Parem de derrubar árvores (na Ilha de Itamaracá). Degola geral em área pública revolta moradores

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Antes paradisíaca, muito frequentada por veranistas e por comunidades alternativas entre as décadas de 1960 e 1970, a Ilha de Itamaracá infelizmente não é mais a mesma, o que é uma pena. Principalmente quando a gente compara com outras ilhas turísticas, como é o caso de Itaparica e Morro de São Paulo, na Bahia. Como se sabe, Itamaracá não é um lugar qualquer. Pois em 1534 já funcionava como capitania hereditária, sendo depois ocupada por engenhos, dos quais só restam resquícios. Foi invadida em 1631 pelos holandeses, e ganhou um forte para se defender, o de Orange. Chegou a ser visitada por Dom Pedro II, em 1859. Entre as suas pérolas históricas, está Vila Velha, hoje quase em ruínas.

Quem vai atualmente a Itamaracá – localizada a  40 quilômetros do Recife (e que é ligada ao Continente pela Ponte Getúlio Vargas) – estranha o lixo acumulado nas ruas e nas praias, queixa-se da poluição sonora na areia e nos condomínios e até mesmo da desorganização urbana. Para completar, os frequentadores também reclamam da falta de cuidado com o meio ambiente. Nesta semana, chegou ao #OxeRecife a reclamação da derrubada de cerca de cem árvores em crescimento, em área pública à beira-mar, na praia de São Paulo, que fica próxima a Orange. Eram, em sua maioria, castanholas, que são muito comuns em todo o Nordeste, não só no litoral, quanto no Semi-Árido.

Ilha de Itaparica (BA), arborizada com flamboyants à beira mar: árvores nativas de Madagascar (África). Porém..intactas!

Veranistas da praia de São Paulo, naquela Ilha, queixam-se da destruição, pois a área havia se transformado em uma espécie de oásis para banhistas e moradores de Itamaracá. De acordo com as acusações, as árvores foram degoladas para não obstruir a visão para o mar, de uma casa em construção. “Chorei todas as lágrimas, ao ver tudo no chão”, reclama Glória Della Nora moradora da Ilha, que costumava cuidar do jardim regando as plantas e fazendo a limpeza dos coqueiros. “Passei a véspera do Natal chorando”, diz, ao comentar a devastação. O Secretário de Meio Ambiente de Itamaracá, Eduardo Galvão, confirmou ao #OxeRecife que a degola foi autorizada pela Prefeitura. “Não há crime algum, até porque as castanholas não são plantas nativas”, justificou.

É verdade que a castanhola, também chamada de amendoeira-da-praia, é originária da Índia, mas tem grande presença na nossa zona costeira, onde se adaptou ao clima e ao solo. Portanto, já está integrada à nossa paisagem. Mas a permanecer o raciocínio do Secretário, os coqueiros (tão presentes no nosso Litoral) também poderiam ser guilhotinados, pois vieram do Sudeste Asiático, assim como as mangueiras que viraram lenda que alimenta o imaginário popular não só de Itamaracá, como no resto do estado. “O morador teria cometido crime ambiental se tivesse mexido em plantas rasteiras, protegidas em lei como as restingas e a salsa”, afirma. Ele disse, ainda, que o responsável pelo uso da motosserra insana e pelo arboricídio fará a “compensação” do que foi retirado. Mas não deu números nem de perdas nem da reposição. Em tempo: a Ilha de Itamaracá possui uma sementeira pública, para cultivo de árvores nativas. De acordo com a Prefeitura, o município ganha 30 mudas plantadas por mês, o que dá uma muda por dia. Os índices de sobrevivência não foram fornecidos.

Resta saber quantas árvores são derrubadas ao mesmo tempo, para implantação de condomínios, casas, hotéis, lojas. Aí sim… pode-se averiguar se há equilíbrio entre o que sai e o que entra! Aqui no #OxeRecife nunca vamos parar com a campanha #paremdederrubarárvores. Abaixo, você confere outras informações sobre Itamaracá e perdas de árvores em várias outras cidades do Brasil. No vídeo, moradora conta que passou a véspera de Natal chorando, diante da devastação.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos do leitor e Letícia Lins / Acervo #OxeRecife

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