que é isso, nunca vi, que beleza?”, entre surpresa com espetáculo da festa, que só enriqueceu o carnaval do Recife. Vamos agora, como é que os palcos – quase vizinhos – se comportam….
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Genival Paparazzi) / G.F.V Paparazzi / ZAP (81)995218132)/ gfvpaparazzi@gmail.com
Pois é, o Carnaval dividido entre dois “palcos políticos” …
Achei lamentável a decisão da governadora ,até deselegante.
Como você bem falou,Letícia, ela poderia usar outros meios para divulgar e oferecer várias atrações carnavalescas do interior do estado .
Há espaço, legítimo, para ambos.
Mas, também,é preciso respeito .
Alguém me responde diante dessa Briga de Pastoril às Avessas, quem será a Diana de cada Palco ? Já que é pra aumentar os número de Homenageados diante da “porfia” sugiro que se façam Homenagem aos Grandes Carnavalescos, Artistas e Músicos de nosso Verdadeiro Carnaval como Lourival Santa Clara, Lídio Macacão, Jornalista e Pesquisador Paulo Viana, o Verdadeiro Criador da Noite dos Tambores Silenciosos, Augusto Bandeira, Fundador do Bloco Batutas de São José, Álvaro Alvim, Compositor do Frevo de Bloco Não deixem o Batutas Morrer, Edite Gomes da Silva a Edite do Batutas, falecida com 101 anos em junho de 2022, claro esquecida pelos “intelectuais de beira de gabinete de prefeitinhos”, A Rainha do Cordão de Batutas de São José, João Santiago, Compositor do Hino de Batutas de São José e Gênio Musical Refinado, e por aí vai… saudades de muito do verdadeiro Carnaval Pernambucano sem contendas e vexames culturais e políticos…e financeiros.. e de um Recife abandonado…..
EDITE NO CORDÃO
João Santiago
Eu vou cair na Folia
Preciso me divertir
Quero fazer evolução com Edite no Cordão
Para ser Campeão …….
RELEMBRANDO O PASSADO
João Santiago
Vou relembrar o passado
Do meu Carnaval de fervor
Neste Recife afamado
De Blocos forjados
De cor e esplendor
Na Rua da Imperatriz
Eu era muito feliz
Vendo o Bloco desfilar
Escuta Apolônio o que eu vou relembrar
Os Camponeses, Camelo e Pavão
Bobos em Folia do Sebastião
Também Flor da Lira com seus violões
Impressionava com suas canções
Discordo, não vejo o palco montado pelo Governo do Estado como disputa ou ponto negativo. Penso que prefeitura e Estado tem direito de ter seu palco e contratar seus artistas preferidos. No caso, prefiro o palco do estado que será exclusivo dos artistas que têm tudo a ver com o nosso carnaval. Quem quiser ver os Pablos Bitar da vida vá para o palco da prefeitura, simples assim. Democracia! O público merece ter opções.
Letícia, perfeita a sua colocação! Os governantes, independente de suas correntes políticas ou partidos, tem que entender que o Carnaval é uma festa do povo e para o povo e que melhor seria se eles se resolvessem. Neste caso, como você, entendo que o governo do estado tem que ter a inteligência de apostar em soluções que agreguem na festa. Parabéns mais uma vez!