Se não cuidar, o Rio Tejipió vai virar mar. Missão holandesa estuda soluções para alagamentos

Será que agora vai? Basta uma chuvinha, para que as populações residentes nas proximidades do Rio Tejipió tenham suas casas inundadas, problema agravado por calhas comprimidas, aterros, ocupações irregulares, erosões e falta de drenagem. Por esse motivo, a Bacia do Tejipió vem sendo o alvo do Hackathon Recife, missão promovida pelo programa ProMorar, que visa encontrar soluções definitivas para os constantes transbordamentos na Bacia do Tejipió. O grupo aproveitou o feriado para visitar comunidades e vias que são prejudicadas com os transbordamentos no período das chuvas e que deverão receber intervenções da Prefeitura para mitigar os transtornos. O roteiro incluiu uma passagem na Avenida Recife e em áreas como Dancing Days, Imbiribeira, Areias, Jardim Uchoa, Curado, Ipsep e a ponte Motocolombó.

Como se não bastassem todos aqueles problemas enfrentados pelo Tejipió, o rio ainda enfrenta descarga exagerada de dejetos domésticos. Como o Capibaribe e o Beberibe, além de todos os canais, o Tejipió é um esgoto a céu aberto. Quando alaga, leva risco de doenças às comunidades de bairros próximos. O Tejipió passa pelos bairros do Coqueiral, Tejipió, Totó, Barro, Areias, Caçote, Ibura, Imbiribeira e Vila do Ipsep (no Recife). Ainda atinge Cavaleiro (Jaboatão dos Guararapes) e Curado (bairro que tem uma parte no Recife e outra em Jaboatão). “Nesse momento, com as mudanças climáticas, os problemas serão cada vez maiores. Portanto, estamos juntos com a Prefeitura para discutir as medidas robustas. O processo é complexo e é por isso que estamos com os especialistas para analisar a situação da cidade”, explicou Ben Lamoree, líder da missão holandesa no Hackathon Recife. Pelas semelhanças com Amsterdã – cidade cortada por canais, por sinal muito bem administrados – equipes holandesas sempre vêm ao Recife, em busca de soluções para a cidade, cuja situação de rios e canais é de calamidade.

“Já estamos trabalhando nas soluções. Essa maratona do Hackathon vai contribuir para o plano de intervenções da bacia do rio, junto com os resultados dos estudos contratados. Todas as variáveis estão sendo analisadas, como a engenharia e as partes econômica, social e ambiental. Nós vimos que existem soluções combinadas que vão impactar de maneira positiva a vida das pessoas”, diz João Charamba, chefe do gabinete do ProMorar. O programa foi criado pela Prefeitura do Recife após as chuvas que castigaram a cidade em 2022. São três componentes que integram o ProMorar: obras de encostas; obras de urbanização integrada e macrodrenagem da bacia do rio Tejipió. Até o momento, estão sendo realizadas 76 encostas em vários morros da cidade.

Também está sendo aplicada a metodologia participativa em cinco comunidades de interesse social para que sejam elaborados projetos de urbanização dentro da expectativa dos moradores. Já em relação à macrodrenagem, o Hackathon e os estudos da bacia do rio irão apontar as soluções para os alagamentos. O ProMorar deve beneficiar 40 comunidades de interesse social da cidade, com investimentos na ordem de R$ 2 bilhões, fruto de uma operação de crédito celebrada junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O Hackathon segue até sexta-feira (17). Na agenda para os próximos dias, os especialistas holandeses e brasileiros, junto com os técnicos da Prefeitura, irão se debruçar nas iniciativas que podem resolver os alagamentos da cidade.

Sei não… Eu, como pernambucana, teria vergonha de mostrara situação triste de nossos rios poluídos a visitantes estrangeiros, em um Recife onde o saneamento é sempre relegado a segundo plano.  Não só o Tejipió, como o Capibaribe, o Beberibe e os mais de cem canais que cortam a cidade e que, um dia, foram riachos cristalinos. É triste. Enquanto na Holanda tem gente que vai ao trabalho a nado, no Recife nossos rios não recomendam nem molhar o pé.

Leia, abaixo, mas informações sobre nossos cursos d´água, tão mal cuidados.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Brenda Alcântara/ProMorar Recife